Já faz parte da tradição. O primeiro dia de janeiro traz, habitualmente, mensagens de ano novo, resoluções e aumentos de preços. Dois mil e vinte seis não será exceção à regra. Transportes (bilhetes mas não os passes), rendas e alimentação são algumas das categorias que vão pesar ainda mais no bolso das famílias. Mas nem tudo são más notícias. A prestação da casa não deverá sofrer grandes oscilações e até pode descer ligeiramente. Nas rendas, vai aumentar o valor da dedução máxima em IRS. Nos combustíveis, ainda vai ser necessário fazer contas.
Nos rendimentos, está assegurado o aumento do salário mínimo em 50 euros, para 920 euros, com o acordo de valorização salarial a determinar um aumento de 4,6% do salário médio (que é usado para alguns apoios). E para os trabalhadores da Função Pública o novo ano traz valorizações salariais de 56,58 euros, com um mínimo de 2,15%, e mais 15 cêntimos por dia no valor do subsídio de refeição, que passa para 6,15 euros. O que arrasta as isenções em sede de IRS neste pagamento e, com isso, pode resultar em aumentos dos subsídios de refeição nos privados (ainda mais se for pago em cartão). As pensões mais baixas, até 1.074,26 euros, aumentam de acordo com a lei, o que significa que o valor sobe 2,8% no início de 2026. E os beneficiários do Complemento Solidário para Idosos (CSI) verão o valor de referência reforçado em 40 euros, passando de 630 euros para 670 euros.
Crédito. Prestações devem continuar estabilizadas ou descer ligeiramente
Não há uma previsão absolutamente unânime sobre a forma como irão evoluir as taxas Euribor em 2026, mas a generalidade dos analistas antecipa que os indexantes devem manter-se relativamente estáveis ou, então, baixar ligeiramente.
Uma sondagem feita pela Reuters junto de economistas revelou que há um grande número que espera que o Banco Central Europeu (BCE) mantenha as taxas de referência sem mudanças significativas ao longo de 2026, o que tem uma grande influência sobre a forma como evoluem as Euribor, que são taxas de mercado (calculadas a partir do custo a que os principais bancos europeus emprestam dinheiro uns aos outros) mas tendem a seguir de perto a taxa definida pelo banco central.
Há poucos dias, o BCE voltou a manter a taxa de juro inalterada nos 2%, nível onde permanece desde junho. E os analistas, embora admitam alguma incerteza, tendem a apontar para uma estabilização das taxas de mercado, tendo em conta que a velocidade de subida dos preços no consumidor (a inflação) parece estar controlada.
Por outro lado, a comprovar-se que nos EUA a tendência será para que a Reserva Federal faça vários cortes dos juros ao longo de 2026, isso poderá contribuir para que também na zona euro possa seguir-se no mesmo sentido, mesmo que com descidas menos pronunciadas.
“O cenário mais provável para 2026 aponta para a estabilização da Euribor (prazos curtos como 3, 6 e 12 meses) em torno de 2,0% a 2,2% ou uma ligeira descida, desde que a inflação continue a moderar”, afirmam os analistas do Bankinter. Porém, os especialistas não excluem “a possibilidade de [haver] choques externos” na área dos preços da energia, da evolução dos salários ou da fluidez das cadeias de abastecimento mundiais. Caso se verifiquem esses “choques”, eles podem causar “uma pequena elevação” das taxas de juro.
Rendas vão subir mais no próximo ano, mas vai poder deduzir 900 euros no IRS
Nos contratos de arrendamento que são atualizados anualmente à taxa calculada pelo INE, que são a maioria, o organismo estatístico indicou em setembro que o coeficiente de atualização em 2026 será de 1,0224 – o que corresponde a um aumento máximo de 2,24% sobre o valor atual da renda.
Ou seja, se uma renda for, por exemplo, de 800 euros, se o senhorio quiser ela pode subir para 817,92 euros. Se a renda for de 1.200 euros, ela poderá subir para 1.226,88 euros. Outra forma de calcular é dizer que por cada 100 euros de renda o senhorio pode cobrar mais 2,24 euros.
O coeficiente é calculado, nos termos da lei, a partir da variação do índice de preços no consumidor, excluindo habitação, correspondente aos últimos 12 meses, com base nos dados disponíveis a 31 de agosto de cada ano.
