É raro, é complexo e é sempre evitável, mas continua a acontecer. Esta terça-feira, o Sporting entrava em campo pouco mais de 48 horas depois do último jogo, que aconteceu ao fim da tarde de domingo, sendo que volta a jogar já na próxima sexta-feira. Em menos de uma semana, os leões disputavam três partidas em duas competições diferentes e na antecâmara do regresso da Liga dos Campeões.

Ainda assim, a verdade é que o ambiente que se vivia em Alvalade dificilmente poderia ser melhor. Os leões recebiam o Alverca nos quartos de final da Taça da Liga depois de uma vitória com reviravolta contra o Marselha, na Liga dos Campeões, e de um triunfo esclarecedor em Tondela — ou seja, depois de dois autênticos pontapés na alegada crise que a equipa de Rui Borges atravessava antes da pausa para os compromissos das seleções nacionais.

“Não me vou queixar das vantagens e das desvantagens. É lógico que estamos aqui só com um dia de descanso e teremos de fazer algumas alterações. Resta-me estar tranquilo porque sei aquilo que a equipa trabalha diariamente. Sei que a malta que tem menos minutos está à espera de uma oportunidade para se mostrar e dizer ao treinador que merece mais tempo, que está aqui para ajudar também e que quer, da melhor forma, dar o seu contributo para as vitórias do Sporting. É um troféu, um troféu que queremos ganhar, queremos muito ganhar”, atirou o treinador leonino, que na temporada passada perdeu a final da Taça da Liga para o Benfica na decisão por grandes penalidades.

Assim, em Alvalade, Rui Borges empreendia uma autêntica revolução no onze e nenhum dos jogadores titulares contra o Tondela aparecia sequer no banco de suplentes. Matheus Reis e Eduardo Quaresma formavam a dupla de centrais, Ioannidis era a referência ofensiva e a grande surpresa era mesmo Salvador Blopa, ala de apenas 18 anos que tem impressionado na equipa B e que aparecia no lado direito do ataque. Do outro lado, num Alverca que curiosamente é também o adversário dos leões no jogo da próxima sexta-feira para o Campeonato, Custódio também geria o plantel e contava com Lincoln, Tiago Leite e Sabit Abdulai no setor mais adiantado.

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O jogo demorou a arrancar. O Sporting tinha o controlo total e absoluto das ocorrências, estava completamente inserido no meio-campo contrário, mas não conseguia chegar com perigo ao último terço, enquanto que o Alverca se limitava a defender, quase abdicando de explorar o espaço que o adversário nas costas. O resultado: um jogo de sentido único, mas sem balizas, onde a equipa de Rui Borges parecia sempre demasiado macia na hora de construir ocasiões de finalização.

A verdade, porém, é que só precisou de criar a primeira. Depois de 20 minutos de praticamente nada, Matheus Reis, descobriu a cabeça de Vagiannidis à entrada da grande área, o avançado grego desviou e isolou Geovany Quenda, que na cara de Matheus Mendes atirou para abrir o marcador (21′). O avançado português poderia ter bisado logo a seguir, num lance em que roubou a bola em zona adiantada e atirou para uma defesa atenta do guarda-redes do Alverca (26′), mas também não foi preciso esperar muito para assistir ao segundo golo dos leões.

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À passagem da meia-hora, novamente com assistência de Ioannidis depois de o grego receber de costas para a baliza e abrir na direita, Salvador Blopa apareceu na área, tirou um adversário da frente e rematou para aumentar a vantagem (30′), coroando com um golo a já inesquecível estreia na equipa principal leonina. Ricardo Mangas também poderia ter marcado, obrigando Matheus Mendes a uma intervenção apertada (33′), mas a verdade é que os leões só precisavam mesmo de gerir.

A equipa de Custódio só assustou já perto do fim da primeira parte, com Eduardo Quaresma a adiantar demasiado e a permitir um remate de Sabit Abdulai para as mãos de João Virgínia (42′), mas o lance foi um oásis no deserto. Ao intervalo, apesar da revolução de Rui Borges e do ambiente morno em Alvalade, o Sporting estava a vencer o Alverca e tinha pé e meio na final four da Taça da Liga. 

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Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica do jogo mantinha-se: o Sporting geria as ocorrências sem grandes sobressaltos, o Alverca tinha mais bola mas não chegava perto da baliza de João Virgínia. A partida desenrolava-se sem grande intensidade ou velocidade, muito presa à zona do meio-campo e com a ideia crescente de que tudo estava decidido.

E ficou ainda mais decidido antes da hora de jogo. Alisson desequilibrou a partir da esquerda e deixou em Quenda, que puxou da direita para dentro e rematou rasteiro à entrada da grande área para bisar e aumentar a vantagem (58′). Custódio respondeu com três substituições de uma vez e Rui Borges também mexeu precisamente para tirar Quenda e lançar Flávio Gonçalves, também de 18 anos, proporcionando mais uma estreia na equipa principal leonina.

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Ioannidis ficou muito perto de marcar com um cabeceamento na sequência de um cruzamento na esquerda, com Matheus Mendes a defender (68′), e os leões iam controlando sem qualquer susto ou percalço, enquanto que os ribatejanos já pareciam totalmente conformados com a derrota. A 20 minutos do fim, a noite inesquecível de Salvador Blopa tornou-se ainda mais inesquecível: Flávio Gonçalves recebeu no corredor central, controlou e abriu na direita, onde o jovem ala voltou a atirar cruzado já dentro da grande área para bisar e carimbar a goleada (70′). Aos 18 anos e quatro meses, é agora o mais novo de sempre a bisar na estreia pelo clube.

Até ao fim, Rui Borges ainda teve tempo para também estrear Rayan Lucas, Chris Grombahi e João Muniz, de 20, 17 e 20 anos, Ioannidis dilatou a goleada com um remate brutal de fora de área que não deu qualquer hipótese ao guarda-redes (81′) e Sandro Lima ainda reduziu (85′). O Sporting goleou o Alverca em Alvalade e está na final four da Taça da Liga, sendo que já sabe que vai encontrar FC Porto ou V. Guimarães na meia-final da competição.

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