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(A) :: "Vivemos confinados nas nossas casas". Câmara de Roma proíbe "senhora dos pombos" de alimentar animais após queixas de vizinhos

"Vivemos confinados nas nossas casas". Câmara de Roma proíbe "senhora dos pombos" de alimentar animais após queixas de vizinhos

Vizinhos reclamaram da sujidade, cheiro e quantidade "absurda" de pombos à volta do prédio. Caso chegou à autarquia, mas mulher diz que não faz isto por "diversão", mas sim porque "resgata animais".

Manuel Nobre Monteiro
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O presidente da Câmara de Roma ordenou a uma mulher que parasse de alimentar pombos que invadiram um prédio residencial, depois de os vizinhos terem denunciado o que descreveram como um “inferno”, marcado pela sujidade e mau cheiro.

De acordo com o Roma Today, a mulher, conhecida como a “senhora dos pombos”, vive no terceiro andar de um prédio da Via Spartaco e terá, durante anos, colocado comida no parapeito da sua janela, atraindo dezenas de pombos que rapidamente se multiplicavam naquela rua. Os vizinhos começaram a notar que o exterior do prédio e os carros ficavam cheios de excrementos e acabaram por fazer queixa à autarquia.

A mulher defendeu-se das acusações e afirmou ao mesmo jornal italiano que é uma ativista da Liga Italiana de Proteção das Aves — organização dedicada à defesa da fauna. “Não faço isto por diversão. Resgato animais em perigo, sejam eles pombos, cães ou gatos. Coloquei comida para salvar um, mas é natural que viessem outros. O que se tem dito sobre mim são mentiras e calúnias”, afirmou. A moradora garantiu ainda ter interrompido esta prática: “Já não coloco alimentos e espero que eles se afastem. Vou tratar da limpeza, por mim, pelos vizinhos e pelos próprios pombos, que são as maiores vítimas”.

Os vizinhos contam, no entanto, outra versão. Alguns gravaram imagens da “senhora dos pombos” a distribuir sementes, pedaços de carne e restos de comida pela janela, ignorando a higiene do prédio. “Ela continua como se nada fosse e está a tornar a nossa vida num inferno”, afirmou um vizinho à estação pública Rai.

Apesar da existência de um regulamento municipal que proíbe a alimentação regular de pombos na cidade, esta situação prolonga-se há anos. “Vivemos confinados nas nossas próprias casas por causa desta história absurda”, lamentou uma vizinha ao FanPage, acrescentando: “Tentámos conversar, mas não resultou, e agora atingimos o limite“.

De acordo com Rocco Ferraro, vereador responsável pela pasta do Ambiente na Área Metropolitana de Roma, o problema contribuiu para a desvalorização das casas e dificulta a sua compra e venda. As autoridades municipais admitem que não foram ainda registados problemas de saúde diretamente associados a esta situação, mas alertam para o risco potencial.

Face às queixas, o autarca Roberto Gualtieri decidiu proibir “a alimentação a pombos ou outras aves selvagens” e ordenou que os responsáveis pelo apartamento em causa assumam, no prazo de dez dias, a limpeza e desinfestação das zonas afetadas. Caso não cumpram, a autarquia prevê a execução forçada da ordem, podendo recorrer às forças policiais.