O valor numérico do aumento máximo em 2026 é ligeiramente superior ao do ano anterior, em que as rendas foram atualizadas de acordo com um coeficiente ligeiramente inferior: 1,0216. Porém, não é um aumento tão elevado quanto houve em 2024, quando o coeficiente foi definido em 1,0694.

Para que a atualização da renda seja aplicada, o senhorio deve comunicá-lo, por escrito, em carta registada com aviso de receção (ou carta entregue em mão, com assinatura do inquilino a confirmar a receção), com uma antecedência mínima de 30 dias antes da data de pagamento da nova renda. Caso o senhorio não comunique a atualização anual da renda em tempo útil, poderá fazê-lo mais tarde, mas apenas com efeitos para o futuro.
Um detalhe importante para algumas pessoas: a atualização da renda só pode ser exigida, no mínimo, um ano após a data de início do contrato de arrendamento ou da última atualização.
A boa notícia para quem vive em casa arrendada, porém, é que vai aumentar o valor da dedução máxima das rendas em IRS – se em 2025 pôde deduzir até 15% da despesa com rendas até ao limite de 700 euros (com efeitos na declaração que entrega em 2026), esse valor, para já, subirá até aos 750 euros em 2026. No entanto, o Governo espera conseguir fazer decidiu aumentar esse valor para 900 euros em 2026 (e 1.000 euros em 2027), de acordo com a proposta que ainda será discutida no Parlamento.
Comissões podem atenuar descida dos resultados dos bancos
Os bancos portugueses aumentaram expressivamente a cobrança de comissões nos últimos anos – seja por agravamento dos preçários seja porque os clientes estão a usar mais serviços prestados pelos bancos (ou, como dizem os banqueiros, “maior transacionalidade” por parte dos clientes).
Os cinco maiores bancos encaixaram quase dois mil milhões de euros em comissões só entre janeiro e final de setembro, cerca de 5% mais do que em 2024 e mais 20% do que no período pré-pandemia.
Os bancos tiveram lucros históricos nos últimos anos, à conta não só das comissões mas, também, do aumento das taxas de juro (que chegaram a superar os 4%). Em 2024 os cinco maiores bancos tiveram quase cinco mil milhões de euros em lucros, com rentabilidades dos capitais próprios que superaram, em vários casos, os 20%.
Mas as taxas de juro baixaram e a expectativa é que continuem estáveis na região dos 2%. E, por isso, a tendência é para uma descida dos lucros dos bancos – uma descida que os bancos irão, na medida em que conseguirem, tentar atenuar com as comissões bancárias.
Um sinal disso mesmo foi dado por Paulo Macedo. O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos, depois de vários anos a defender a decisão de congelar os tarifários (o que significa uma descida real, já que não se refletiu a inflação), em novembro já passou uma mensagem diferente: não está previsto um “aumento generalizado de comissões” mas irá haver uma “reflexão, caso a caso”, sobre algumas das comissões cobradas e isenções que são dadas, à luz do que é cobrado e/ou isentado pelos outros bancos.
De resto, outros responsáveis bancários têm evitado falar sobre um eventual agravamento dos preçários, alegando que essa é uma questão de política comercial de cada um. Mas há uma comissão que já se sabe que todos irão passar a cobrar – e por uma decisão que não foi sua mas, sim, do parlamento: os clientes que fizerem amortizações antecipadas de créditos à habitação (com taxa variável) vão voltar a pagar a comissão que esteve suspensa durante três anos e que, regra geral, ascende a 0,5% do valor pago.
Esse é um custo que, além de ser relevante para as pessoas que aplicam alguma poupança na amortização do crédito à habitação, tem uma importância ainda maior quando se fala em casos de troca de casa ou, até, troca de banco. Isto porque qualquer novo contrato de empréstimo, para outra casa ou para mudar para um banco que dê melhores condições, implica sempre uma amortização total do empréstimo original, algo que a partir de 1 de janeiro vai voltar a ser “castigado” com uma comissão até 0,5%. Ainda que o PS já tenha dito que não quer deixar cair esta isenção. Mas para já cai mesmo.
Seguros devem encarecer – na saúde, podem ficar até 10% mais caros
Embora possa ser um efeito gradual, não necessariamente logo a partir do início do ano, tudo indica que nos próximos meses os prémios dos seguros tendem a tornar-se mais caros. No caso dos seguros de saúde, aliás, a subida poderá aproximar-se dos 10% – cinco vezes a inflação prevista para 2026.
