Sábado, 27 de dezembro de 2025, voltou a ser dia de Diogo Jota. Quase meio ano depois do fatídico acidente que assolou o internacional português e o irmão André Silva, o futebol voltou a ser posto de parte no jogo que encerrou o dia na 18.ª jornada da Premier League. Afinal, estavam frente a frente Wolverhampton e Liverpool, os clubes que Jota representou em Inglaterra, numa caminhada que começou em 2017, por empréstimo do Atl. Madrid. Já como jogador dos wolves, que pagaram 14 milhões de euros aos colchoneros pelo seu passe, o então camisola 18 destacou-se e chegou ao Liverpool com 44 golos e 15 assistências em 131 jogos, a troco de 45 milhões. Nos reds, Diogo Jota viveu cinco temporadas de altos e baixos, que culminaram na conquista do Campeonato na época passada, bem como na Taça de Inglaterra de 2021/22 e nas Taças da Liga de 2021/22 e 2023/24. Para a história ficou um registo de 182 jogos, com 65 golos e 22 assistência, e um 20 que perdurará na eternidade.
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“Essa capacidade de nos mantermos unidos tem sido uma das nossas qualidades mais importantes ao longo de um ano que nos trouxe alguns dos nossos melhores momentos e alguns dos nossos piores momentos. Refletir sobre tudo o que aconteceu nos últimos 12 meses desperta uma montanha-russa de emoções, mas é normal, nesta época do ano, olhar para trás e recordar tudo o que aconteceu. Isso leva-me a pensar especialmente na família de Diogo Jota, que passa o primeiro Natal sem ele. Não me cabe a mim dizer-lhes onde devem procurar conforto — se é que isso é possível —, mas só posso esperar que o sentimento de amor e carinho que o Diogo ainda gera lhes traga algum consolo. A sensação de perda será particularmente forte no sábado, é claro, pois será a primeira vez que as duas equipas inglesas de Diogo se encontrarão desde a sua trágica morte. Tal como nós, o Wolverhampton ficou claramente muito afetado pela perda de um jogador e de uma pessoa tão especial, por isso os meus pensamentos continuam também com eles”, refletiu Arne Slot na conferência de imprensa de antevisão ao jogo.
Depois das homenagens que aconteceram nos primeiros jogos da temporada em Anfield e no Molineux, e que contaram com a presença da família de Diogo Jota e André Silva, esta sexta-feira o Wolverhampton aproveitou a viagem a Liverpool para voltar a homenagear o seu antigo jogador. No mural instalado nas imediações do estádio dos reds, Nathan Shi, presidente executivo do clube, o treinador Rob Edwards e o guarda-redes José Sá depositaram uma coroa de flores, na qual constava a seguinte mensagem, escrita em português: “Meu irmão, fazes-nos muita falta. Espera por mim e já já estamos juntos. Saudades”. Para além do trio, Rui Pedro Silva, treinador adjunto, e o capitão Matt Doherty marcaram presença. “Um jogador de futebol mágico que será sempre lembrado”, escreveu o clube no seu site oficial, deixando ainda a mensagem: “Sempre nos nossos pensamentos e nas memórias. A família dos lobos”.
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“O Diogo significava muito para mim, para a equipa e para o clube. Acho que isso é bastante óbvio, antes de mais, como pessoa. Ele era uma pessoa incrível. Pela forma como era e como se comportava, nem parecia que era português. Os rapazes diziam que ele era mais escocês: McJota! Era trabalhador, colocava sempre a equipa em primeiro lugar e dava 100% jogasse ou não. Disse-lhe muitas vezes que ele conseguia passar pelos adversários como o Luis Suárez. O Diogo era sempre aquele que puxava pelos outros, que estabelecia o padrão, que queria ouvir. Como pessoa, dentro do grupo, era uma figura muito importante. Notícia da morte? Tinha acabado de aterrar no Reino Unido depois de umas férias em família quando recebi a chamada. É algo que nunca vou esquecer, infelizmente. Foi muito, muito difícil, muito difícil de digerir. Foi um choque para o mundo inteiro”, partilhou o capitão Virgil van Dijk.
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Antes do primeiro jogo oficial entre Liverpool e Wolverhampton depois da morte de Jota, os filhos do jogador Dinis e Duarte subiram ao relvado de Anfield acompanhados pela mascote da equipa da casa e envergando uma camisola com os seus nomes e o número 20 que pertencia ao pai, num gesto de homenagem carregado de emoção nas bancadas, que voltaram a apresentar tarjas alusivas ao “our lad from Portugal” (“nosso rapaz de Portugal”, em português). Na tribuna esteve ainda a esposa Rute Cardoso, que antes do pontapé de saída marcou presença junto ao relvado, e Mafalda, a outra filha do casal.
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Dentro das quatro linhas, José Sá foi titular na baliza visitante e viu Hugo Ekitiké desferiu um remate colocado ao seu poste esquerdo nos instantes iniciais (11′). Ao minuto 20, Anfield assistiu a nova tributo de homenagem a Diogo Jota, com a música dedicada ao português a ser entoada nas bancadas, que exibiram diversos cachecóis de Portugal. O Liverpool abriu o ketchup na reta final do primeiro tempo, com Jeremie Frimpong a romper pela direita e a cruzar atrasado para o remate colocado, de primeira, de Ryan Gravenberch para o primeiro golo, que foi dedicado a Jota (41′). No lance seguinte, Ekitiké trabalhou bem à entrada da área e isolou Florian Wirtz que, perante a saída de Sá, atirou a contar e estreou-se a marcar com a camisola do Liverpool (42′).
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No início da etapa complementar, o Wolverhampton relançou o jogo num canto, com André a levantar para o cabeceamento de Tolu Arokodare para defesa de Alisson Becker e, na recarga, Hugo Bueno encostar para o 2-1 (51′). Na parte final, os wolves partiram em busca do empate e encostaram o Liverpool ao seu terço defensivo, com Conor Bradley a evitar o golo de Jhon Arias com um importante corte (87′). Com esta vitória que teve tanto de suada como de importante (2-1), o Liverpool subiu provisoriamente ao quarto lugar, com 32 pontos. Em sentido inverso, o Wolverhampton quebrou o recorde de pior início de sempre de uma equipa na história da Premier League, chegando à última jornada da primeira volta com apenas dois pontos.
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