Os dois livros de Irene Sòla publicados em Portugal — Dei-te Olhos e Viste as Trevas e Eu Canto e a Montanha Dança — têm como pano de fundo duas regiões montanhosas catalãs. O primeiro, e mais recente, passa-se nas Las Guillerías, o segundo nos Pirenéus. Neles, a escritora e artista plástica descreve ao pormenor a paisagem e as tradições de ambas as regiões. Apesar disso, o seu verdadeiro interesse não é a Catalunha em si ou as suas particularidades culturais, mas a região enquanto ferramenta de storytelling.
Em entrevista ao Observador, Irene Sòla, que se viajou até Portugal para participar no primeiro fim de semana do Fólio — Festival Literário Internacional de Óbidos, falou sobre o seu interesse na narrativa, a sua paixão pelos contos populares, que tanto influenciarem Dei-Te Olhos e Viste as Trevas, e sobre como as histórias podem servir para colocarmos perguntas e refletirmos sobre nós próprios e o nosso lugar no mundo.
Neste novo romance, Dei-te Olhos e Viste as Trevas, voltamos a encontrar uma mistura entre o real e o irreal ou fantástico. É a melhor maneira de captar e descrever a paisagem e as tradições da Catalunha?
Não diria que a minha intenção tenha sido essa. Quando começo a escrever um romance, pergunto a mim mesma o que é que me interessa, quais são as perguntas que gostaria de colocar a mim própria, quais são as ideias e temas sobre os quais gostaria de pensar e investigar nos próximos meses ou provavelmente anos. Há várias coisas que podia dizer sobre este livro, mas uma coisa sobre a qual queria refletir era a família, as sagas familiares, a história. Mas, sobretudo, queria focar-me na ideia de que não existe uma única verdade neutra e em como construímos a nossa própria história familiar através de diferentes relatos; em como, ao longo da nossa vida, vamos construindo essa história, peça a peça, como um puzzle. A nossa mãe conta-nos uma coisa e depois a nossa avó conta-nos outra totalmente diferente e o nosso tio conta-nos ainda outra coisa diferente. A certa altura, apercebemo-nos de que existem partes [da mesma história] que nunca nos foram referidas, coisas que nunca nos foram contadas ou que a mesma pessoa pode dizer a mesma coisa de maneiras diferentes em momentos diferentes. Este tipo de subjetividade é algo que me interessa muito. Por exemplo, a ideia de que todos experienciamos o mundo de maneiras diferentes. Todos entendemos, lembramos e explicamos as coisas de maneira diferente. Mesmo que tenhamos estado no mesmo lugar, no mesmo momento, a viver a mesma coisa, sentimos coisas diferentes, pensamos coisas diferentes e recordamos as coisas de maneira diferente. E, se tivéssemos de explicar o que aconteceu, provavelmente usaríamos palavras diferentes. Acho que é isso que está no cerne dos meus dois romances que foram publicados em português. E, sim, existe um lugar, uma área específica, que escolho para as minhas histórias, e acho muito interessante pesquisar sobre isso, mas, neste caso específico, estava interessada no folclore. Acho que isso me captou a minha atenção por duas razões.
Que razões são essas?
Por um lado, adoro histórias. Adoro contar histórias, mas também gosto de as ouvir e de as ler. Gosto de storytelling. Gosto de contos populares. Portanto, por um lado, existe o grande prazer que as histórias e o storytelling me provocam, mas, por outro, os contos populares interessam-me muito. Queria brincar com eles e que estivessem presentes neste livro, porque me permitem pensar e refletir sobre nós, no presente. Acho que os contos populares carregam algum tipo de ADN relacionado com a forma como temos olhado para o mundo e como temos tentado fazer sentido dele narrando-o. Essa forma de olhar para o mundo — tentar compreendê-lo, impondo certas ideias, certos pontos de vista — tem passado de geração em geração através dessas histórias que chegaram até nós e que falam sobre as nossas virtudes e as nossas falhas. Porque os contos populares são complexos, complicados. Mas servem para refletir sobre as pedras que carrego na minha mochila. As coisas que herdamos é outro dos temas do livro.
