Agosto foi um mês que se tornou no mês. Depois de uma temporada para esquecer, que culminou com a eliminação precoce no Campeonato do Mundo de clubes, que decorreu nos Estados Unidos, bem como na saída de Martín Anselmi, o presidente André Villas-Boas continuou a arrumar a casa e apostou fortemente na época 2025/26, desde logo com a contratação de Francesco Farioli. Com o treinador chegaram diversos reforços, numa pré-temporada que foi uma verdadeira revolução no seio do balneário portista. Para já, a tarefa não podia ter corrido melhor, já que o FC Porto venceu os quatro jogos de agosto, com 11 golos marcados e apenas um sofrido. Na retina fica a liderança isolada dos azuis e brancos e a convincente vitória em Alvalade, frente ao bicampeão Sporting (2-1). Contudo, a tarefa promete complicar-se a partir de setembro, com a entrada na fase de liga da Liga Europa. Para já, o ciclo até à paragem das seleções é exigente, com o clássico do Dragão, frente ao Benfica, a encerrar essa leva de partidas.
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Depois do clássico, os dragões aproveitaram ainda para contratar Jakub Kiwior, que chegou a Portugal proveniente do Arsenal, com o FC Porto a pagar dois milhões de euros pelo empréstimo e 17 milhões, mais cinco em variáveis, quando o acordo se fizer em definitivo. Para além do defesa polaco, Pedro Lima chegou à cidade Invicta proveniente de Inglaterra, por empréstimo do Wolverhampton. Em sentido inverso, Zé Pedro saiu para o Cagliari (por dois milhões), Marko Grujic rescindiu e assinou pelo AEK Atenas, Fábio Cardoso ingressou no Sevilha (a custo zero, com 25% de uma futura venda) e Vasco Sousa foi emprestado ao Moreirense, depois de ter renovado até junho de 2030. E foi assim que os portistas chegaram à partida desde sábado, frente ao Nacional, que esteve em risco de ser adiada por conta das dificuldades logísticas que os madeirenses tiveram para se deslocarem para a cidade do Porto a tempo do desafio. O problema acabou por ser superado a tempo e horas, com a Liga Portugal a intrometer-se junto da TAP.
Ficha de jogo
FC Porto-Nacional, 1-0
5.ª jornada da Primeira Liga 2025/26
Estádio do Dragão, no Porto
Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)
FC Porto: Diogo Costa; Pablo Rosário, Jan Bednarek, Jakub Kiwior, Francisco Moura (Zaidu Sanusi, 55’); Alan Varela (Nehuen Pérez, 55’; Stephen Eustáquio, 60’), Victor Froholdt, Rodrigo Mora (Gabri Veiga, 55’); Pepê, Borja Sainz e Samu Aghehowa (Deniz Gül, 86’)
Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos; Dominik Prpic, Ángel Alarcón e André Miranda
Treinador: Francesco Farioli
Nacional: Lucas França; João Aurélio, Léo Santos, Zé Vitor, José Gomes; Matheus Dias, Chiheb Labidi (Joel Silva, 74’), Liziero (Filipe Soares, 74’); Paulinho Bóia (Lucas João, 84’), Pablo Ruan (Witi Quembo, 63’) e Jesús Ramírez
Suplentes não utilizados: Kaique; Ulisses Wilson, André Sousa, Lenny Vallier e Martim Watts
Treinador: Tiago Margarido
Golos: Samu (g.p., 31’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a João Aurélio (30’), Tiago Margarido (66’), Labidi (70’), Gabri Veiga (76’), Samu (80’), Zé Vítor (90+1’) e Léo Santos (90+9’)
Por outro lado, Farioli também teve que lidar com várias dores de cabeça antes desta partida da quinta jornada do Campeonato Nacional, já que uma onda de lesões obrigou o treinador italiano a mudar parte do seu onze inicial. Sem os lesionados Alberto Costa, Martim Fernandes, William Gomes e Luuk de Jong, o técnico de 36 anos tinha de encontrar uma solução para ocupar o lado direito da defesa, que podia passar pela adaptação de Nehuen Pérez, Pablo Rosário ou Pepê, ou a estreia oficial de Pedro Lima. Em sentido inverso, Stephen Eustáquio e Gabri Veiga recuperaram e voltaram às opções do emblema azul e branco. Um dado adquirido era a estreia de Kiwior e o regresso de Samu Aghehowa ao onze inicial, persistindo ainda a dúvida sobre as titularidades de Rodrigo Mora e Gabri, que até podiam jogar em conjunto.
