Passou o mercado, passou o período de seleções, passou a primeira fase da temporada com todos os objetivos desportivos atingidos entre a conquista da Supertaça, a entrada na Champions e o percurso 100% vitorioso no Campeonato, passou também aquela postura mais resultadista que foi marcando as abordagens que iam sendo feitas por Bruno Lage. A última imagem que ficou do Benfica não foi propriamente a melhor, com uma vitória em Alverca marcada pela inferioridade numérica nos derradeiros 20 minutos que podia ter colocado o resultado em causa, a próxima que pretendia deixar queria que mostrasse maiores resultados face ao tempo de trabalho que foi tendo e ao entrosamento entre jogadores… que não tivessem saído para a seleção.
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“Em Alverca há o momento em que jogamos com onze e com 10. Com 11 fizemos dois golos e a equipa teve o controlo do jogo, com e sem bola. Depois, reduzidos a dez, há jogadores que ainda não se conhecem, há questões que têm a ver com o tempo. O mais importante é olharmos para equipa e fazê-la crescer. Ajudar os jogadores a conhecerem-se de diversas maneiras. Com o tempo e com a dinâmica, com equipas de bloco baixo, precisamos ter paciência, circular a bola de pé para pé, obrigar que as linhas deem espaço. Isso só vai com tempo de treino e de conhecimento entre os jogadores mas estamos no bom caminho”, apontara. “O Santa Clara é uma equipa bem organizada, sabem o que fazer com bola. Vai ser um jogo exigente e o foco é jogar ao mais alto nível. Colocar a cabeça nos objetivos do clube, que é vencer o Campeonato. Treinámos agora todos juntos e o mais importante é entrarmos neste ciclo com o pé direito”, acrescentou.
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Ainda assim, o tema que marcou as últimas semanas e o assunto que marcará as próximas semanas também não passaram ao lado da atenção do técnico, que abordou o mercado de transferências tentando “esvaziar” a possível chegada de Bernardo Silva enquanto trunfo eleitoral e recordando nas entre linhas outras janelas quando Luís Filipe Vieira era líder dos encarnados. “Foi o único mercado em que o presidente e a Direção levaram em consideração as ideias do treinador. Conversámos muito depois do Mundial de Clubes e sinto-me bem com essa responsabilidade. Bernardo Silva? Sem entrar no lado político da questão, pelo que conheço dele e da sua própria motivação, em breve será jogador do Benfica, independentemente do presidente”, comentou Bruno Lage, antes de refutar para já avaliar quem ganhou mais com o mercado.
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“Irei analisar as equipas quando as defrontar. O mais importante foi o trabalho que fizemos. Perdemos muitos jogadores e tivemos de fazer um esforço para colmatar ausências por lesão, outros por final de contrato e fizemos um bom trabalho”, resumiu, antes de assumir a ausência de Lukebakio por lesão tal como Amar Dedic (que está também castigado) e abordar a situação pessoal de Sudakov após o bombardeamento que apanhou a casa da família em Kiev: “Falámos com o jogador. É uma situação lamentável, triste, mas vejo-o a superar. O mais importante é a família estar segura e ele estar feliz por estar connosco. Está em modo recuperação pela viagem mas teve um contacto breve com os companheiros. Pode jogar em diversas posições, segundo médio, mais à frente, atrás do avançado, pelas alas. Este tipo de jogadores são sempre bem-vindos”.
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O ucraniano teve mesmo 20 minutos de estreia com um passe de encher o olho para Prestianni e pouco mais, a noite era tudo menos de estreias. Porquê? O Benfica, coletivamente, com e sem bola, teve a pior exibição da época frente a um Santa Clara que ficou reduzido a dez pouco depois da meia hora mas que ainda construiu a melhor oportunidade da primeira parte e que foi “premiado” nos descontos com o empate. O erro, que foi de pronto assumido pelo próprio, pertenceu a Otamendi, que levantou o braço a pedir desculpas a todos apesar de estar a ser uma das melhores unidades dos encarnados, mas foi a equipa que podia evitar essa situação limite caso não tivesse feito um jogo pálido, sem rasgo, à procura de um brilho que nunca encontrou em campo – e que também não surgiu com as opções técnicas de Bruno Lage a partir do banco.