O cálculo de que os seguros de saúde em Portugal podem subir até 10% foi feito pela consultora Aon, que assinala que esta é uma tendência global, que também se verifica não só a nível europeu mas, também, nas principais economias mundiais analisadas pela consultora. O aumento dos preços dos serviços de saúde prestados pelo setor privado e a maior utilização dos serviços ajuda a explicar as razões por detrás desta tendência identificada pela Aon.
O tema, aliás, mereceu um comentário por parte do novo presidente da Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Numa entrevista recente ao Jornal de Negócios, Gabriel Bernardino disse que o “preocupa” que os seguros de saúde “possam ficar incomportáveis”. O receio é que, caso os custos dos seguros de saúde comecem a ser demasiado elevados, as seguradoras optem por reduzir benefícios e comparticipações. A este respeito, valerá a pena estar atento ao lançamento, por parte das seguradoras, do chamado “seguro de saúde padrão”, cujas condições foram determinadas pela ASF há poucos meses – uma das principais seguradoras a operar em Portugal já lançou o seu “seguro padrão” e outras devem seguir-se nas próximas semanas.
Relativamente a outros tipos de seguros, como os seguros automóvel e seguros da casa, não existem previsões tão concretas mas a tendência é para que também possam subir, dadas as pressões sobre os custos das reparações, mão de obra e indemnizações. Mas a expectativa é que sejam subidas a um ritmo menor. O Observador contactou a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) mas a associação não quis fazer comentários.
https://observador.pt/2025/06/04/portugueses-vao-ter-seguro-de-saude-padrao-definido-pelo-regulador-asf-com-cobertura-robusta-tambem-doencas-mais-graves/
Da carne ao pão, a alimentação vai ficar mais cara
A evolução do preço do azeite é sempre aguardada com expetativa pelas famílias. Sobretudo depois de dois anos (2023 e 2024) em que os preços dispararam após duas campanhas em que a produção esteve muito abaixo dos níveis médios. Em 2025, segundo a Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal, os preços “baixaram mais de 30% em relação a igual período de 2024”, depois de uma campanha com maior equilíbrio entre oferta e procura. E para 2026 não se prevê, para já, “que os preços do azeite venham a sofrer ajustamentos muito significativos”, avança Mariana Matos, presidente da associação que representa 40 produtores e 85% do azeite de marca embalado em Portugal.
“A evolução dos preços do azeite, no curto prazo, vai depender da confirmação, ou não, das previsões de produção para a presente campanha, da qualidade dos azeites produzidos, mas igualmente da evolução do consumo de azeite nos principais mercados consumidores mundiais, como os países produtores europeus, os Estados Unidos e o Brasil”, acrescenta Mariana Matos.
Em relação à produção, sublinha, “já temos informação que aponta para uma produção menor do que a inicialmente prevista em Espanha, que como se sabe é o maior produtor mundial de azeite”. Em Portugal, “as previsões iniciais têm vindo a ser corrigidas em baixa, pelo que seguramente a confirmação (ou não) destas previsões influenciará a evolução dos preços do azeite, na origem, ao longo do ano de 2026”.
O que vai aumentar de certeza é o preço da carne. “Irá haver um aumento no geral dos produtos cárneos” no próximo ano, diz Graça Mariano, diretora executiva da Apicarnes. A responsável não arrisca os valores dos aumentos, mas explica que a subida dos preços estará ligada a “subidas de vencimentos dos trabalhadores, a subida dos fatores de produção, a falta de animais por circunstâncias sanitárias (doenças que surgiram), bem como a seca de 2023 que ditou menor produção, aumento de consumo de carne e exportação”.
Já no leite e laticínios espera-se “alguma estabilidade”. Ao Observador, fonte da Fenalac (Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite) admite que “existem fatores de pressão com tendência contrária, apontando para um resultado final em torno do equilibro dos preços do leite e dos produtos lácteos no consumidor no princípio de 2026”.
Por um lado, refere a Fenalac, “verifica-se um aumento da oferta de leite e produtos lácteos a nível mundial e uma maior importação de produtos dos EUA em resultado dos novos acordos das tarifas comercias resultando em perdas de competitividades da Industria Láctea na UE, fatores que apontam para uma redução de preços”. Por outro, “os previstos aumentos de preços dos combustíveis e da generalidade dos salários, representam um fator de subida dos preços destes alimentos”, daí que não sejam esperados grandes aumentos.
