A história começou nos anos 90, quando Jorge Jesus treinava o Felgueiras e um jovem Sérgio Conceição estava a rodar no clube antes de voltar ao FC Porto. Ficaram amigos, dado que nunca esconderam mesmo quando um já treinava os dragões e o outro treinou tanto Sporting como Benfica, mas seria um Clássico a estragar tudo. No início de 2021, no Dragão, enfrentaram-se junto aos bancos de suplentes e ouviu-se “papagaio” para um lado e “ingrato” para o outro – a amizade ficou por ali, a rivalidade tornou-se mais intensa do que saudável.

“Eu tinha uma relação quase familiar com o Sérgio, mas tivemos um episódio parvo, que acontece entre treinadores sobretudo no fim do jogo, e nunca mais reatámos a relação. A vida hoje não dá para as pessoas se chatearem. O Sérgio tem 50 anos e leva as coisas de uma forma muito intensa, como eu levava com a idade dele. Eu já tenho uma idade diferente e olho para as coisas de forma diferente”, confessou Jorge Jesus, já este ano, numa entrevista ao Canal 11.

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Certo é que, ao todo, os dois treinadores enfrentaram-se 19 vezes: seis vitórias para Jesus, outras seis para Conceição, seis empates. Um equilíbrio total que durou até dezembro de 2021, num jogo da Taça de Portugal em que o FC Porto venceu o Benfica e que culminou no despedimento do então técnico dos encarnados, e que iria terminar esta terça-feira – num impossível de imaginar Al Nassr-Al Ittihad, nos oitavos de final da Taça do Rei da Arábia Saudita.

Com 11 vitórias em 12 jogos na atual temporada, incluindo duas contra o Al Ittihad entre Supertaça e Campeonato, o Al Nassr surgia em Riade com Cristiano Ronaldo e João Félix no onze inicial, assim como Kingsley Coman e Sadio Mané. Do outro lado, com apenas um triunfo nos três primeiros encontros na Arábia Saudita mas defendendo um título que o clube conquistou na temporada passada, Sérgio Conceição apostava em Benzema, Roger Fernandes e Moussa Diaby, sendo que Danilo Pereira também era titular.

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Os primeiros instantes demonstraram desde logo qual seria a lógica do jogo: o Al Nassr tinha bola, o Al Ittihad apostava no contra-ataque, com a equipa de Jorge Jesus a sofrer com as transições rápidas que o adversário ativava nas costas da defesa. Foi precisamente assim, na verdade, que o conjunto de Sérgio Conceição chegou à vantagem: Diaby acelerou na direita, cruzou para o lado contrário e Benzema, só com Bento pela frente, atirou para marcar (15′). 

O Al Nassr reagiu, Coman ainda rematou ao lado (22′) e o empate apareceu mesmo à passagem da meia-hora e por intermédio de Ângelo, que atirou certeiro já dentro da grande área depois de um passe de Cristiano Ronaldo na esquerda (30′). Antes do fim da primeira parte, porém, Houssem Aouar recebeu na área e rematou colocado para recuperar a vantagem dos visitantes (45′), com o Al Ittihad a ir para o intervalo a vencer o Al Nassr em Riade.

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Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo, mas Jorge Jesus foi forçado a mexer ainda dentro dos cinco minutos iniciais da segunda parte por lesão de Mohamed Simakan, lançando Abdulelah Al-Amri. Logo depois, o jogo mudou. Ahmed Al-Julaydan cometeu uma entrada assustadora sobre Ayman Yahya e viu o cartão vermelho direto de imediato, deixando o Al Ittihad em inferioridade numérica com praticamente todo o segundo tempo por disputar.

A equipa de Jorge Jesus procurou capitalizar o facto de ter mais um jogador e instalou-se no meio-campo contrário, com o conjunto de Sérgio Conceição a responder ao baixar por completo as linhas e compactar os setores, limitando-se a defender uma vantagem que era mais do que valiosa.

A insistência, porém, não teve consequências: mesmo a jogar com 10, o Al Ittihad venceu o Al Nassr em Riade e garantiu o apuramento para os quartos de final da Taça do Rei da Arábia Saudita, eliminando um dos principais adversários e retirando a Cristiano Ronaldo e companhia um dos grandes objetivos da temporada. Ao 20.º encontro, Sérgio Conceição venceu Jorge Jesus pela sétima vez e desequilibrou a balança.

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