O Teatro Infantil de Lisboa (TIL) vai comemorar 50 anos com a peça Era uma vez, a estrear dia 1 de novembro, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa.
“Era uma vez é uma espécie de compilação de várias histórias” sem o ser, disse à agência Lusa Victor Linhares, responsável pela encenação e cenografia do espetáculo.
Um “imprevisto” surgido “num mundo encantado” em que as “histórias se misturam todas umas com as outras” é parte da ação da peça, na qual os dois irmãos estão habituados a que o avô lhes conte aquelas histórias, pelo que decidem “repor a ordem e pôr cada personagem no seu lugar, fazendo com que as histórias voltem àquilo que eram”, explicou Victor Linhares. “E isso proporciona uma aventura muito heroica e emocionante às vezes”, acrescentou o encenador e coreógrafo do musical.
Questionado sobre se Era uma vez conta os 50 anos do TIL, que se assinalam em 5 de janeiro de 2026, Victor Linhares admite que sim, “mas de uma maneira muito geral”. “Sem ser historicamente, através das peças que o TIL foi fazendo, a história vai aparecendo nesta peça”, frisou, acrescentando que o espetáculo “é uma comemoração, não um documento”.
A aventura de Era uma vez centra-se numa história que o avô de Leonor e Tomás nunca lhes contou e que as duas crianças querem muito conhecer. Daí que ambos tentem ler a obra que o avô nunca lhes leu. Esta está, todavia, guardada num sítio de difícil acesso e quando as duas crianças conseguem alcançar As aventuras do amanhã “provocam uma alteração em todos os livros”, disse.
Leonor e Tomás acabam por provocar uma mistura “entre o mundo encantado e a realidade em que vivem” ao procurarem o livro no qual o avô pretendia escrever a história dos netos. Ao pensarem que causaram “um desastre”, as duas crianças vão, depois, passar o tempo a repor tudo no devido lugar, explicou Victor Linhares.
Com texto original encomendado ao ator do TIL David Bernardino, que também interpreta, Era uma vez acaba por trazer para o palco histórias de peças do repertório do TIL, como a Cinderela, o D. Quixote, a Dorothy, Heidi, os piratas de A Ilha do Tesouro, ou personagens de Alice no País das Maravilhas e muitas fadas, acrescentou o encenador. “Como não podia deixar de ser”, Era uma vez conta também com uma personagem má: “um mau invejoso, como costumam ser todos”, e que as crianças acabam por perceber que é a “entidade” que provocou todo o caos.
A “essência” de Era uma vez está em “não deixar que a memória desapareça”, sublinhou o encenador: “Se repetirmos e reescrevermos aquilo que aconteceu, não seremos esquecidos”.
Por seu turno, Maria João Vieira, diretora do TIL, disse à Lusa que a direção está a preparar uma exposição retrospetiva da companhia, a expor na galeria Raul Solnado, junto do teatro. Sem data prevista para inauguração, a diretora conta que aconteça no segundo fim de semana de janeiro, disse.
Fundado em 5 de janeiro de 1976, a primeira peça apresentada pelo TIL foi O rapto das cebolinhas, da escritora brasileira Maria Clara Machado, no Teatro do Nosso Tempo.
Teatro ABC, Espaço Promotora, Teatro Aberto, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Calvário, Teatro Tivoli e Teatro Maria Matos foram alguns dos teatros onde o TIL esteve. Em 2004, instalou-se no Teatro Armando Cortez, onde continua. No total, o TIL contabiliza 63 produções, 7.849 espetáculos a que assistiram 2.050.699 espectadores, segundo a página da companhia na Internet.
Com música e direção musical de Quim Tó, cenografia de Kim Cachopo, direção de figurinos de Rafaela Mapril e desenho de luz de David Cachopo, Era uma vez estará em cena durante o ano escolar, com sessões para famílias, ao sábado e domingo, às 15h00, e sessões para grupos e escolas, de terça-feira a sexta, às 11h00 e às 14h00, mediante marcação prévia.
A interpretar a peça, com entrada permitida para crianças a partir dos 3 anos, estão também Francisca Pina, Henrique Macedo, Kim Cachopo, Miguel Vasques, Patrícia Marques, Paulo Neto, Rodrigo Balseiro e Tânia Cardoso.