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Camboja e Tailândia assinam cessar-fogo no conflito fronteiriço

Os dois países estão há muito em desacordo sobre o traçado da fronteira de 820 quilómetros que os divide, decidida durante o período colonial francês.

Agência Lusa
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O Camboja e a Tailândia assinaram um “cessar-fogo imediato” no conflito fronteiriço, que causou, pelo menos, 47 mortos e quase um milhão de deslocados em três semanas, de acordo com uma declaração conjunta.

“As duas partes concordam com um cessar-fogo imediato a partir da assinatura desta declaração conjunta, com efeito às 12h00 (hora local, 5h00 TMG) do dia 27 de dezembro de 2025”, indica o documento, assinado pelos ministros da Defesa dos dois vizinhos do Sudeste Asiático, citada pela AFP.

“Ambas as partes concordam em permitir que os civis residentes nas zonas fronteiriças afetadas regressem às suas casas, o mais rapidamente possível, sem obstruções e em segurança e dignidade”, acrescenta a declaração conjunta.

O texto menciona ainda o congelamento das posições militares, a remoção de minas nas zonas fronteiriças, a cooperação policial para combater a cibercriminalidade e a libertação por Banguecoque de 18 soldados cambojanos após 72 horas de cessar-fogo efetivo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) espera que o cessar-fogo abra caminho para o reforço da confiança e da paz entre os dois países. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, “saúda o cessar-fogo entre a Tailândia e o Camboja e espera que abra caminho para o reforço da confiança e da paz. As comunidades afetadas e os migrantes devem receber toda a assistência necessária para voltar a casa em segurança, refere o seu gabinete, citado pela Agência France Press.

De acordo com os últimos balanços oficiais respetivos, 47 pessoas foram mortas no total nas últimas três semanas: 26 do lado tailandês e 21 do lado cambojano.

Os dois países estão há muito em desacordo sobre o traçado da fronteira de 820 quilómetros que os divide, decidida durante o período colonial francês.

Os dois países deram início na quarta-feira a um ciclo de negociações com duração prevista de quatro dias, que foi concluído neste sábado. As negociações decorreram num posto fronteiriço da província tailandesa de Chanthaburi, depois de o Camboja ter inicialmente exigido um “local neutro”.

O primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, revelou na sexta-feira que manteve uma conversa telefónica com o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, na qual discutiram formas de garantir um cessar-fogo ao longo da fronteira.