2026 promete trazer mais polémica para a vida da realeza europeia. Os escândalos envolvendo o nome de André Mountbatten-Windsor, que fizeram correr muita tinta em 2025, continuam a dar que falar com a previsão de mudança do irmão de Carlos III já em janeiro, enquanto a família real deve ter os próprios contratos de arrendamento escrutinados no Parlamento nos meses seguintes. Já fevereiro abre com o julgamento do filho da princesa Mette-Marit da Noruega, que enfrenta acusações por mais de 30 crimes, incluindo quatro violações, no mesmo ano em que a mãe comemora 25 anos de casada com o príncipe herdeiro, Haakon. É um ano de aniversários especiais também na Suécia, com os 80 anos de Carlos Gustavo e os 50 anos do casamento do Rei com a Rainha Silvia. Há que celebrar ainda os 55 anos da Rainha Máxima, dos Países Baixos, e o centenário de Isabel II, que será assinalado no Reino Unido com uma exposição de moda da Rainha e a inauguração de praças e parques em Londres. Veja a seguir o que o ano de 2026 reserva para a realeza europeia.
André Mountbatten-Windsor muda-se do Royal Lodge
Depois de perder todos os seus títulos reais no final de outubro, André Mountbatten-Windsor deve mudar-se do Royal Lodge nas próximas semanas. De acordo com a BBC, o irmão do Rei já deu o aviso prévio em outubro, quando foi tornado público que iria deixar a residência dentro da propriedade da realeza em Windsor, e por isso legalmente teria mais 10 meses para permanecer na casa. Contudo, espera-se que o filho de Isabel II se mude para Sandringham, em Norfolk, no começo de 2026. À People, uma fonte próxima de Sarah Ferguson disse que a antiga duquesa está à procura de casa na região de Windsor, e que foi solicitado ao ex-casal que deixe a mansão de 30 quartos até o dia 31 de janeiro.

A mudança terá alegadamente sido adiada para até depois da quadra festiva para evitar encontros entre André e a família, que se reúne todos os anos para celebrar o Natal na propriedade do Rei no leste da Inglaterra. A escolha terá sido pelo facto de Sandringham ficar no interior do país e não ter imóveis financiados pelo Estado, o que ajudaria a reduzir as atenções sobre o ex-príncipe. As novas acomodações de André devem ser custeadas pelo Rei, mas ainda não se sabe exatamente onde o irmão de Carlos vai viver. A propriedade privada em Norfolk tem aproximadamente 6.500 hectares de terras agrícolas e 1.400 de floresta, com cerca de 150 residências familiares.
Apesar de André ter direito a uma compensação de mais de 500 mil euros pela rescisão antecipada do contrato de 75 anos de arrendamento, é improvável que receba qualquer valor por deixar o Royal Lodge, de acordo com as informações divulgadas pela Comissão de Contas Públicas. O relatório da Crown Estate diz que a propriedade está tão deteriorada e precisa de tantos reparos que “com toda a probabilidade” o ex-príncipe “não terá direito a qualquer compensação”.
Investigação aos contratos de arrendamento da realeza no Parlamento
Depois de em outubro os detalhes do contrato de arrendamento do Royal Lodge tornarem-se públicos, o presidente da Comissão de Contas Públicas, Sir Geoffrey Clifton-Brown, pediu esclarecimentos à Crown Estate, que administra as propriedades da coroa em nome dos contribuintes, e ao departamento do Tesouro. As respostas, assim como o próprio contrato, foram tornadas públicas pela comissão no início de dezembro, quando informou que em 2026 será aberta uma investigação parlamentar sobre a Crown Estate e os seus contratos de arrendamento com membros da realeza.
Além do Royal Lodge, cujo contrato foi rescindido a 30 de outubro, a Crown Estate tem acordos de arrendamento em outras quatro propriedades: a Thatched House Lodge, residência da princesa Alexandra; o The Cottage, onde vive a filha Marina Ogilvy; a Bangshok Park, casa dos duques de Edimburgo desde 1999 e o Forest Lodge, a nova casa de William e Kate, para onde a família se mudou em novembro.
Os membros do Parlamento poderão analisar os contratos de arrendamento disponibilizados pela Crown Estate, os esclarecimentos apresentados pelo departamento do Tesouro e os relatórios do gabinete nacional de auditoria de 2005 sobre os contratos de arrendamentos de imóveis com a família real e de contas anuais do património da coroa. Como este último só será divulgado em junho de 2026, provavelmente a comissão só deve levar o tema ao parlamento no segundo semestre. Entretanto, Sir Geoffrey Clifton-Brown já confirmou que vai haver uma sessão de depoimentos e que as testemunhas serão convocadas conforme a investigação decorre, sem revelar se pretende chamar membros da família real para fazer esclarecimentos perante os membros do parlamento.
