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(A) :: O regresso do rei Jasper no dia em que a Emirates caiu no engodo da Visma: Philipsen soma terceira vitória e Vingegaard ganha 4 segundos

O regresso do rei Jasper no dia em que a Emirates caiu no engodo da Visma: Philipsen soma terceira vitória e Vingegaard ganha 4 segundos

Num dia de transição, a Visma voltou a mostrar que tem o melhor bloco e aproveitou a desatenção da Emirates para recuperar quatro segundos no sprint intermédio. Philipsen bateu Pedersen no final.

Tiago Gama Alexandre
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O penúltimo match point voltou a cair para Jonas Vingegaard. A alteração de quilometragem do contrarrelógio de Valladolid acabou por mudar, em parte, as aspirações dos corredores que lutam pela classificação. Ainda assim, João Almeida (UAE Team Emirates-XRG) exibiu-se a grande nível, terminou na terceira posição junto dos especialistas e ganhou quase um segundo ao quilómetro ao principal rival. Contudo, os 40 de segundos de desvantagem face ao dinamarquês da Visma-Lease a Bike aparentam ser uma dura missão, numa fase em que sobra apenas a penúltima etapa para os homens da geral — e em que a Bola del Mundo está, alegadamente, em suspenso por conta das manifestações. Por outro lado, o segundo lugar parece cada vez mais assegurado e Portugal pode, assim, voltar ao pódio de uma Grande Volta 51 anos depois de Joaquim Agostinho.

https://observador.pt/2025/09/11/a-vida-esta-feita-de-ses-mas-senti-me-muito-forte-o-dia-em-que-joao-almeida-ganhou-mas-podia-ter-ganho-mais

“Fiz o melhor que pude. Não é um esforço que se adapta muito a mim. Foi uma pena que o contrarrelógio não tivesse 27 quilómetros, mas é o que é. Nunca saberemos o que teria acontecido de outra forma. Os ‘ses’ não importa, na vida. Não posso dizer muito sobre isso, mas ainda podemos estar bastante satisfeitos com o resultado. Senti-me bastante forte. O que se segue? A mesma coisa do primeiro dia. Estamos a dar o nosso melhor todos os dias. Às vezes temos um dia bom, outras vezes um dia mau. É a mesma coisa para todos. Temos que manter o foco e continuar a dar o nosso melhor. Essa é a única coisa que podemos controlar”, explicou o português no final da etapa ganha por Filippo Ganna (Ineos Grenadiers).

“Sinceramente, estou aliviado depois deste contrarrelógio. Nunca tinha atingido uma média de 55 km/h num contrarrelógio. Acho que posso estar satisfeito com meu desempenho. Um contrarrelógio plano como este é um pouco mais adequado para os ciclistas maiores. Foi um dia decente para mim. Acho que tenho que me contentar com as diferenças de tempo, porque fiz um bom contrarrelógio. Ainda estou na liderança a duas etapas do fim. Agora temos que nos concentrar no dia de amanhã [sexta-feira] e no seguinte. Estes contrarrelógios curtos e planos geralmente não são os meus favoritos. No geral estou bastante confiante. Precisamos de manter o foco. Vão ser dois dias difíceis, mas estou pronto”, perspetivou o duas vezes vencedor da Volta a França.

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Antes do dia D, os ciclistas tinham pela frente uma etapa de transição que, ainda assim, podia ser traiçoeira devido ao vento. Com partida em Rueda e chegada em Guijuelo ao cabo de 161,9 quilómetros, a 19.ª etapa da Vuelta tinha apenas um sprint intermédio na segunda metade da prova, em Salamanca, e com bonificações para os três primeiros. Apesar de não ser uma etapa montanhosa, o percurso estava longe de ser plano, sendo que os últimos quatro quilómetros decorriam em subida, com uma inclinação média de 2,3%. Ainda assim, perspetivava-se que esta fosse mais uma das poucas oportunidades para os sprinters se evidenciarem, com Mads Perdersen (Lidl-Trek) a ter a oportunidade de sentenciar a conquista da camisola verde, dos pontos, naquele que foi o seu 50.º dia de corrida em Espanha.

Jakub Otruba (Caja Rural-Seguros RGA) e Victor Guernalec (Arkéa-B&B Hotels) foram os fugitivos do dia, depois de terem escapado logo nos dois primeiros quilómetros, embora o francês tenha ficado para trás pouco depois. Em Salamanca, o checo foi o primeiro a passar no sprint intermédio, numa altura em que tinha 1.20 minutos de vantagem para o pelotão, de onde Vingegaard saiu para bonificar quatro segundos, aproveitando da melhor forma uma incompreensível desatenção da Emirates. A partir daí, a corrida mudou de figura, com a Ineos e a Lidl a acelerarem na tentativa de partir o pelotão. Ainda assim, não houve cortes e Mario Aparicio e Sergio Chumil (Burgos Burpellet BH) aproveitaram para atacar a 40 quilómetros do fim. A iniciativa não durou muitos quilómetros e, pouco depois, um corte no pelotão deixou Vingegaard na frente, com Almeida a perseguir, sem a ajuda da sua equipa. Ainda assim, os grupos recolocaram.

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À entrada para os últimos dez quilómetros, Ineos e Groupama-FDJ aceleraram o ritmo, com Lidl, Intermarché-Wanty, Picnic PostNL e Arkéa a aproximarem-se também da dianteira. A Alpecin-Deceuninck assumiu o lançamento do sprint, com Pedersen a responder de pronto, mas JasperPhilipsen (Alpecin) voltou a ter mais ponta final e somou a terceira vitória nesta Volta a Espanha. O dinamarquês fechou no segundo lugar e Orluis Aular (Movistar) completou o pódio. Com este resultado, Pedersen está a apenas dez pontos de garantir o triunfo nos pontos. Na geral, Vingegaard aumentou para 44 segundos a vantagem face a João Almeida, antes da etapa que vai decidir o vencedor desta Vuelta.

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