18 de Outubro de 1980. Mário Soares vê-se ao espelho enquanto faz a barba. Está furioso com Eanes. Decide ali mesmo que não pode continuar a apoiar “aquele cabrão”, há de contar em 2011 ao jornalista e biógrafo Joaquim Vieira. A menos de dois meses das eleições presidenciais, António Ramalho Eanes, preocupado com a recandidatura, acaba de anunciar a um jornal que se sente “mais próximo do modelo de sociedade da AD” do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro. É a gota de água para Soares. Vai romper com o general.
Contacta António Campos, seu braço direito e o homem que controla o partido, e pede-lhe que vá ter a sua casa. Comunica-lhe que é pessoalmente incapaz de aceitar que o PS, que já tinha manifestado o apoio a Eanes, continue refém do general. Como tal, vai autossuspender-se do cargo de secretário-geral. Campos nem quer acreditar. Ainda o tenta demover, mas o líder socialista está decidido. Vai dizer aos camaradas de partido que está contra a candidatura de Eanes, surpreendendo tudo e todos, recorda o mesmo António Campos, quatro décadas depois.
“Um dia, estava em São João do Estoril, [Soares] telefona-me logo de manhã e diz-me: ‘Vem aqui, preciso urgentemente falar contigo’. Havia a Comissão Política Nacional à noite. Eu chego lá, ele ainda estava a fazer a barba. ‘Epá, resolvi opor-me à candidatura de apoio ao Eanes’. Eu disse: ‘Tu és maluco. Temos logo a Comissão Nacional convocada. Agora como é que resolvemos isto?’ ‘Já te digo: demito-me de secretário-geral e acabou. Ele vai montar um partido contra nós e eu não quero ficar nessa ficha’. E de facto fez isso, suspendeu a coisa. Foi uma barraca monumental na Comissão Nacional. Aquilo partiu-se tudo’.”
[Apesar da euforia em torno de Freitas, Soares recupera. O debate com Zenha será decisivo. Quando acabar, nunca mais serão amigos. A “Eleição Mais Louca de Sempre” é o novo Podcast Plus do Observador sobre as Presidenciais de 1986. Uma série narrada pelo ator Gonçalo Waddington, com banda sonora original de Samuel Úria. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E pode ouvir o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]
Soares nunca perdoou a Eanes o facto de o ter afastado do governo em 1978. Aliás, soube logo aí que o então Presidente da República haveria de criar um partido para tentar derrotar de vez o PS. Até tinha pensado em avançar contra o general e tomar Belém. Só que quase ninguém no partido o apoiou. Preferiram todos juntar-se a Eanes. O facto de o general ter tido o topete de se dizer mais próximo do modelo de sociedade da AD foi a gota de água para o socialista.
Previsivelmente, a autossuspensão de Soares deixou o PS em estado de guerra civil. Francisco Salgado Zenha era um dos mais furiosos. Não conseguia aceitar que, depois de décadas de cumplicidade, Soares tivesse tido o descaramento de tomar uma decisão daquela magnitude sem o informar.
Quando se encontram depois da Comissão Nacional do PS, em casa do líder do partido, Zenha grita com Soares. Diz-lhe que o que acaba de fazer é inaceitável, uma traição. Está farto de caprichos. Tinha aceitado tudo. Ser a sombra do líder, o homem que verdadeiramente pensa e que ajuda o partido a refletir para que Soares brilhe e recolha os louros, para que mande e desmande sem prestar contas a ninguém.
Soares desculpa-se. Responde que tomou a decisão enquanto fazia a barba e que não tinha tido tempo de informar Zenha. Mas mantém o que pensa sobre o Presidente Ramalho Eanes: “Eticamente” não pode aceitar apoiar aquele “gajo”. Zenha tenta convencê-lo. Apela ao bom senso, lembra-lhe a vontade da maioria do partido. Mas não vale a pena, a decisão está tomada. Depois desse dia, Salgado Zenha nunca mais voltará a entrar naquela casa.

Uma cisão em três atos
Ainda hoje, passados todos estes anos, ninguém consegue dizer com exatidão qual foi a origem da zanga entre Mário Soares e Francisco Salgado Zenha. Mas o episódio da autossupensão foi, seguramente, o momento mais definidor. E provocou um efeito dominó que culminou com a candidatura de Zenha à Presidência da República — gesto que Soares, apanhado completamente de surpresa, sempre interpretou como a maior das traições. Mas a verdade é que o distanciamento entre os dois começara muito anos antes.