No pão, é esperado um ano “sem grandes oscilações”, mas ainda assim os consumidores devem contar com um “ligeiro aumento”. Segundo Deborah Barbosa, presidente da Direção da ACIP (Associação do Comércio e da Indústria de Panificação), “os dados preliminares de 2025 confirmam um alinhamento dos preços da padaria e pastelaria de acordo com a evolução da inflação, após vários exercícios marcados por forte volatilidade nos custos e retração do consumo”.
O setor registou no último ano uma “evolução moderada, com crescimento contido mas positivo, sustentado pela normalização dos preços das matérias-primas e por um comportamento do consumidor mais previsível”. E “embora ainda existam muitas pressões ao nível da mão de obra e dos serviços essenciais, 2025 evidencia um ambiente de maior equilíbrio operacional”.

Nesse sentido, para 2026 “as perspetivas da ACIP são cautelosamente otimistas”. Segundo explica a responsável, “a estabilidade nos mercados internacionais da farinha, energia e logística cria condições favoráveis para um ano sem grandes oscilações”. O “ligeiro aumento no preço do pão e da pastelaria que se antecipa” decorre “dos impactos de revisões laborais, do aumento significativo do preço dos ovos e dos frutos secos, aumento do cartão e possível retirada do apoio do estado aos combustíveis”. Deborah Barbosa defende que o setor deve “focar-se na consolidação, eficiência produtiva e reforço da diferenciação – fatores essenciais para assegurar margens sustentáveis e responder às expectativas dos consumidores”.
Bebidas em garrafas e latas vão ter depósito de cêntimos, que pode ser recuperado
Não será bem um aumento, mas um custo extra que os consumidores terão de suportar a partir de 10 de abril, apesar de poder ser reembolsado. Na prática, o Sistema de Depósito e Reembolso vai aumentar o preço das garrafas de plástico e latas de bebidas em alguns cêntimos (o valor final ainda não foi divulgado), mas se as garrafas forem devolvidas nos pontos de recolha, que serão milhares por todo o país, os consumidores poderão recuperar o dinheiro.

Passes mantêm preço em Lisboa e no Porto, mas bilhetes ficam mais caros
Logo no primeiro dia de 2026, andar de transportes vai ser mais caro. Isto para quem precisar de comprar bilhete, uma vez que o preço dos passes, tanto em Lisboa como no Porto, não vai sofrer alterações. Em Lisboa, o Navegante vai manter-se nos 30 euros, por concelho, e nos 40 euros para a totalidade da área metropolitana de Lisboa. No Porto, os valores são os mesmos: 40 euros para o passe metropolitano e 30 euros para o passe municipal ou de três zonas.
Já as tarifas de bordo vão aumentar. Um bilhete no Metro de Lisboa e na Carris aumenta cinco cêntimos, para 1,90 euros. Com a modalidade Zapping o aumento será de seis cêntimos, para 1,72 euros. Optando por pagar diretamente com cartão bancário, pagará 1,92 euros, mais sete cêntimos face aos atuais 1,85 euros. E se nos autocarros da Carris comprar o bilhete diretamente ao motorista pagará 2,30 euros, mais dez cêntimos do que em 2025.
Na CP, todos os serviços terão um aumento médio de 2,26%, segundo informou a empresa. Ir de Lisboa ao Porto de Alfa Pendular em classe turística passa a custar 35,70 euros, face aos atuais 34,60. Na classe conforto o bilhete aumenta de 48,40 euros para 49,90.
Nos comboios suburbanos, uma zona aumenta de 1,45 euros para 1,50 euros. Em praticamente todas as restantes zonas o aumento também será de cinco cêntimos face aos valores atuais. Para quem usa a modalidade zapping o custo sobe para 2,05 cêntimos.
No Porto, e ao contrário deste ano, haverá uma atualização do preço dos bilhetes, “que é automática e tem um pouco a ver com o aumento do custo de vida”, sublinhou Pedro Duarte, presidente da Câmara e da Área Metropolitana do Porto, citado pela Lusa. O aumento, fixado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), será de 2,28%. Mas só vai aplicar-se a partir do título Z3, mantendo-se o preço do Z2 (1,40 euros). A partir do Z3 (que passa de 1,80 para 1,85 euros) o aumento será de cinco cêntimos até ao Z6 e de 10 cêntimos nos restantes.
