Morreu, aos 91 anos, Brigitte Bardot, ícone do cinema francês, avança o Le Figaro. Em outubro tinha sido internada num hospital francês. A notícia foi confirmada pela Fundação Brigitte Bardot, criada pela atriz para a proteção animal. Em comunicado enviado à AFP, a Fundação anuncia “com uma imensa tristeza, a morte da sua fundadora e presidente, Senhora Brigitte Bardot, atriz e cantora reconhecida mundialmente, que escolheu abandonar a sua carreira prestigiante para dedicar a sua vida e a sua energia aos animais e à sua Fundação”. Ícone do cinema nos anos 1950 e 1960 e símbolo da emancipação feminina e da libertação sexual, Bardot é o rosto de filmes como The Girl in the Bikini (1952) e E Deus Criou a Mulher (1956).
Ainda jovem, estudou ballet por três anos, no conservatório parisiense, mas foi no cinema que se consagrou. A estreia deu-se em 1952 no filme Le Trou Normand. Um dos seus mais famosos filmes, E Deus Criou a Mulher, foi realizado por Roger Vadim — o primeiro dos quatro homens com quem esteve casada.
O cinema esteve no centro da sua vida, mas tem carreira também na música. Fez 50 filmes e 80 discos.
Há várias décadas que Bardot vivia isolada da vida pública em Saint-Tropez, onde residia. Afastou-se dos ecrãs no início dos anos 1970, por força da pressão mediática — retratada no filme Vida Privada (1962), de Louis Malle. Dedicou-se à defesa dos direitos dos animais, criando uma fundação. “BB”, como ficou conhecida, tomou a decisão de sair dos holofotes antes de completar 40 anos. No entanto, nunca desapareceu por completo do espaço público. Entre os episódios que a colocaram na imprensa estão a simpatia demonstrada pela líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, ou as cinco condenações em tribunal por incitamento ao ódio racial.
Em outubro foi noticiado o seu internamento num hospital privado em Toulon, no sul de França, onde terá sido submetida a uma intervenção cirúrgica relacionada com uma “doença grave”, cuja natureza não foi especificada.
Emmanuel Macron, numa mensagem na rede X, evoca os filmes, a voz, a fama “deslumbrante”, as “suas iniciais, as suas tristezas, a sua generosa paixão pelos animais, o seu rosto que se tornou Marianne”. Diz que “Brigitte Bardot personificava uma vida de liberdade. Uma existência francesa, um brilho universal. Ela tocou-nos”, escreve, lamentando a perda “de uma lenda do século”.
https://twitter.com/EmmanuelMacron/status/2005225451707617285
Marine Le Pen, que Bardot admitiu simpatia, declara, na rede X, a perda imensa de uma “mulher excecional, pelo seu talento, a sua coragem, a sua franqueza e a sua beleza. Uma mulher que escolheu terminar uma carreira incrível para se dedicar aos animais”. E termina a mensagem falando de Bardot como uma francesa inacreditável: “livre, indomável, intransigente. Sentiremos muito a sua falta”.
https://twitter.com/MLP_officiel/status/2005228369315516697
Jordan Bardella, líder do União Nacional, também declarou o seu lamento pela morte de Bardot. “O povo francês perdeu hoje a sua Marianne”. Nos anos de 1960, Brigitte Bardot foi escolhida para ser o rosto oficial de Marianne, o emblema francês da liberdade.
“Foi uma mulher de coração, de convicção e de caráter”, escreveu.
https://twitter.com/J_Bardella/status/2005220114958897175
Já o ator francês, e amigo de Bardot, Pierre Arditi diz que “as pessoas que amamos nunca morrem”. Declara-a a “mulher mais bonita do mundo”.
De Itália chega já a reação de Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro da extrema direita. “Boa viagem Brigitte”, é como começa a mensagem na rede X, na qual evoca uma “estrela intemporal”, mas “acima de tudo uma mulher de espírito livre e inconformista, protagonista de batalhas corajosas em defesa de nossas tradições”.
https://twitter.com/matteosalvinimi/status/2005217794770751700