Visita da família real britânica aos EUA
Depois de duas visitas de Estado ao Reino Unido, em que foi recebido pelo Rei Carlos III, Donald Trump deve convidar a família real para participar nas celebrações dos 250 anos da independência dos Estados Unidos da América. À BBC, fontes oficiais da Casa Branca confirmaram que o convite foi feito aos monarcas, contudo ainda não há confirmação se Carlos e Camila vão aceitar e viajar para o país — de acordo com o que fontes oficiais disseram ao Page Six, os Reis são esperados na Casa Branca em abril, mas a viagem só vai acontecer se a saúde de Carlos permitir. Por outro lado, a imprensa norte-americana dá como quase certa a ida de William e Kate para as festas do 4 de julho. Além disso, a People aponta a possibilidade dos príncipes de Gales visitarem os EUA para assistirem às competições do Mundial de Futebol, que decorre em 16 cidades na América do Norte. A última vez que William esteve no país foi em 2023, numa viagem para o Earthshot Prize Innovation Summit, em Nova Iorque. Já a última vez que o príncipe visitou os EUA com a mulher foi em 2022, na gala dos mesmos prémios, realizada em Boston.
Se a ida dos quatro confirmar-se, será a primeira vez que a família real estará no mesmo país que Harry e Meghan desde o funeral da Rainha Isabel II, em 2022. Apesar dos Sussex provavelmente não serem convidados para os eventos oficiais organizados pela administração Trump, especula-se que Carlos III possa querer encontrar os netos, Archie e Lilibet — as crianças não veem o avô desde junho de 2022, quando estiveram pela última vez no Reino Unido para as celebrações do Jubileu de Platina da Rainha. Esta foi também a única vez que o Rei esteve com a neta mais nova.
Contudo, uma participação recente de Harry no programa de humor de Stephen Colbert, em que afirmou que os EUA “elegeram um rei”, poderá ter colocado em risco as chances de reaproximação entre pai e filho, defendem especialistas em realeza ao Daily Mail. Em setembro Carlos e Harry tiveram um encontro de quase uma hora na Clearence House, o que foi visto como um primeiro passo para uma reconciliação, depois do príncipe ter admitido numa entrevista à BBC meses antes que gostaria de voltar a ter uma relação próxima com o pai.
Centenário da Rainha Isabel II
Ainda dentro da realeza britânica, o ano de 2026 marca o centenário da Rainha Isabel II, que nasceu a 21 de abril de 1926. Para assinalar a data, a 10 de abril o Palácio de Buckingham abre as portas da maior exposição de sempre sobre a moda da monarca. Com peças que vão desde o nascimento até a vida adulta, passando tanto pelo período de princesa assim como as décadas como Rainha, dos estilos informais aos banquetes de Estado, são aproximadamente 200 artigos que contam a história de Isabel II, sendo que metade deles nunca esteve exposto antes.

As homenagens incluem ainda a inauguração de um jardim memorial no Regent’s Park, com lago, passeio e bosques com flores com um significado pessoal para a Rainha, como o lírio-do-vale, que fez parte de seu bouquet de coroação e era uma das suas flores favoritas, juntamente com as flores que representam as nações que serviu. Entretanto, o memorial no St James’s Park, a poucos metros do Palácio de Buckingham, reserva um espaço ainda mais grandioso, que terá uma estátua da Rainha Isabel II, uma estátua conjunta da Rainha e do príncipe Philip, além de uma série de jardins temáticos, com um orçamento que ultrapassa os 40 milhões de euros. Espera-se ainda que sejam realizados uma série de eventos culturais em homenagem ao legado de Isabel II.
Celebrações na Suécia, nos Países Baixos e na Noruega
Depois da morte de Isabel II em 2022, e da abdicação de Margarida II da Dinamarca em 2024, Carlos Gustavo da Suécia é atualmente o monarca europeu vivo há mais tempo no trono. Foi coroado aos 27 anos em 1973. E em 2026 vai completar 80 anos, sendo também o segundo Rei europeu mais velho, atrás apenas de Harald V da Noruega, que completa 89 anos em fevereiro. Mas o próximo ano é também especial para a realeza sueca por outro motivo: marca os 50 anos do casamento do Rei com a Rainha Silvia. O enlace decorreu em 1976, quando Carlos Gustavo já era o chefe de Estado da Suécia. A Casa Real ainda não divulgou uma programação para as celebrações, mas deve assinalar as datas especiais: 30 de abril e 19 de junho.
