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Fact Check. O Japão construiu um reator nuclear do tamanho de um contentor?

O Japão quer reativar a maior central nuclear do mundo. E além disso, está a apostar em pequenos reatores, espalhados pelo país, do tamanho de contentores?

João Gama
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A frase

O Japão deu um passo fundamental em direção ao futuro energético: lançou os primeiros reatores nucleares compactos do mundo, capazes de abastecer comunidades inteiras. Trata-se do Reator Yoroi, uma unidade do tamanho de um contêiner que gera 1 megawatt de energia limpa.

— Utilizador de Facebook, 05 de agosto de 2025

O Japão deu um “passo fundamental” em direção ao futuro energético. Como? Várias publicações nas redes sociais explicam que o país lançou “os primeiros reatores nucleares compactos do mundo” que serão capazes de “abastecer comunidades inteiras”.

As publicações são acompanhadas de imagens de contentores, com um suposto reator nuclear no seu interior. Na descrição, as imagens são associadas a um suposto “reator Yoroi, uma unidade do tamanho de um contentor que gera 1 megawatt de energia limpa”, um reator que utiliza “sal fundido e urânio pouco enriquecido” para trabalhar “sem risco de fusão”.

No Japão, a energia nuclear é vista como uma prioridade desde 1973. E assim se manteve, mesmo depois do acidente de Fukushima em 2011 (quando um sismo, seguido de um tsunami, atingiram esta central nuclear — um acidente que é comparado com o que aconteceu em Chernobyl). Atualmente, o plano do país é produzir 20% da eletricidade com recurso a reatores nucleares.

Comprovando essa aposta estratégica, recentemente chegou a ser noticiado que o Japão admite mesmo retomar as operações da maior central nuclear do mundo, em Kashiwazaki-Kariwa.

https://observador.pt/2025/11/19/japao-admite-reativar-a-maior-central-nuclear-do-mundo/

E como chegamos a estes reatores portáteis, compactos, montados em contentores? A AFP adianta que estas publicações começaram a ser partilhadas na Austrália, como forma de criticar o Governo do Partido Trabalhista — que prefere investir em energia renovável e não em energia nuclear — e elogiar a suposta intenção do Japão de criar novos reatores portáteis.

Numa resposta enviada ao Observador, o diretor de relações públicas do Instituto Nacional de Ciência da Fusão japonês nega a informação. “Tivemos conhecimento de que informações falsas sobre este reator estão a circular online, e em alguns casos, com o nosso instituto associado. Esta informação é completamente falsa e não temos nenhum conhecimento sobre a origem desta desinformação.”

Além de não constar em qualquer documentação oficial, ou em qualquer notícia na comunicação social, numa resposta à AFP, o mesm0 instituto já tinha assegurado que “não está envolvido em nenhuma pesquisa ou operação” relacionada com este tipo de reatores montados em contentores.

Já a Australian Associated Press esclarece que a primeira publicação partilhada nas redes sociais sobre este tema é de 7 de julho de 2025. E o próprio Ministério da Economia japonês adianta à AFP que não tem conhecimento de nenhuma informação sobre “os supostos reatores”.

Conclusão

Além de não haver informação fidedigna sobre o tema, várias autoridades japonesas (do Ministério da Economia ao Instituto de Energia Nuclear) asseguram que não estão a ser preparados reatores nucleares portáteis, “compactados” ou construídos em contentores.

A única informação verdadeira nestas publicações é a aposta do Japão na energia nuclear.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.