Tarifário de táxis deve ser atualizado, mas não no início do ano. TVDE não preveem alterações
O tarifário dos táxis deverá ser atualizado em 2026, mas o setor não espera mudanças logo no arranque do ano. Em Portugal, o tarifário de táxi é regulado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), que ouve as diferentes partes do setor. Contactada, a AMT explica que o “projeto de Regulamento Tarifário dos Serviços de Táxis, onde são estabelecidas regras gerais, sem prejuízo de fixação de tarifas específicas por autoridades de transportes locais, esteve em consulta e audiência de vários interessados e interações durante o ano de 2025”.
“O período alargado de consulta destinou-se a garantir uma ampla e transversal participação e um resultado condizente com os interesses em causa e com a melhor informação e dados possíveis”, diz fonte da AMT. “O procedimento encontra-se em finalização, estimando-se que o atual tarifário possa ser atualizado, com base em novas regras, em 2026.” A AMT estima que “as novas regras, prazos e procedimentos” sejam conhecidos “a curto prazo”.
Florêncio Almeida, o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), fala num processo de atualização de preços “em standby”. “Pelo menos no princípio do ano não deverá haver aumentos”, que considera serem “necessários”, explica ao Observador. “Temos de ter meios para pagar os custos”, que relata terem vindo a aumentar nos últimos anos.
De qualquer forma, a haver “um acordo com a AMT” a atualização “não seria implementada já”. “Pelo menos nos próximos três meses não haverá alterações”, explicando que são precisos “no mínimo 90 dias para fazer as alterações” necessárias.
Já no setor dos TVDE, nem a Uber nem a Bolt preveem alterações nas tarifas base praticadas. É a partir destes valores — a distância por quilómetro, tipo de carro ou duração da viagem — que são calculados os preços das viagens. Depois, ainda se junta o factor procura, que transforma as tarifas em dinâmicas, subindo os preços pela quantidade de pessoas no mesmo local. “Neste momento não prevemos alterações nas tarifas”, diz fonte oficial da Uber. A empresa diz ainda que é expectável que o valor de subscrição Uber One “se mantenha o mesmo.” A Uber lançou este modelo de subscrição em Portugal em outubro de 2023 — mensalmente, custa 4,99 euros.
Já a Bolt explica que, “nesta fase, não existem previsões definidas para atualizações das tarifas base em Portugal em 2026”. A plataforma de TVDE explica que “o modelo de preços da Bolt é dinâmico e tem em conta vários fatores, incluindo os custos operacionais das frotas e dos motoristas”. A plataforma acrescenta que, “tal como em 2025, quaisquer ajustes que venham a ocorrer terão como objetivo refletir esses custos e, embora não se possam excluir alguns aumentos, não existem atualmente alterações previstas”.

A empresa indica que aplica “o mesmo princípio” à Bolt Food, o serviço de entrega de refeições. “As taxas e comissões são dinâmicas e podem evoluir em linha com a inflação ou com os custos operacionais, mas, neste momento, não antecipamos alterações significativas em 2026.”
À semelhança da Uber, também a Bolt tem uma subscrição, a Bolt Plus, com benefícios nas entregas e viagens. Lançado há um ano, tem uma subscrição mensal de 4,99 euros. Fonte oficial revela que “não existem planos para atualizar” este valor em 2026.
Combustíveis. Governo vai continuar a eliminar desconto fiscal
Nos combustíveis, o novo ano deverá trazer mais agravamentos do imposto petrolífero, uma vez que o Governo está empenhado em eliminar gradualmente o desconto fiscal aplicado desde o primeiro ano da guerra na Ucrânia. Esse agravamento fiscal vai depender da descida dos preços antes de impostos e a intenção é de que não penalize o preço final. A única coisa garantida, para já, é um agravamento residual da taxa de carbono (menos de um cêntimo por litro, segundo o Ministério das Finanças) que deverá entrar em vigor em janeiro.

Portagens sobem 2,3%, mas em 2026 vai haver mais borlas nas autoestradas
A atualização das taxas de portagens na maioria das autoestradas é fixada em função da inflação homóloga registada no mês de outubro, excluindo a habitação. Mas na fixação tarifária deste ano ainda vigora um mecanismo transitório que foi aplicado em 2023 com a finalidade de conter uma subida acentuada das taxas, em consequência da inflação. Com base nestes dois fatores, chega-se a uma atualização média de 2,3%. O impacto em cada troço de portagem vai depender da aplicação da regra dos arredondamentos.