A herança familiar é um tema muito presente não só neste livro, mas também em Eu Canto e a Montanha Dança. É como um fantasma, que paira sobre as personagens.
Sim, interessa-me muito refletir sobre aquilo que herdamos. Obviamente que podemos herdar coisas físicas, como uma casa, um carro, um livro, mas também podemos herdar ideias, formas de olhar o mundo, histórias, canções, palavras. Isso interessa-me muito.

Falou sobre como construímos a nossa visão do mundo através daquilo que nos é contado. Será que aquilo que construímos é realmente a nossa visão? Ou será antes um produto da nossa herança familiar?
Quando escrevo, a minha intenção nunca é dar uma única resposta, ou dizer ao leitor: “Toma, está aqui a verdade, devias pensar assim”. Não. Escrever é questionar. É fazer perguntas a mim própria, é dizê-las em voz alta. Mas não é procurar respostas. A intenção nunca é encontrar uma única resposta, mas continuar a pensar, a refletir. Por exemplo, neste livro, existe um grupo de mulheres, mas elas são muito diferentes umas das outras e provavelmente responderiam de maneiras diferentes à pergunta que me colocou. Isso é fundamental. Elas têm perceções, conceitos e ideias diferentes sobre quase tudo. Sobre a morte, a família e a maternidade, mas também sobre o amor, o sexo e o diabo. Não existe uma única maneira correta de olhar para uma coisa — depende de como olhamos para ela.
Ambos os romances atravessam diferentes gerações e apresentam personagens que vivem em períodos temporais diferentes. Em Dei-te Olhos e Viste as Trevas, recua até ao início da modernidade, para contar a história desse grupo de mulheres, que viveu e morreu na mesma casa.
O romance passa-se num único dia, no tempo presente. Voltamos atrás no tempo através das memórias de um grupo de fantasmas. Desde o início, sabia que queria que a figura do diabo estivesse presente. É um diabo do folclore, de tamanho humano. E sabia que queria brincar com os contos populares [que falam sobre o diabo], que o queria no centro da história e que o início da saga familiar começasse com um pacto com o diabo. Foi por isso que decidi que a história se passaria no século XVI. O tempo é algo com que brinco muito neste romance, porque não é um romance que pretende ser histórico. Na verdade, coloca muitas questões sobre a História — com letra maiúscula —, da mesma maneira que coloca muitas questões sobre a família e sobre como as histórias familiares são muito subjetivas. O romance está constantemente a questionar quem é que escolhe o quê — por exemplo, quem é que decide o que é incluído nos livros de História, que vidas valem a pena serem contadas e que ações devemos memorizar e recordar. O tempo é tratado de uma forma muito literária. Andamos para trás e para a frente, mas 100 anos podem corresponder a duas linhas, como nas histórias da Bela Adormecida ou do Rip van Winkle [personagem principal de um conto de Washington Irving que dorme durante 20 anos]. O tempo é uma coisa muito subjetiva. Temos relógios e calendários, mas da perspetiva de um humano, um minuto ou cinco minutos podem passar de maneira diferente. Depende da situação. Interessa-me muito a forma como o storytelling pode mudar o tempo, não só no interior da própria estrutura narrativa, mas também fora dela. Se estivermos a ouvir uma história divertida ou a ver um filme muito interessante, uma hora pode passar muito depressa; mas se estiver a acontecer alguma coisa horrível ou se estivermos aborrecidos, essa mesma hora pode parecer infinita. Também tentei refletir sobre isso e brincar com isso.
Este romance tem muitas referências históricas. Por exemplo, uma das personagens é inspirada numa figura real, um bandolero muito famoso, conhecido por Serralonga, que viveu na zona das Guillerías no século XVI. O que é que lhe interessou nesta figura?