“É muito importante este regresso [ao Dragão]. Muitos jogadores estiveram fora, ao serviço das suas seleções. É importante reconectar todos nos dias antes do jogo. É preciso continuarmos focados. Nada de olhar para o passado, mas sim para o que aí vem. O Nacional é uma grande equipa. Já fez belos jogos em casa. Temos de olhar para isso. Temos de estar preparados para diferentes tipos de pressão e diferentes tipos de cenário. Lateral? Há diferentes cenários, jogadores e opções para avaliar do ponto de vista tático. É falta de sorte. O Martim, o Francisco [Moura], o Luuk, o Eustáquio… agora o Alberto. É preciso arranjar opções. Quando alguém falta, outro tem de estar pronto para dar o passo em frente. Froholdt? O que me surpreende é a facilidade de adaptação. Foi um dos primeiros jogadores a ser colocados em cima da mesa. Transmite sensações positivas. Estamos todos contentes com as suas características. É importante para ele e para nós, para nos desenvolvermos”, assumiu Farioli na antevisão.
Do outro lado estava um Nacional que não vencia no Dragão, em jogos da Primeira Liga, há 17 anos e que, em 48 partidas realizadas frente ao FC Porto, tinha vencido apenas oito. Os alvinegros tiveram uma entrada positiva no Campeonato, tendo somado quatro pontos em quatro jornadas. Curiosamente, a vitória e o empate registaram-se nos jogos fora de portas: em Vila do Conde (1-1) e em Rio Maior (2-0). “O FC Porto está num momento fantástico, com quatro jogos e quatro vitórias. Estão muito fortes, principalmente, na sua casa. Isso coloca-nos também um desafio grande pela frente e fora da nossa zona de conforto, mas nós gostamos disso, gostamos de nos desafiar e de nos experimentar. Vamos a este jogo com muita ilusão, com muita ambição de trazer um resultado positivo do Dragão. O Nacional, como princípio, nunca coloca autocarros. Às vezes os adversários é que empurram a nossa equipa para trás e temos de nos defender porque estamos aqui para competir e ganhar pontos. Se tivermos que meter o autocarro, se o FC Porto nos obrigar ou empurrar para trás, em certos momentos, não considero colocar o autocarro, considero sim, defender a nossa baliza”, perspetivou Tiago Margarido.
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Com os dados lançados e José Mourinho na tribuna do Dragão, Farioli fez quatro alterações no onze inicial da sua equipa, estreando Kiwior. Para além do polaco, que atuou ao lado do companheiro de seleção Jan Bednarek, Rosário foi mesmo o escolhido para atuar no lado direito da defesa, repetindo o que já tinha acontecido no Nice, com o técnico italiano. Mora manteve a titularidade à frente de Veiga e, no ataque, Pepê e Samu voltaram às opções. De foram ficou Nehuen, que se juntou à tripla de lesionados. No Nacional, Margarido apostou no seu habitual 4x3x3 e apresenta apenas uma novidade em relação à última jornada: Pablo Ruan voltou ao onze depois de cumprir castigo e rendeu Witi Quembo no lado esquerdo do ataque.