Nas portagens da ponte 25 de Abril, o mês de setembro é o indicador de referência. À inflação de 2,28% acresce 0,1 pontos percentuais por via da compensação permitida às concessionárias por causa do limite introduzido às portagens em 2022. O total dá 2,4%.
A grande diferença será contudo sentida pelos utilizadores das autoestradas que vão ter troços isentos a partir de 2026 por força da votação de propostas de alteração ao Orçamento do Estado apresentadas pelo PS e viabilizadas pelo Chega. A isenção com mais alcance é a que diz respeito a alguns troços da A2 e da A6 para tráfego locais (particular e empresas residentes no Alentejo) e que deverá ser aplicada no final do primeiro trimestre. O não pagamento vai estender-se em 2026 aos troços da A25 que ainda eram pagos (e que ligam às Scut da Costa da Prata e da Beiras Litoral e Alta, mas neste caso para todo o tráfego. Há outras borlas aprovadas, mas dirigidas aos pesados.
Na circular regional externa do Porto, também conhecida pela CREP da A41, as portagens para pesados vão ser suspensas durante todo o ano para avaliar se esta decisão permite aliviar o congestionamento da VCI. As portagens dos pesados ficam sem efeito em dois troços da A19 e da A8 com o objetivo de retirar este tráfego da área circundante ao mosteiro da Batalha.
Último ano de rede pública de carregamentos, com descida 30,8% nas tarifas de acesso
2026 será um ano de transição para o sistema de carregamento de carros elétricos. A proposta final do regulador aponta para uma descida de 30,8% nas tarifas de acesso aos postos de carregamento da rede pública para os comercializadores. As tarifas a aplicar aos detentores de postos baixam 30,2%. Estas tarifas têm um peso muito reduzido no valor final pago pelos utilizadores (entre 3% a 4%) e vão estar em vigor na rede pública no próximo ano, um sistema que está a perder peso com a mudança para o novo regime. No futuro vai deixar de existir uma gestão centralizada da rede, cujo serviço passa a estar centralizado no operador do ponto de carregamento, aumentando ainda a margem para escolher o fornecedor.
Preço da luz sobe abaixo da inflação, mas pode haver surpresas
A tarifa elétrica do mercado regulado vai ter uma atualização de 1% no início do próximo ano, um valor abaixo da inflação. Mas a decisão final da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) reviu em alta as tarifas de acesso às redes que são pagas por todos os consumidores para aumentar a remuneração das empresas que gerem as redes — a REN e a E-Redes que estão a fazer grandes investimentos. Com esta revisão, as tarifas de acesso aos mais seis milhões de consumidores vão subir 3,5%. É uma subida que será, provavelmente, compensada pela descida dos preços da energia nos mercados, mas a fatura final vai depender das opções comerciais das elétricas que tendem a passar para os clientes as variações das tarifas de acesso.
Antes da decisão final sobre as tarifas elétricas, algumas comercializadoras tinham anunciado reduções na fatura dos seus clientes a partir de janeiro. Galp e EDP anunciaram a intenção de reduzir em 4% o preço da componente de energia, o que iria permitir uma baixa de 1% na fatura final, considerando já que as tarifas de acesso iam subir 3%. Este valor entretanto passou para 3,5%.
Subscrições de streaming sem previsão de mexidas (após aumentos recentes)
O mundo das subscrições multiplicou-se na última década e é cada vez mais raro encontrar quem que não tenha pelo menos um pagamento mensal ativo, do vídeo à música. De forma geral, várias das empresas contactadas disseram não ter informação sobre eventuais subidas em 2026.
No streaming de vídeo, fonte da Netflix diz não ter informação; a HBO Max responde que “não há qualquer previsão” para alterações. A Prime Video, o serviço da Amazon, e a Disney+ também afirmaram não ter informação sobre aumentos planeados.
Muitas destas empresas não fazem alterações de preços quando entra um novo ano. A Netflix, por exemplo, subiu os preços das subscrições em Portugal em 2025, mas só a 21 de janeiro, quando divulgou resultados financeiros. Enquanto nos planos Base e Standard foi sentido um aumento de um euro, no plano Premium a subida foi de dois euros, que passou a custar 17,99 euros.