Já nos Países Baixos a comemoração será pelos 55 anos da Rainha Máxima. A mulher do Rei Willem Alexander nasceu a 17 de maio de 1971 na Argentina e casou-se com o então príncipe em fevereiro de 2002. Entretanto, não é público ainda se a data redonda será celebrada pela realeza em algum evento oficial. Em 2011, para assinalar os 40 anos, Máxima organizou um concerto especial na Royal Concertgebouw Orchestra, em Amsterdão, com a presença de membros de outras realezas europeias, muitos que hoje já são reis. É o caso de Philippe e Mathilde da Bélgica, Frederik X e Mary da Dinamarca, e Guillaume, que assumiu este ano como o Grão-Duque do Luxemburgo. Já em 2021, quando completou 50 anos, a Rainha não comemorou pelas limitações provocadas pela pandemia de Covid-19. Portanto, é possível que tenha escolhido esperar pelos 55 para voltar a reunir a realeza europeia numa gala especial. Certo é que a família real neerlandesa vai celebrar o aniversário de 59 anos de Willem Alexander em Dokkum. Nos Países Baixos o Dia do Rei é um feriado nacional em que se comemora o dia de anos do monarca com festas locais e eventos organizados por escolas e empresas.

Na Noruega, 2026 marca os 25 anos de casados do príncipe herdeiro Haakon com a princesa Mette-Marit. Os dois trocaram alianças a 25 de agosto de 2001, e têm dois filhos, a princesa Ingrid Alexandra e o príncipe Sverre Magnus. Ao longo de 2025 o casal esteve à frente de muitos eventos oficiais da realeza, assumindo um papel mais importante dentro da família à medida que o estado de saúde do Rei Harald V, o monarca europeu mais velho ainda no trono, deteriora. Contudo, ainda não se sabe se a data será comemorada, até porque o próximo ano traz também um assunto muito polémico para o escrutínio público.
O julgamento de Marius Borg Høiby e a frágil saúde da mãe
No início de fevereiro o filho da princesa Mette-Marit vai a tribunal, um momento duplamente delicado para a norueguesa, que depois de ter sido diagnosticada com uma fibrose pulmonar em 2018 pode depender agora de um transplante do pulmão. O julgamento de Marius Borg Høiby começa a 3 de fevereiro de 2026 no Tribunal Distrital de Oslo e deve estender-se ao longo de cinco semanas até ao dia 13 de março, sendo que mais de 40 testemunhas serão ouvidas. O jovem de 28 anos enfrenta 32 acusações, incluindo quatro crimes de violação, abuso contra a influencer Nora Haukland, vários incidentes de violência e por filmar os genitais de várias mulheres sem o seu conhecimento ou consentimento.
No banco das testemunhas devem passar algumas celebridades no país, como influencer e ex-concorrentes de reality shows, além de agentes da polícia. Entretanto, até agora não há confirmação se membros da realeza devem falar — o Ministério Público apenas indicou que não tem a intenção de chamar integrantes da família real. Os custos judiciais de Borg até o momento, pouco mais de 100 mil euros, foram suportados pela avó materna, Marit Tjessem, contudo espera-se que os valores possam subir para os milhões de euros no caso de uma condenação.

As 32 acusações do Ministério Público que foram anunciadas em agosto são o resultado de um ano de polémicas para o enteado do príncipe herdeiro Haakon. Os casos vieram à tona depois do filho da princesa ter sido detido pela primeira vez, em agosto de 2024, por atacar psicológica e fisicamente uma mulher de 20 anos, que seria a sua namorada. Marius Borg Høiby permaneceu 30 horas sob a custódia da polícia nesta ocasião, mas foi solto com uma ordem de restrição. Já em setembro do mesmo ano o enteado do príncipe Haakon também foi detido por violar a medida de coação. Cerca de dois meses depois, Marius voltou a ser preso pelas autoridades por suspeita de ter praticado “ato sexual com uma pessoa que estava inconsciente ou incapaz de resistir por outra razão”. Na sequência das três detenções, outras denúncias envolvendo Marius Borg Høiby vieram a público. As quatro violações pelas quais o jovem é acusado terão ocorrido em 2018, 2023 e 2024, com a última a ser perpetrada após o início da investigação policial.
Apesar de Marius Borg não ser oficialmente um membro da realeza, já que é filho do primeiro casamento de Mette-Marit, o jovem foi criado junto da princesa Ingrid Alexandra e do príncipe Sverre Magnus. O julgamento coincide com um período em que o príncipe Haakon ganha um papel mais proeminente, depois de em abril o Rei Harald V anunciar, aos 88 anos, que decidiu reduzir a sua presença em compromissos públicos devido às questões de saúde.
