O alegado líder de um grupo criminoso que recorria a empresas de canábis medicinal em Portugal para introduzir grandes quantidades de droga em mercados na Europa e África foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) nos Países Baixos, tendo sido extraditado esta quinta-feira para Portugal.
Segundo a PJ, o grupo comprava empresas farmacêuticas ligadas à canábis medicinal para depois criar sociedades comerciais licenciadas para vender, importar e exportar esta substância. Porém, acabava por direcionar quilos de canábis para mercados ilícitos, através de documentação e certificados falsos.
O suspeito de nacionalidade holandesa detido esta quinta-feira tem 48 anos e tinha fugido para os Países Baixos. Com o auxílio das autoridades holandesas, foi possível intercetá-lo na quinta-feira de manhã e na mesma noite, já estava em Portugal. Na detenção, estiveram envolvidas a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes e a Unidade de Cooperação Internacional da PJ.
Esta detenção é mais uma fase da operação Erva Daninha, que em maio levou à constituição de mais de duas dezenas de arguidos e à retirada de licenças a várias sociedades produtoras e comercializadoras de canábis medicinal, de acordo com informações confirmadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Observador. Nessa altura, foi detido outro dos cabecilhas do grupo criminoso e apreendidos mais de 7 mil quilos de canábis.
O Observador sabe que o suspeito holandês já tinha antecedentes criminais no país de origem relacionados com droga. O outro líder da rede, dinamarquês, também tinha antecedentes criminais. Ambos levavam uma vida ostensiva, tendo vários carros de luxo, viajando com frequência, e residiam em zonas caras de Lisboa.
https://observador.pt/2025/05/21/cinco-detidos-e-mais-de-sete-toneladas-de-canabis-apreendidas-pela-pj-na-operacao-erva-daninha/
Numa primeira fase, e em articulação com as autoridades policiais e judiciárias (Polícia Nacional) de Espanha, a PJ já tinha apreendido cerca de 1.200 quilos de anfetaminas, como 3-CMC e 3-MMC.
Em comunicado, a Polícia Judiciária detalha que através das investigações iniciadas em 2022, “foi possível determinar que uma organização criminosa, constituída por cidadãos nacionais e estrangeiros, após proceder à aquisição de empresas farmacêuticas, infiltraram diversas sociedades comerciais licenciadas para o comércio por grosso, importação e exportação de canábis medicinal”.
“Conhecendo as falhas e vulnerabilidades do sistema de fiscalização e controlo de exportações de canábis medicinal no nosso país, aproveitaram-se e diligenciaram no envio de vários milhares de quilos de canábis para mercados ilícitos”, indica a PJ.
As investigações, tituladas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), continuam em curso. Ao primeiro alegado cabecilha detido pela Polícia Judiciária, o cidadão dinamarquês, foi imposta a medida de prisão preventiva e outras duas pessoas, ligadas a empresas de canábis medicinal, ficaram sujeitas a Termo de Identidade e Residência (TIR) com apresentações bissemanais às autoridades. As medidas de coação do detido holandês ainda não foram divulgadas.