A Disney+ também mexeu nos preços das mensalidades em 2025, mas em setembro. O plano Standard com anúncios ficou um euro mais caro (6,99 euros), tal como o Standard sem anúncios (10,99 euros). O Premium, que permite ter melhor qualidade de vídeo e até quatro dispositivos em simultâneo, ficou dois euros mais caros (15,99 euros).
No streaming de música, o Spotify não tem previstas atualizações de preços em janeiro. Em resposta ao Observador, a empresa refere que “para continuar a inovar na oferta de produtos e funcionalidades e para dar aos utilizadores a melhor experiência ocasionalmente atualiza os preços”. O Spotify lembra que anunciou uma subida da mensalidade “em agosto passado”, que teve efeitos no bolso dos clientes em setembro.
Fonte da empresa refere que o aumento afetou os “subscritores Premium em vários mercados da Ásia do Sul, Médio Oriente, África, Europa, América Latina e Ásia Pacífico”. Com a atualização, as mensalidades passaram a custar entre 4,99 euros (estudantes) e 16,99 euros (família de seis pessoas).
Outras opções de streaming de música pertencem ao universo da Google (YouTube Music) e da Apple (Apple Music) e não têm, para já, indicações sobre subidas.
https://observador.pt/2025/08/04/spotify-tem-novos-precos-e-desta-vez-portugal-nao-fica-de-fora/
Há também vários portugueses adeptos das subscrições cloud para tentar poupar algum espaço no smartphone. No Android, há a opção do Google One, enquanto na Apple a opção é o serviço iCloud. Contactadas, a Google disse não ter indicações sobre mexidas de preço; a Apple não respondeu ao pedido.
Telemóvel e pacotes de televisão, internet e telefone sobem
Meo, Nos e Vodafone vão atualizar os preços dos seus serviços em 2026, indicando o valor da inflação como fasquia. A Nos e a Vodafone não dizem em qual valor de projeção se baseiam. A Meo explica que para os preços que serão alterados a 2 de fevereiro, as mensalidades de serviços fixos e convergentes, terá em conta o índice de preços que o INE (Instituto Nacional de Estatística) divulgará em janeiro para todo o ano de 2025. Por isso divulgará informação detalhada dos preços a 20 de janeiro. Já no caso dos serviços que mudam já a 1 de janeiro — mensalidades de serviços pós-pagos móveis, cartões de voz móvel, subirão 50 cêntimos (com IVA).
Ao Observador, fonte oficial da Meo acrescenta que a empresa “vai proceder, em 2026, à atualização de preços contratualmente prevista, com exceção dos serviços da marca digital Uzo e da marca para o segmento jovem, Moche”, justificando a atualização com a pretensão de “manter o elevado padrão de qualidade e o nível de investimento na inovação e nas redes móvel e de fibra ótica”.
A Vodafone, ao Observador, informa que procederá à mudança de preços a 9 de janeiro de 2026, atualizando-os “até ao valor máximo da taxa de inflação prevista para 2025 e conforme condições contratuais”, não indicando a que previsão se refere. E diz que os preços atualizados podem ser consultados a partir dessa data no site da empresa que justifica os aumentos com a pretensão de “garantir a sustentabilidade dos nossos serviços e assegurar que os nossos clientes têm acesso à melhor tecnologia e à ligação mais fiável, é necessário ajustar os preços em linha com a taxa de inflação, refletindo o aumento dos custos operacionais e de fornecimento”.
No caso da Nos, que não respondeu ao Observador, a empresa indicou à Lusa que “realizará um ajuste em alguns serviços, alinhado com a taxa de inflação”.
A Digi, quando lançou o serviço em Portugal, garantiu que não iria aplicar a possibilidade contratual de atualizar os preços, anualmente, com base na inflação.
Já agora, se vai viajar analise se não compensa fazer um cartão móvel virtual.
https://observador.pt/especiais/os-cartoes-moveis-virtuais-que-permitem-viajar-sem-sustos-com-a-fatura-das-comunicacoes/
Enviar uma carta vai ser mais caro
Os CTT vão aumentar os preços em 6,2% do correio abrangido pelo serviço universal a partir de dia 2 de fevereiro de 2026. No correio normal, uma carta com peso até 20 gramas terá um aumento de 4 cêntimos, passando o selo a custar 0,73 euros.