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ONU: armas químicas podem estar em mais de 100 novos locais na Síria

Alta representante das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento destacou um "notável progresso" do acompanhamento das operações sírias. Organização quer visitar todos estes locais.

Agência Lusa
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Mais de 100 novos locais podem ter sido usados para albergar armamento químico sírio, além dos 26 inicialmente declarados na Síria, afirmou esta sexta-feira a ONU.

A informação foi disponibilizada à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e avançada ao Conselho de Segurança da ONU pela alta representante das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, que destacou um “notável progresso” sobre este dossiê nos últimos meses.

Izumi Nakamitsu destacou o compromisso das novas autoridades sírias de cooperar plenamente com o secretariado técnico da OPAQ, admitindo terem sido feitas “descobertas preocupantes” sobre o que resta do programa de armas químicas do regime de Bashar al-Assad.

“No relatório deste mês, o secretariado técnico da OPAQ indicou que, além dos 26 locais declarados relacionados a armas químicas, as informações disponibilizadas à OPAQ sugerem que há mais de 100 outros locais que podem ter estado envolvidos em atividades relacionadas com armas químicas“, disse a alta representante.

Face a essa descoberta, a OPAQ planeia visitar todos esses locais, mas sempre tendo em consideração questões de segurança no local. Até ao momento, a OPAQ ainda não conseguiu confirmar se declarações apresentadas pelas anteriores autoridades sírias eram precisas e completas.

“Um total de 26 questões pendentes foram relatadas, das quais 19 permanecem sem solução”, afirmou Nakamitsu, frisando que a substância dessas questões é de “grave preocupação”, uma vez que envolve grandes quantidades de agentes de guerra química e munições químicas potencialmente não declarados ou não verificados.

Desde março deste ano, equipas da OPAQ fizeram quatro visitas à Síria para consultar autoridades competentes e visitar locais declarados e suspeitos de armazenar armas químicas. De acordo com a ONU, novas visitas estão em fase de preparação.

Durante um destacamento realizado em abril, a OPAQ recolheu três amostras num dos locais visitados, que posteriormente vieram a revelar indícios de agentes nervosos. “Esta é uma descoberta preocupante. A OPAQ compartilhou os resultados com as autoridades sírias e pretende abordar a questão em novas deslocações”, explicou Nakamitsu.

A ONU admitiu agora haver desafios significativos pela frente em relação ao dossiê de armas químicas da Síria, apelando ao apoio de toda a comunidade internacional. O diretor-geral da OPAQ observou que as tarefas futuras provavelmente serão mais complexas do que aquelas realizadas há 11 anos, quando se deu a destruição do programa de armas químicas declarado da Síria. A OPAQ tem já planos de destruição de quaisquer armas químicas que venham a ser identificadas e resíduos.

“Existe atualmente uma oportunidade crucial para obter esclarecimentos há muito esperados sobre a extensão e o escopo completos do programa de armas químicas da Síria e para livrar o país de todas as armas químicas”, insistiu Izumi Nakamitsu perante o Conselho de Segurança, instando a uma colaboração deste órgão da ONU.

Esta reunião foi também a primeira em que participou o novo embaixador da Síria na ONU, Ibrahim Olabi. O diplomata afirmou que Damasco trabalha incansavelmente para se tornar um refúgio de paz e prosperidade na região após anos de luta dos sobreviventes das armas químicas.

O embaixador reforçou que o Presidente interino, o ex-líder rebelde Ahmad al-Sharaa, assegurou às vítimas que as armas químicas não voltarão a ser usadas no país e não poupará esforços para garantir que os perpetradores sejam levados à justiça.

“O regime de Assad realizou estas atividades no maior sigilo e criou uma complexa estrutura de segurança para contornar as inspeções e desrespeitar a convenção sobre armas químicas, o que exige muita cooperação entre todas as partes envolvidas”, admitiu Olabi.

O embaixador salientou existirem outros desafios, como a fragilidade das infraestruturas e uma economia desgastada por anos de conflito, que têm dificultado o reerguer do país. Olabi garantiu que a nova liderança síria está empenhada em destruir o arsenal de armas químicas.