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(A) :: Marcelo admite que "é fácil criar sentimento de insegurança em torno da imigração"

Marcelo admite que "é fácil criar sentimento de insegurança em torno da imigração"

Marcelo alerta que o fundamental é "respeitar os outros nas suas diferenças e evitar os ódios". "Temos de puxar pelos que estão em piores circunstâncias", apelou.

Agência Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu esta terça-feira que, em sociedades envelhecidas como Portugal, é fácil criar um sentimento de insegurança ou de medo em torno da “imigração pobre”.

Numa aula aberta na Escola Básica de Vila Verde, distrito de Braga, e em resposta a uma questão levantada por uma aluna sobre a regulação da imigração, Marcelo sublinhou que não há “uma varinha de condão” para resolver o problema.

“Num povo que está a perder população originária, sente-se, é fácil criar um sentimento de insegurança ou de medo em relação ao peso dos imigrantes no futuro da sua sociedade”, afirmou.

Marcelo aludiu, concretamente, à criação da sensação de que os portugueses poderão estar a perder influência em relação a setores da vida social e política.

“As sociedades envelhecidas são sociedades medrosas e nós estamos muito envelhecidos”, apontou.

O Presidente lembrou, no entanto, que há setores da sociedade portuguesa que só funcionam porque aqueles imigrantes “estão lá”, como as obras públicas, infraestruturas, lixo, esgoto, água, escolas, saúde ou instituições particulares de solidariedade social.

Quanto à “imigração rica”, Marcelo sublinhou que a parte boa é que traz e gasta dinheiro em Portugal, enquanto a má é a infação que provoca.

“Há aqui este equilíbrio que é complicado. Não há só aspetos positivos, há aspetos negativos. Portanto, é um problema que existe e que não há uma varinha de condão que resolva. Nós sabemos isso porque nós somos um povo de emigrantes”, acrescentou.

Para o Presidente da República, o fundamental é “respeitar os outros nas suas diferenças e evitar os ódios”.

“Temos de puxar pelos que estão em piores circunstâncias, os que sabem menos, têm menos, têm piores condições. Temos de partilhar entre todos, todos, porque vivemos com todos, todos os dias”, vincou.

Marcelo lembrou que “ninguém vive sozinho” e que “ninguém é feliz sem ser com os outros e em conjunto com eles”.

Questionado por outro aluno, Marcelo garantiu que não vai escrever as suas memórias, depois de abandonar a Presidência da República. “Memórias são sempre autojustificações, não vou escrever”, assegurou.

Nos quatro meses que lhe restam de mandato, prometeu “ajudar o Governo a governar” e “ajudar a oposição a ser oposição”. “Todos têm de falar com todos”, advogou.

Nesta visita à Escola Básica de Vila Verde, Marcelo foi recebido em clima de apoteose, tendo passado mais de uma hora a tirar selfies com os alunos e a distribuir autógrafos.

A ocupação após sair de Belém, garantiu, está definida: dar aulas ao Básico e ao Secundário.

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