A agência de notação financeira Fitch subiu, esta sexta-feira, o rating de Portugal de A- para A, com outlook (perspetiva) estável, anunciou, em comunicado. A Fitch apontou vários motivos para subir a classificação de Portugal, como a redução contínua da dívida, uma posição orçamental equilibrada, défices reduzidos a partir de 2026, o aumento das exportações e um crescimento resiliente.
Para a Fitch, o desempenho orçamental português é “superior ao da maioria dos seus pares com classificação semelhante”, com a agência a esperar manter-se “um excedente orçamental de 0,1% do PIB em 2025” e a queda da dívida pública reflete um “crescimento robusto” e superavits consideráveis.
A agência estima um crescimento do PIB de 1,8% em 2025, “impulsionado pelo aumento dos rendimentos reais, um mercado de trabalho robusto e o investimento público apoiado pelo PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], enquanto as exportações líquidas terão um impacto modesto no crescimento, num contexto de procura externa mais fraca e importações mais elevadas”.
A agência prevê que “o crescimento acelere para 2,2% em 2026, devido ao consumo resiliente, aos cortes fiscais e à implementação mais rápida do PRR, enquanto as taxas de juro mais baixas e a diminuição da incerteza apoiam o investimento privado”. Para 2027, projeta que “o crescimento desacelere para 1,7%, à medida que o investimento público relacionado ao PRR se normaliza”.
Paralelamente, a Fitch prevê que “o saldo das administrações públicas passe a apresentar um défice moderado de 0,7% do PIB em 2026”, reduzindo-se para “um défice de 0,4% do PIB em 2027”, tendo em conta a redução de investimento.
A agência apontou ainda o excedente da balança externa, destacando que esta “melhoria reflete um aumento acentuado nas exportações de serviços, particularmente no turismo, e uma redução do défice energético, apoiada por custos mais baixos de importação de energia e pelo aumento da quota de energias renováveis”. A Fitch destacou ainda a descida da dívida do setor privado como um dos fatores que teve em conta na sua decisão de subir o ‘rating’ de Portugal.
A agência realçou os “pontos fortes estruturais” do país sustentados “pela adesão à UE e à zona euro”, mas ressalvou que “são contrabalançados por níveis ainda elevados de dívida pública e externa herdados do passado”.
Para a agência, as eleições antecipadas não foram um fator que perturbasse a sua avaliação, indicando que “os resultados apoiam uma ampla continuidade política, com perturbações limitadas na política orçamental e sem obstáculos significativos previstos para a aprovação do orçamento do Estado para 2026”.
A agência acredita que os riscos para o crescimento são reduzidos, impulsionados principalmente por “desafios externos, incluindo um abrandamento mais acentuado entre os principais parceiros comerciais europeus”. O mercado de trabalho “continua forte”, destacou, prevendo ainda que a inflação se estabilize “em cerca de 2,0% em 2025-2027, abaixo dos 2,7% registados em 2024, com uma diminuição gradual das pressões sobre os preços dos serviços”.
Quanto ao setor bancário, para a Fitch, “os bancos portugueses estão bem capitalizados”, tendo o rácio de crédito malparado diminuído. A Fitch junta-se assim a outras agências de crédito, que têm subido o rating de Portugal, como a DBRS, que avalia a dívida soberana em A (elevado) e a Moody’s em A3.
A S&P melhorou a classificação de A para A+, apenas seis meses após outra subida.
Subida do ‘rating’ de Portugal pela Fitch é “reconhecimento do trabalho”, diz Governo
A decisão da agência de notação financeira Fitch em subir o rating de Portugal para A é um “reconhecimento do trabalho” feito pelo Governo, famílias e empresas, disse o Ministério das Finanças, num comunicado.
Na nota, publicada após o anúncio da revisão em alta da classificação de Portugal pela organização, a tutela disse que “esta decisão é mais uma conquista para Portugal e o reconhecimento do trabalho que está a ser feito pelo Governo, pelas famílias e empresas, no sentido de promover o crescimento da economia, garantir o equilíbrio das contas públicas e a redução sustentada da dívida pública”.
A tutela lembrou que se trata “da segunda revisão em alta do rating para Portugal em apenas duas semanas”, sendo que “no final do mês de agosto, também a Standard & Poor’s (S&P) elevou a notação da dívida de ‘A’ para ‘A+’”, salientou.
“Sendo o rating determinante para a forma como o país é percecionado pelos investidores externos e para os custos do seu financiamento, esta segunda subida da notação financeira é uma excelente notícia para Portugal e para os portugueses”, salientou.
O Governo disse ainda que a Fitch assinalou que “Portugal é dos países que mais conseguiu reduzir a dívida pública, entre aqueles que são analisados, mantendo uma política orçamental prudente e um crescimento robusto”.
Destacou ainda que “o país tem registado melhor desempenho orçamental do que os seus pares” e que “a redução do endividamento externo e as perspetivas para a economia portuguesa, com um crescimento superior à média da zona euro em 2026 e 2027”, são também destacadas de forma positiva.