Todos temos um amigo que foi embora. Uns chamam-lhe coragem, outros chamam-lhe fuga. Mas, no fundo, o motivo que leva tantos jovens portugueses a fazer as malas é sempre o mesmo: a falta de futuro no nosso país.
Em 2025, Portugal continua a formar bem e a reter mal. Quase um terço dos jovens vive hoje no estrangeiro, e muitos partem não por falta de patriotismo, mas por falta de condições para construir uma vida no nosso país. Salários baixos, rendas absurdas, progressão lenta e um Estado que promete muito e executa pouco. Eis o retrato de uma geração que já não acredita que “esperar é o melhor plano”. Cada jovem que sai leva consigo anos de investimento público e privado. É menos inovação, menos energia, menos futuro.
Portugal precisa de uma economia que recompense o mérito e a produtividade, e de um Estado que crie condições para o talento ficar, não um labirinto burocrático que o afasta. O país não pode continuar a ser uma linha de partida sem meta à vista. A resposta não está em slogans nem em subsídios pontuais. Está em reformas sérias. Menos impostos sobre o trabalho e mais incentivos à produtividade; políticas de habitação que promovam oferta real, em vez de anúncios vazios; educação e formação profissional ligadas às empresas e ao emprego de qualidade; um Estado que sirva os cidadãos com eficiência e responsabilidade, não com desculpas.
Ficar em Portugal não pode ser um ato de resistência, tem de ser uma escolha de confiança. O futuro não se constrói com discursos, constrói-se com resultados. Portugal tem talento, energia e ambição, mas precisa de líderes capazes de transformar promessas em oportunidades. Quando isso acontecer, talvez deixemos de ver tantos voos cheios de jovens à procura de futuro lá fora. Porque o verdadeiro país desenvolvido não é o que exporta talento. É o que o sabe fazer ficar.