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(A) :: Israel é dos primeiros países a reconhecer a região separatista da Somalilândia. Somália fala em “ataque deliberado” à sua soberania

Israel é dos primeiros países a reconhecer a região separatista da Somalilândia. Somália fala em “ataque deliberado” à sua soberania

Netanyahu afirma que reconhecimento se enquadra "no espírito dos Acordos de Abraão". Países árabes preocupados com aumento das tensões políticas na região.

Miguel Pereira Santos
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Joana Moreira
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Israel anunciou na sexta-feira o reconhecimento do Estado da Somalilândia, uma região separatista da Somália, o que gerou condenações de países como Somália, Arábia Saudita, Egito, Turquia e Djibouti.

“Esta declaração está em consonância com o espírito dos Acordos de Abraão assinados por iniciativa do presidente Trump”, afirmou o gabinete de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, acrescentando que Israel “planeia expandir imediatamente a cooperação nas áreas da agricultura, saúde, tecnologia e economia”.

“Ao longo do último ano, com base num diálogo extenso e contínuo, as relações entre Israel e a Somalilândia tomaram forma”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Sa’ar, na rede social X. Os acordos, assinados em 2020 após mediação da primeira Administração de Trump, levaram Israel a formalizar relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão.

https://twitter.com/gidonsaar/status/2004549275817013353

A Somalilândia é um Estado autoproclamado em 1991 que faz parte do território da Somália, na zona de fronteira com o Djibuti e a Etiópia. Este reconhecimento por Israel agravou as tensões regionais, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Somália a acusar Israel de um “ataque deliberado” à sua soberania. “Ações ilegítimas dessa natureza prejudicam gravemente a paz e a estabilidade regional, exacerbando as tensões políticas e de segurança», afirmou, citado no Times of Israel.

Já este sábado, numa entrevista à Aljazeera, Ali Omar voltou a insistir: “Nunca será aceitável ou tolerável para o nosso governo e povo, que estão unidos na defesa da nossa integridade territorial”. O ministro da Somália garante que o governo vai recorrer a todos os meios diplomáticos disponíveis para contestar o que descreveu como um ato de “agressão estatal” e interferência israelita nos assuntos internos do país. “O nosso governo recomenda veementemente ao Estado de Israel que rescinda as suas ações divisórias e cumpra o direito internacional”, sublinha.

Omar acusa Israel de procurar o reconhecimento da Somalilândia para deslocar os palestinianos de Gaza. “Um dos fatores motivadores é o deslocamento dos palestinianos de Gaza”, disse à Al Jazeera. “É amplamente conhecido o objetivo de Israel nessa questão.”

Arábia Saudita, Egito, Turquia e Djibouti condenam o reconhecimento da Somalilândia por Israel

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egito, Turquia e Djibouti também condenaram o reconhecimento do Estado da Somalilândia por Israel. “Os ministros afirmaram a sua total rejeição e condenação do reconhecimento de Israel da região da Somalilândia, salientando o seu total apoio à unidade, soberania e integridade territorial da Somália”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito em comunicado citado no Times of Israel.

A Arábia Saudita também descreveu esta decisão como uma medida separatista unilateral que infringe o direito internacional e reafirmou o seu apoio à soberania da Somália.