Os dois eram amigos íntimos. Partilharam pela primeira vez uma cela em 1947, fizeram juntos campanha por Norton de Matos e por Humberto Delgado, lutaram ao lado dos comunistas contra o Estado Novo. Fundaram o PS. Depois do 25 de Abril, bateram-se ferozmente contra os comunistas. Travaram a “unicidade sindical” e lutaram por eleições livres na Assembleia Constituinte. Eram tão próximos que até protagonizaram um slogan em conjunto: “Soares e Zenha, não há quem os detenha”. Soares chamava-lhe a “consciência moral do PS” e fez dele padrinho da filha, Isabel. Mas os anos de poder foram cavando um fosso entre ambos.
O momento fundador desse ressentimento talvez tenha sido a decisão de Soares de afastar Zenha do Governo e de o escolher como líder parlamentar do PS em 1976. Uma decisão que Soares tomou sozinho, e até contra os apelos da mulher, Maria Barroso, que sabia bem o quanto o padrinho da filha Isabel queria continuar como ministro da Justiça.
“Como [eu] depois compreenderia, [Zenha] teria preferido permanecer no governo. Mas eu opunha-me, frontalmente, a que as duas principais figuras do partido fossem para o executivo: quem tomaria conta do grupo parlamentar? Esta nossa diferença de opinião ou mesmo, talvez, desinteligência – que, aliás, nunca foi bem explicitada – marcou o princípio de um certo mal-estar. A partir daí, as coisas começaram a ser diferentes”, revelaria anos mais tarde o próprio no livro Obras de Mário Soares — A História Contada com Maria João Avillez.
Existe depois um segundo momento, este já em 1980, quando Soares pensava em formas de tentar avançar contra António Ramalho Eanes, então à procura da reeleição. A 14 de abril desse ano, o socialista organizou um almoço de cozido à portuguesa bem regado com dirigentes do partido e outros notáveis socialistas, na sua casa de Nafarros, em Sintra. Queria convencê-los dos méritos da sua candidatura a Belém e impedir que o partido apoiasse o general, por quem nutria um “ódio de estimação”. Mas praticamente todos se pronunciaram a favor do apoio a Eanes — incluindo Zenha, que “achava que prematuro haver um candidato civil”. “Soares ficou lívido“, conta-se na biografia do socialista assinada pelo jornalista Joaquim Vieira.
Aberta a ferida em outubro do mesmo ano, o PS vai entrar numa das suas fases internas mais conturbadas, a chamada “guerra do secretariado“. “O que está na origem do desentendimento com o ex-secretariado tem um nome: Ramalho Eanes. A candidatura de Ramalho Eanes é que dividiu as águas do Partido Socialista durante esses anos de embate. Porque o Secretariado achava que se devia apoiar o Eanes, porque o PCP também apoiava. E o PCP também estava interessado em dar cabo não só do Soares, mas também do Partido Socialista. E, portanto, a origem está no eanismo”, conta Alfredo Barroso, sobrinho de Soares, 40 anos depois.
Sem Soares na corrida, e dias depois da trágica morte de Sá Carneiro e de Adelino Amaro da Costa, Eanes venceu sem dificuldades as presidenciais de 1980 com o apoio do PS e do PCP. Na ressaca das presidenciais, Zenha é líder de facto do PS. Soares está isolado, sem tropas, sem grupo parlamentar e com a esmagadora maioria do principal órgão do partido, o Secretariado Nacional, contra ele. Além de Zenha, essa fação juntava figuras como António Guterres, Jorge Sampaio, António Arnaut e Vítor Constâncio.
Só que Soares não se vai dar por vencido e vai recuperar a autoridade à força dos votos. A primeira decisão é convocar um congresso e desafiar abertamente todos os opositores no Coliseu de Lisboa. Enquanto Soares corre intensamente o país socialista e se desdobra em contactos e visitas a sedes do partido, o grupo do secretariado tenta convencer Salgado Zenha a avançar contra Soares. Mas ele resiste e não avança. “Quero poupar esse sofrimento ao Doutor Mário Soares”, chega a dizer publicamente, com grande sarcasmo à mistura.
Sem concorrência, a vitória é fácil. A primeira parte da vingança está concluída. Faltam três etapas para esmagar a oposição interna. Um ano depois, Zenha, que se mantém crítico do rumo seguido por Soares, é afastado da liderança da bancada parlamentar e alvo de um processo disciplinar. Em 1982, Soares aprova com Francisco Pinto Balsemão uma revisão constitucional que faz desaparecer o Conselho da Revolução e diminui os poderes de Eanes. Por fim, quando prepara as eleições legislativas de 1983, Soares risca todos os elementos do secretariado das listas de candidatos a deputados. A oposição interna a Soares está finalmente neutralizada e vai mudar-se em definitivo para o famoso sótão de António Guterres.