Apesar de a primeira oportunidade do desafio ter pertencido aos insulares, com Paulinho Bóia a tentar fazer um chapéu desde o meio-campo (3′), o FC Porto assumiu o controlo do desafio desde o pontapé de saída e depressa se instalou no ataque, com Borja Sainz a inaugurar o marcador logo a abrir, mas o lance acabou anulado por fora de jogo do espanhol aquando do cruzamento de Pepê (6′). Pouco depois, o camisola 17 descobriu Mora solto de marcação à entrada da área, colocou-lhe a bola, o português recebeu, rodou e, de pé direito, desferiu um remate traiçoeiro que passou perto da trave (11′). A partir daí, o Nacional reagiu bem à entrada forte dos dragões, subiu o bloco e fechou o espaço no corredor central, “obrigado” os extremos portistas a jogarem com mais larguras e os laterais e fazerem incursões por dentro. Nessa fase, tanto Francisco Moura como Pablo Rosário, que se mostrou desconfortável na posição, estiveram pouco incisivos, um pouco à imagem da sua equipa, que deixou de criar perigo e de chegar à área alvinegra.
Contudo, à passagem da meia-hora de jogo, um lance entre João Aurélio e Sainz, dentro da área, desbloqueou a partida, com Luís Godinho a assinalar grande penalidade sobre o espanhol, que foi pisado pelo capitão nacionalista. Na conversão do castigo máximo, Samu enganou Lucas França com uma paradinha e desferiu um remate forte e rasteiro ao ângulo inferior esquerdo (31′). Apesar da aparente tranquilidade, a primeira etapa chegou ao fim com a maior ocasião de perigo do Nacional, com Chiheb Labidi a recuperar a bola em zona subida e a atirar rasteiro, de fora da área, para uma defesa apertada de Diogo Costa junto ao relvado (45′). Apesar do domínio, a vantagem da equipa de Farioli ao intervalo dava esperança aos insulares.
Sem novidades ao intervalo, a segunda parte começou com um problema médico na bancada do norte do Estádio do Dragão, depois de um espectador se ter sentido mal e ter precisado de ser auxiliado pelos socorristas, bem como Nélson Puga, médico do FC Porto. O Nacional deu seguimento ao bom momento e, depois de um erro de Alan Varela, Jesús Ramírez aproximou-se da área e tentou servir José Gomes, mas Diogo antecipou-se e travou o cruzamento (51′). Francesco Farioli respondeu de pronto, lançando Nehuen Pérez, Zaidu Sanusi e Gabri Veiga, numa tripla alteração que levou Rosário para o meio-campo, mas a mudança durou pouco tempo porque, num lance com Labidi, o argentino pareceu lesionar-se com gravidade no tornozelo direito e foi rendido por Stephen Eustáquio. Do outro lado, Tiago Margarido apostou Witi Quembo, por troca com Pablo Ruan (63′), mas as alterações não foram suficientes para inverter a fase entediante e morna.
Depois de quase 40 minutos sem rematarem, os azuis e brancos voltaram a criar perigo junto da baliza de Lucas França, e de que maneira. Num contra-ataque que até começou num canto do Nacional, Sainz conduziu a transição e, junto à área, serviu Pepê que, depois de passar por um adversário, isolou-se e, perante a saída do guarda-redes, atirou por cima com tudo para fazer muito melhor (73′). Para a fase final do desafio, Margarido colocou Filipe Soares e Joel Silva, mas os dragões voltaram a criar perigo, valendo um grande corte de Léo Santos a impedir que o cruzamento do brasileiro chegasse a Samu (83′). Já com Lucas João no ataque, Eustáquio descobriu Pepê solto dentro da área, o extremo simulou o remate e sentou dois adversário e, de pé esquerdo, atirou rasteiro para defesa do compatriota com a mão esquerda (85′). Deniz Gül foi a última opção a sair do banco e viu os colegas continuarem perdulários na finalização, com Gabri Veiga a atirar fraco para as mãos de França quando seguia isolado (88′). Até ao fim, Sainz atirou ao lado de fora da área (90+3′) e Lucas França impediu Gül de fazer o segundo (90+6′).