Casamento da princesa do Liechtenstein em Portugal
Depois do casamento civil no principado do Liechtenstein em dezembro, a princesa Leopoldina do Liechtenstein e Bruno Pedrosa vão subir ao altar numa cerimónia religiosa em Lisboa. O casamento deve acontecer em fevereiro, apesar do casal preferir manter a boda discreta, como revelaram ao Observador quando estiveram na celebração dos 80 anos do duque de Bragança, em maio. Ambos vivem e trabalham na capital portuguesa: a princesa é ilustradora e desenha livros infantis e convites de casamento, enquanto o noivo é produtor e realizador, dono de uma produtora audiovisual.

Leopoldina é filha do príncipe Gundakar, da família real do Liechtenstein, e da princesa Marie, irmã do conde de Paris, pretendente ao extinto trono de França. Os bisavós de Leopoldina, Henri de Orleáns e Isabelle de Orleáns e Bragança, viveram exilados em Sintra em 1947. Já o avô de Leopoldina, que também foi conde de Paris e morreu em 2019, era primo de Duarte Pio de Bragança, o atual duque de Bragança. A mãe da princesa é também madrinha de batismo da infanta Francisca, duquesa de Coimbra.
Infanta Sofia muda-se para Paris
Depois de um ano a viver em Lisboa, em setembro a infanta Sofia deve seguir para Paris, onde vai continuar o segundo ano dos estudos no curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais na faculdade Forward College. Sofia mudou-se para Lisboa em setembro, quando conheceu a capital portuguesa com os colegas de curso, circulando pela Baixa e pelo Chiado, apesar da segurança apertada que o Observador pôde presenciar.Desde então, Sofia já regressou à Espanha para participar de eventos oficiais, como foi o caso das celebrações dos 50 anos do regresso da monarquia, quando a avó foi condecorada pelo Rei Felipe VI.

A escolha pela Forward College, uma faculdade criada há menos de cinco anos e que tem uma proposta muito mais moderna do que as universidades tradicionais frequentadas por outros membros da realeza espanhola, gerou alguma polémica em Espanha, mas terá sido aprovada pelos pais de Sofia por decorrer em cidades muito próximas de Madrid. Sendo assim, a infanta pode regressar à Espanha sempre que necessário num vôo curto de cerca de duas horas.
Na capital francesa, Sofia provavelmente vai viver e estudar na Cité Internationale Universitaire de Paris, onde a Forward está sediada, ao lado de outras centenas de universidades francesas e internacionais. É a maior acomodação para estudantes e investigadores da região, recebendo jovens de 150 nacionalidades todos os anos nas suas mais de 40 casas, enquanto as aulas são ministradas em salas de estudo ou na biblioteca. A escola calcula que os alunos podem gastar entre 16 e 20 mil euros em alojamento, alimentação e serviços gerais durante o ano em que estiverem a estudar em Paris.
Envolvimento da princesa Sofia da Suécia no caso Epstein
Quase no final do ano o nome da princesa Sofia da Suécia surgiu pela primeira vez numa troca de emails associada ao caso Epstein, o que prevê um ano de esclarecimentos para mais um membro de uma realeza europeia. Documentos publicados pela imprensa sueca revelam que a empresária sueca Barbro Ehnbom partilhou com Epstein fotografias da jovem Sofia, sugerindo que poderia ser interessante conhecê-la, em 2005. O acusado de tráfico sexual respondeu, a convidar a jovem para o visitar nas Caraíbas.
No mesmo dia da revelação, a mulher do príncipe Carl Philip falhou a cerimónia de entrega dos prémios Nobel em Estocolmo, enquanto a Casa Real divulgou um comunicado a confirmar que Sofia já havia encontrado Epstein no passado em eventos sociais. Dois dias depois, novas explicações: “A Casa Real percebe o interesse mediático significativo no tema. Ao mesmo tempo, é importante que as notícias foquem-se no que é relevante. Não se espera que ninguém seja capaz de lembrar todas as pessoas com quem encontraram na vida, entretanto, a princesa Sofia lembra-se de encontrar Epstein em algumas ocasiões, cerca de 20 anos atrás. Gostaríamos de clarificar que estes encontros aconteceram em ambientes sociais, como num restaurante e numa estreia de um filme“, diz o texto divulgado pela Casa Real sueca.
Sofia e Carl Philip conheceram-se num restaurante em Estocolmo em 2010, quando almoçavam com amigos em comum. Começaram a namorar e casaram-se em 2015. Entretanto, a agora princesa tinha um passado que tornou a sua aceitação difícil dentro da realeza. Sofia estudou contabilidade em Nova Iorque no início dos anos 2000, onde também trabalhou como bartender e modelo. Em, 2005 a jovem entrou num reality show norte-americano chamado Paradise Hotel e posou para fotografias de revistas masculinas — no mesmo período em que terá tido contacto com Epstein. Resta saber se a relação da jovem Sofia com o criminoso sexual ultrapassou os encontros sociais, e se outros membros da realeza também estiveram envolvidos.