Os anos seguintes permitem alguma reconciliação. Figuras como Sampaio e Guterres, sobretudo eles, apesar do que fizeram e disseram contra Soares, serão determinantes na candidatura presidencial do socialista. Francisco Salgado Zenha não. Nunca mais se voltará a aproximar de Soares. Teve apenas um último gesto para com a afilhada e filha de Soares imediatamente antes de lhe anunciar a candidatura presidencial. Quis dizer-lhe que tudo iria correr bem.
“O Zenha teve uma coisa extraordinária. Antes de se candidatar, telefonou-me para irmos almoçar os dois. Eu fui almoçar com ele e ele disse: ‘Vamos viver aqui épocas um bocadinho duras e não queria que isso afetasse de todo as nossas relações’. Disse-lhe: ‘Claro que não afeta, com certeza’. Eu era afilhada dele, não é? Ele sempre teve por mim uma grande ternura e, portanto, quis marcar e dizer: ‘Olha, que isto não é contigo, portanto, vamos manter e tal’”, revela a própria Isabel Soares, em 2025.
Só que Zenha subvalorizou o impacto que aquela campanha iria ter — ou, pelo menos, não quis assumi-lo perante a afilhada. Numa corrida eleitoral que era essencialmente sobre quem estaria em condições de passar à segunda volta e enfrentar Diogo Freitas do Amaral, o combate entre Mário Soares e Francisco Salgado Zenha, até pela dimensão pessoal do duelo, foi particularmente feroz.
O primeiro fez campanha pela “esquerda democrática“; o segundo apareceu com o apoio de António Ramalho Eanes e de Álvaro Cunhal, os dois grandes adversários políticos de Soares. O futuro da esquerda seria decidido neste confronto, cujo ponto alto foi o debate a dois na RTP — um dos mais marcantes da história da política em Portugal.
“Eu não sou teu irmão”
Joaquim Letria não quer acreditar. Julga que Salgado Zenha enlouqueceu. A poucas horas de enfrentar Mário Soares no debate mais decisivo da campanha, resolve ir ao dentista. O país inteiro vai estar agarrado à televisão, a primeira volta à esquerda pode decidir-se ali, naquele confronto, e Zenha arrisca-se a ir para os estúdios da RTP com a boca anestesiada. Ou pior.
Tenta convencê-lo a desistir do dentista e a ir ao cinema descontrair para estar em boa forma na hora do debate. Até lhe sugere dois filmes para ver. Mas Zenha, como quase sempre, não está muito disponível para ouvir. Tinha passado mal a noite e decide que a primeira coisa que tem de fazer é ir ao dentista.
“Não, ele fazia tudo o que não devia. Nesse aspeto foi uma experiência única e agradável ao mesmo tempo. Porque eu estava habituado a ter… Ou são uns bonecos e deixam fazer tudo e não são eles que resolvem nada, ou então são assim. Mas assim, também era demais. Era uma… ‘Pronto, cá estou eu, o que é que quer agora?’ Um bocado por favor… Parecia que estava por favor a falar com as pessoas, a tudo”, recorda Joaquim Letria, porta-voz de Zenha nessa campanha.
Quando regressa a casa, bem para lá da uma da tarde, Zenha almoça croquetes com arroz de ervilhas. Dorme uma sesta e passa o resto do dia na companhia de Joaquim Letria. Mas até mesmo ele, de um controlo férreo das emoções, não consegue disfarçar o óbvio: está apreensivo com o duelo que tem pela frente.
Soares não se sente muito melhor do que Zenha. Passou quase todo o dia em casa. Comeu bacalhau, leu alguns documentos e saiu apenas para um passeio de uma hora no jardim do Campo Grande. À tarde, pede ao gabinete da candidatura algumas notas sobre economia e alguns exemplares da revista ‘Plural’, publicação que junta textos e reflexões dos grandes intelectuais da esquerda e que Zenha tinha dirigido em 1982. Mal consegue conter o nervosismo.
O estado anímico dos dois agrava-se à medida que as horas passam. Zenha é o primeiro a chegar aos estúdios da RTP, na Alameda das Linhas de Torres, em Lisboa. Vem acompanhado de Letria e de outras seis pessoas, incluindo três guarda-costas. Soares chega vinte minutos depois, apenas com a filha, Isabel, e Vasco Pulido Valente. O cumprimento entre os dois adversários é tenso, tal como o ambiente que os rodeia. Zenha prefere o silêncio. No gabinete da maquilhagem, encosta-se para trás, cerra os olhos e aperta as mãos contra o braço da cadeira. Parece preocupado.
Soares sente o mesmo, mas esforça-se por disfarçar. Olha para a televisão e repara que estão a transmitir a novela brasileira do momento. Confessa ser fã do “Louco Amor” de Fábio Júnior e Glória Pires. Perguntam-lhe se tem pena de perder o episódio daquela noite. “Nem pensar”, responde Soares. Tinha deixado uma cassete a gravar a novela e vai vê-la assim que sair da RTP.