Serralonga é uma personagem muito complexa. É um bandolero, mas é também uma personagem do folclore local. Existem muitas canções e muitas histórias sobre ele. É muito interessante como, dependendo da altura, a história dele muda. Uma coisa sobre a qual pensei muito enquanto escrevia este livro foi como as personagens femininas têm sido tratadas e representadas nas narrativas historiográficas e também na ficção, por exemplo, nos contos populares. É muito interessante ler sobre a mulher do Serralonga, mas também sobre as suas amigas [amantes], como lhes chamam, mesmo em livros de historiadores contemporâneos, e ver como elas são tratadas.
Qual é a diferença?
Acho que não há grande diferença. Quer dizer, obviamente que a história e o storytelling são coisas muito diferentes, mas têm um aspeto em comum: ambas usam a linguagem e a narrativa para contar uma história. Num caso, trata-se de uma história que aconteceu e, no outro, de algo que é intrínseco, digamos assim. Mas ambas usam a linguagem e ideias, e em ambas existe uma noção clara do que se quer dizer e do que se quer que as pessoas retirem da história.
Quase todas as personagens deste romance são femininas.
O facto de as personagens principais serem mulheres teve uma intenção clara da minha parte. Falámos há pouco sobre História, sobre quem é a personagem principal, sobre que vidas e ações são descritas e consideradas relevantes. Neste livro, queria que o foco estivesse sobre aquelas pessoas que nunca seriam personagens principais na maioria dos eventos históricos ou até nos contos populares. Isso não acontece apenas porque são mulheres, mas também porque são mulheres velhas e, supostamente, feias — apesar de eu não as achar feias. Há uma personagem que está sempre a dizer que são feias, e essa personagem é a Margarida. A Margarida interiorizou uma visão e uma estrutura mental muito patriarcal, que a magoou muito, mas que ela não consegue ultrapassar. E muitos de nós podemos ter muito dessa mesma maneira de olhar para o mundo, porque a herdámos. Estas mulheres, a maioria delas velhas, não pertencem ao cânone. Estão mortas. São personagens que vivem nas margens. E, ao contrário da maioria dos homens desta história, que puderam escolher, que puderam sair de casa e viver aventuras, ser bandoleros e ir para a guerra, ver o mundo, estas mulheres estão presas. É da perspetiva delas que a história é contada. A história da família, a história da casa.
Existe um momento em que Margarida deixa a casa: quando é presa e desce ao inferno.
Sim, exato. O que ela descreve é exatamente o que aconteceu à mulher daquele bandolero, porque, como não o conseguem encontrar, levam-na para a prisão, e ela descreve como os soldados foram até à sua casa, a destruíram e a levaram para a prisão em Barcelona. Foi como descer ao inferno, e ela sente que, naquele momento, Deus a abandonou.
Inspirou-se nalguma história específica para escrever essa cena?
Fiz muita investigação. Investiguei para este livro e investigo muito para todos os meus livros. A pesquisa é um processo muito divertido. É muito importante e extremamente enriquecedor. Adoro essa parte. Está absolutamente ligado ao ato de escrever. Não sinto que sejam duas coisas diferentes. Escrever um livro tem a ver com pensar, investigar, ler e escrever. Faz tudo parte. Para essa cena [da descida ao inferno], usei muitas representações visuais, pinturas executadas em períodos diferentes. Também usei narrativas de pessoas que contam a sua experiência no inferno. E usei muita imaginação. Quando escrevo, estou sempre a tentar divertir-me. Acho que isso é importante.
Falou sobre o facto de o diabo ser uma das personagens. Ele é uma presença muito real e muito constante ao longo do romance.
Ele é como uma semente. Está no centro da história, e é muito importante, mas é uma presença pequena.

Por que é que o quis incluir nesta história?
