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Na edição de 2024 da Eurovisão, a comitiva dos Países Baixos foi vocal nas críticas sobre a participação de Israel no concurso. Joost Klein, o artista que foi escolhido para representar o país com a canção “Europapa”, acabou expulso da competição após ter sido acusado de agredir uma fotógrafa sueca. Antes, numa conferência de imprensa em que partilhava o palco com Eden Golan — a representante israelita —, exigiu uma resposta da sua co-concorrente a uma questão colocada por um jornalista polaco, apesar de o moderador do evento ter dito que não era necessário responder.
“Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?”. A resposta israelita acabou por não acontecer, mas a delegação neerlandesa não se manteve calada. Agora, meses antes da edição de 2026 do festival que reúne quase 40 países, a emissora nacional dos Países Baixos deixou um ultimato à organização do festival: se Israel participar, os Países Baixos desistem da competição. Com esta ameaça, juntam-se à Eslovénia, à Irlanda e a Espanha, que já comunicaram as suas preocupações à União Europeia de Radiodifusão (EBU), a entidade responsável pela Eurovisão.
A decisão final é da EBU e o tema estará em cima da mesa na assembleia geral, nos dias 4 e 5 de dezembro, cinco meses antes do concurso chegar à Áustria. Num comunicado publicado no site da emissora neerlandesa Avrotros, a televisão diz que “o sofrimento humano, a supressão da liberdade de imprensa e a interferência política estão em contradição com os valores da radiodifusão pública”.
“A Avrotros já não pode justificar a participação de Israel na situação atual, dado o sofrimento humano grave e contínuo em Gaza”, lê-se. Sublinham, também, que “há provas comprovadas de interferência por parte do governo israelita durante a mais recente edição do Festival Eurovisão da Canção, em que o evento foi utilizado como instrumento político”, o que vai contra a “natureza apolítica do concurso”. Assim, “a emissora decidiu que a participação da Avrotros no Festival Eurovisão da Canção 2026 não será possível enquanto Israel for admitido pela EBU”.
Israel, de acordo com a emissora nacional Kan, pretende participar novamente no festival nesta próxima edição, que deverá correr durante o mês de maio. Tanto Israel como os países que já verbalizaram a sua intenção de abandonar a competição caso não vejam as suas exigências cumpridas, estão a preparar a participação como habitual, à espera da decisão que será conhecida no início de dezembro.
Martin Green, o diretor do concurso, admite compreender “as preocupações e as opiniões profundamente enraizadas em torno do conflito no Médio Oriente” e, deste modo, salienta que a organização está aberta a ouvir os restantes países envolvidos na competição. “Estamos ainda a consultar todos os membros da UER para recolher posições sobre como gerir a participação e as tensões geopolíticas no Festival da Eurovisão. Cabe a cada emissora decidir se quer participar e respeitaremos qualquer decisão tomada”, afirmou.