Estão finalmente prontos. Antes de entrarem no estúdio 4, Miguel Sousa Tavares, o jornalista que vai moderar o debate, convida os candidatos a escolherem as faces da moeda que vai ditar quem começa e quem termina o debate. “Escolhe tu, Mário“, convida Zenha. Soares fica com o lado onde aparece uma caravela, Zenha com o escudo. Será Francisco Salgado Zenha a começar.
É ele quem desfere o primeiro golpe. Diz que o adversário “seria um mau Presidente da República se for eleito”, uma vez que está tomado por uma “cruzada anti-eanista e anti-comunista não pode ser um elo de ligação entre os portugueses”. Soares responde na mesma moeda: “Considero que se a candidatura dele viesse a vingar seria de facto terrível para o país. O que me separa verdadeiramente do Doutor Salgado Zenha é esta simples questão: eu sou da esquerda democrática mas entendo que a esquerda democrática não deve estar unida com a esquerda totalitária”.
Conhecem-se há uma vida, mas tratam-se por “Doutor Salgado Zenha” e “Doutor Mário Soares”. Mal se olham nos olhos. Se Soares quer falar sobre o passado e sobre a luta contra o PCP, Zenha tem coisas para lhe dizer. Recorda-lhe que estava em Portugal na resistência ao Estado Novo, enquanto Soares estava resguardado em Paris. Lembra-lhe que, depois da revolução, estava no país a lutar contra a unicidade sindical, enquanto Soares estava numa das muitas viagens que fazia ao estrangeiro. E diz-lhe que ele, Zenha, estava em Lisboa quando se deu o 25 de Novembro; já Soares estava no Porto, para onde tinha fugido.
A luta entre os dois é mais do que política — é pessoal. Soares não larga o adversário e insiste na colagem a Cunhal. Está finalmente pronto para desferir o grande golpe. “Acho que a candidatura do Dr. Salgado Zenha é uma candidatura de divisão da esquerda, é uma candidatura fratricida, inequivocamente frentista, do tipo de frentismo popular, e é, em quarto lugar, uma candidatura imobilista e sem projeto político.”
Mas Zenha não deixa de sorrir. Conhece o homem que tem pela frente. E conhece-lhe os truques. Diz que Soares fala tanto e de forma tão “torrencial” que é difícil responder a tudo. Reclina-se na cadeira como se fosse dar uma aula. Mantém-se na sua linha argumentativa e defende que Soares nunca será capaz de ser o “Presidente de todos os portugueses”. Só que Miguel Sousa Tavares interrompe. Quer confrontar Zenha com o facto de Soares ter dito que protagonizava uma “candidatura fratricida”. Será o grande momento do debate.
“Gostava que o Doutor Mário Soares explicasse o que ele entende por fratricidío. Se porventura se entende que ele é meu irmão, ele não é meu irmão. Não é, nunca foi, nem nunca será. Eu tenho os meus irmãos, tenho a minha família e nunca troquei a minha família com a do Doutor Mário Soares. Como ele tem a família dele”, atira Zenha.
É o golpe mais violento da noite. Mário Soares mal reage, esboça apenas um sorriso triste. Anos mais tarde, na biografia assinada pelo jornalista Joaquim Vieira, dirá que sentiu aquela frase como um “murro no estômago” que nunca esperou receber. E Francisco Salgado Zenha nem sequer tinha pestanejado. A amizade entre os dois, de praticamente quatro décadas, tinha chegado ao fim.
A primeira volta acabaria por dar a vitória de Soares sobre Zenha por cinco pontos percentuais de diferença — os 7% de Maria Lourdes Pintassilgo, a candidata que o líder socialista fez tudo para segurar na corrida, terão desempenhado um papel determinante nisso. Na própria noite da primeira volta, Zenha declarou de imediato o apoio a Mário Soares no combate contra Diogo Freitas do Amaral. Combate que Soares viria a vencer.
Francisco Salgado Zenha nunca mais regressou à política. António Guterres, que teve nele a grande inspiração política, chega a convidá-lo para regressar ao PS, mas Zenha não aceitou. De alguma forma, a imagem do eterno número dois foi-se apagando da memória coletiva.
A cisão com Soares, a saída do PS, a derrota nas presidenciais, o afastamento definitivo da política e, por fim, a morte prematura contribuíram para isso mesmo. Cruel ironia: o lema com que encarava a vida — “só é vencido quem desiste de lutar” será frequentemente atribuído não a ele, mas a Mário Soares.
Francisco Salgado Zenha morreu a 1 de novembro de 1993, aos 70 anos. Os dois, Soares e Zenha, nunca mais retomaram a amizade.
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