Por várias razões. Interessa-me muito a ideia do pacto e do acordo. Existem muitas histórias e contos populares sobre pactos com o diabo e sobre as suas consequências. É um dispositivo narrativo muito antigo. Por outro lado, permitiu-me refletir sobre um outro acordo, o que acontece quando escrevemos um livro ou contamos uma história, que é o pacto com o leitor. Mais uma vez, é uma coisa muito antiga, que está relacionada com storytelling. A pessoa que conta a história e a pessoa que a recebe podem firmar um pacto segundo o qual, durante o período de narração, a pessoa que recebe a história, apesar de saber que se trata de uma história, desliga o botão da incredulidade e entra no jogo, submergindo na história e no mundo que está a ser construído. Acho esse acordo muito bonito, muito mágico. Queria pensar também sobre isso e sobre até onde os leitores me conseguem acompanhar nesta história. Acho que todos os meus livros são sobre storytelling, sobre narrativa. Penso muito sobre como funciona. O que é que existe por trás de uma história? O que é que podemos fazer com ela? Por que é que contamos histórias? Como é que contamos histórias? O que é que acontece quando contamos uma história? Que poder tem a pessoa que conta a história sobre aqueles que a ouvem? O que é que acontece àqueles que não conseguem contar a sua própria história? Estas são perguntas que estão sempre presentes quando escrevo. Por isso é que era tão importante incluir o pacto com o diabo.
Existe uma coisa que é diferente neste livro [em comparação com o outro] — existe magia. Existe uma premissa mágica que faz começar tudo. Existe uma senhora que não consegue encontrar um marido, faz um pacto com o diabo e acontecem coisas. Isso é uma coisa diferente, que queria explorar. E depois, como referiu, o diabo é uma personagem. Sim, ele, aquilo, eles são uma personagem, e uma personagem muito engraçada, que está sempre a mudar de forma, de atitude. É baseado no diabo do folclore catalão, que é pequeno, que tem o tamanho de um humano. Continua a ser o diabo, e não devemos brincar muito com ele ou confiar nele, mas é um diabo que é enganado por qualquer pessoa minimamente esperta. É um vigarista que está sempre a ser vigarizado. Mas, mais uma vez, trata-se de uma figura que me permite brincar com a subjetividade, porque todas as mulheres têm uma relação diferente com ele, veem-no de maneira diferente e interagem com ele de maneira diferente. Algumas ignoram-no, outras lidam diretamente com ele; uma está zangada com ele, outra tem medo dele; uma está completamente apaixonada, outra é supostamente filha dele; uma não faz qualquer ideia de que ele existe. O diabo não é uma única coisa — depende de como olhamos para ele, e como olhamos para ele depende de como olhamos para tudo o resto.
Disse que o diabo era uma presença pequena na história, mas sem ele não havia história, porque tudo começa com ele.
Sim, mas, ao mesmo tempo, é interessante como a Joana, a matriarca, se apercebe, ou acha, que tudo se deve ao facto de ela ter quebrado o pacto que fez. Ela pede um “homem inteiro”, mas depois casa com Bernardí, que não tem um dedo do pé, e consegue quebrar o pacto. Ela começa a achar que isso tem consequências e que, por causa disso, falta alguma coisa a todos os membros da família. O diabo nunca o diz.
Ele nunca fala.
Não. E, mais uma vez, isso tem a ver com subjetividade. Ele nunca diz que isso acontece — a Joana é que começa a acreditar nisso e começa a dizê-lo à família. Toda a gente acredita. Eles herdam essa crença. Também herdamos crenças — dos nossos pais, do nosso contexto, etc.. Mas, dependendo de como olhamos para as outras pessoas e também para nós próprios, podemos achar sempre que nos falta alguma coisa, que não somos bons o suficiente ou que os outros não são bons o suficiente. É por isso que também brinco com as coisas que supostamente faltam às pessoas. A Bernardeta não tem pestanas e a Margarida não tem uma parte do coração — como é que sabem? O Bartomeu não tem o amor que um filho supostamente deve ter ou sentir pela mãe, mas essa é a opinião da Margarida. Como é que é [o amor de um filho por uma mãe]? Dolça não tem cauda — não-lhe falta nada. É novamente uma reflexão sobre a subjetividade.
Este romance fala muito sobre cozinhar. Está cheio de receitas.
Sim, é verdade.
Porquê? Qual é o papel da culinária neste livro?
Por várias razões. A história passa-se num único dia e estas mulheres estão a preparar uma festa. Uma festa boa e grande, com muita comida, boa comida. Isso é muito festivo. Como este livro se passa durante a preparação de uma festa, era importante que elas a preparassem e se divertissem enquanto o faziam, e que criassem ainda mais diversão assim que a festa começasse. Um dos locais mais importantes deste livro é a cozinha que, mais uma vez, está relacionada com as mulheres. É o coração da casa. É onde a comida é preparada, é onde as histórias são contadas, é onde as conversas acontecem. Portanto, tinha de haver comida. Por outro lado, podemos dizer que esta é uma história de fantasmas, porque existe um grupo de fantasmas que habita uma casa e que está a contar uma história. Pensei muito sobre histórias de fantasmas [enquanto escrevia]. O fantasma é uma figura que está relacionada com a memória, mas também com o esquecimento. E está muito relacionado com a História, com as coisas que escolhemos lembrar, com as coisas que escolhemos esquecer, mas também com história familiar, com as coisas que nos lembramos e que nos esquecemos enquanto indivíduos, famílias, grupos.
E porque é que nos esquecemos?
Não é de propósito propósito. Nem sequer sabemos por que é que isso aconteceu. Por outro lado, o fantasma é também uma personagem — uma personagem literária — que tem uma relação interessante com o corpo, porque, supostamente, não o tem. Supostamente, não lhe podemos tocar, não o podemos ver. Mas queria ser muito subversiva com isso e escrever uma história de fantasmas que falasse muito sobre o corpo, sobre o que é físico. Sobre os corpos de uma maneira geral. Sobre os corpos das mulheres que estão a envelhecer, mas também sobre o corpo da casa, o corpo da paisagem, o corpo dos animais, e também sobre a comida enquanto corpo que cozinhamos, transformamos, comemos e que se torna parte do nosso corpo. É por isso que matam um cabrito, que depois é transformado em comida. O livro é também muito gráfico e focado em tudo o que os corpos fazem e em tudo o que lhes acontece, como nascer e dar à luz. Existem muitos nascimentos, mas também muitas mortes. Muitas pessoas morrem. Existe muita violência, como a tortura, mas também muitas descrições de momentos de prazer e de sexo.
O ato de cozinhar está também muito ligado à família e à memória familiar. Muitas vezes, quando pensamos na nossa infância, associamo-la a um cheiro ou uma receita que alguém costumava fazer.
Sim, lembramos das coisas que a nossa avó costumava cozinhar e, quando percebemos que nunca mais as vamos comer, é muito triste. Tentamos lembrar-nos e repetir a receita para que os nossos filhos ou os nossos amigos a possam comer. As receitas são também algo que herdamos. E os cheiros, os sabores e maneiras específicas de cozinhar.
Este romance foi publicado em 2023, apesar de só ter chegado agora a Portugal. Calculo que esteja a trabalhar num novo livro. O que é que pode revelar sobre ele?
Sim, estou. Sou um bocadinho como uma mãe ursa. Sou muito protetora dos livros que ainda não conseguem caminhar sozinhos e não gosto de falar muito sobre eles até que se tenham tornado o que se querem tornar, independentemente das expectativas, minhas ou de outra pessoa qualquer. Por isso, não posso contar muito, mas posso dizer que estou a trabalhar — a trabalhar muito — e que me estou a divertir. E, mais uma vez, estou a colocar perguntas a mim mesma e a responder-lhes em voz alta. Estou a explorar e a divertir-me.