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Ficha de jogo
Benfica-Santa Clara, 1-1
5.ª jornada da Primeira Liga
Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)
Benfica: Trubin; Tomás Araújo (Prestianni, 46′), António Silva, Otamendi, Dahl; Richard Ríos (Leandro Barreiro, 72′), Enzo Barrenechea; Aursnes, Schjelderup (Sudakov, 72′); Pavlidis e Ivanovic (Henrique Araújo, 72′)
Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Rafa Obrador, Gonçalo Oliveira, Leandro Santos e Diogo Prioste
Treinador: Bruno Lage
Santa Clara: Gabriel Batista; Sidney Lima, Frederico Venâncio, MT; Lucas Soares, Adriano (Pedro Ferreira, 81′), Serginho (Lucas Linhares, 81′), Paulo Victor; Brenner Lucas (Vinícius Lopes, 61′), Matheus Pereira (Anthony Carter, 81′) e Gabriel Silva (Diogo Calila, 61′)
Suplentes não utilizados: Neneca, Luís Rocha, João Costa e José Tavares
Treinador: Vasco Matos
Golos: Pavlidis (59′) e Vinícius Lopes (90+2′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Gabriel Silva (21′) e Enzo Barrenechea (58′); cartão vermelho direto a Paulo Victor (34′)
O encontro começou numa toada morna, que pouco ou nada teve a ver com o que aconteceu na última época em que Vinícius Lopes precisou de menos de um minuto para inaugurar o marcador no jogo que assinalou o regresso de Bruno Lage à Luz (e que terminou com goleada do Benfica, por 4-1, quase “vingando” o desaire de 2019/20 que acabou por ditar o despedimento do técnico na semana seguinte após nova derrota com o Marítimo na Madeira): encarnados com bola mas a rodar de forma lenta, açorianos com blocos mais baixos, zero aproximações ou toques nas áreas. Mais uma vez, como aconteceu em todos os encontros que realizou no Campeonato, voltou a ser a meia distância de Richard Ríos a “despertar” a equipa. Não marcou no ensaio inicial mais em força que foi defendido por Gabriel Batista (8′), também não marcou na tentativa seguinte mais em jeito que voltou a ser travada pelo guarda-redes do Santa Clara (12′), deu o mote à equipa.
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Mais por mérito da capacidade de pressão das águias logo no último terço do que por demérito da formação de Vasco Matos, os açorianos estavam quase sempre em ações defensivas e só ganhavam corpo na frente com a velocidade de Brenner Lucas, avançado que fazia a diferença numa primeira instância pela rapidez mas que depois acabava por definir mal no momento seguinte (e isso aconteceu em duas transições feitas em menos de cinco minutos). O jogo entrava numa outra fase, com o Santa Clara a assumir mais a posse e a construir a partir de trás explorando depois a profundidade e o Benfica a manter uma primeira velocidade que depois ia emperrar tudo o resto. Os minutos passavam, a meia hora inicial estava cumprida, nenhum dos conjuntos tinha criado uma oportunidade ou rematado na área – e os açorianos reforçavam a sua confiança.
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Faltava muito ao Benfica. Aliás, faltava quase tudo ao Benfica, da profundidade nas alas pelos laterais tendo em conta os movimentos interiores de Aursnes e Schjelderup à velocidade na variação de jogo pelas duas referências de corredor central, passando pelo próprio envolvimento dos centrais na saída tendo em conta o posicionamento do Santa Clara sem bola e pelas combinações sem efeito à vez entre Pavlidis e Ivanovic. O que mudou? A expulsão de Paulo Victor, após intervenção do VAR por ter pontapeado Tomás Araújo na cara de forma negligente (34′). Gabriel Silva, que acabou por descair depois sobre a esquerda para compensar a falta de um ala esquerdo, teve o primeiro remate enquadrado dos açorianos (42′), Frederico Venâncio teve a melhor oportunidade da primeira parte numa incursão sem oposição a partir de trás que acabou travada por Trubin antes da recarga de Gabriel Silva ao lado (44′), mas a partida iria mesmo ganhar um sentido único, apesar daqueles que foram os 45 minutos de menor inspiração do Benfica nos encontros da presente época.
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Bruno Lage não demorou a mexer, com Prestianni a ser lançado como falso ala direito tendo Aursnes como lateral a fazer todo o corredor. Ainda assim, a principal diferença foi mesmo a intensidade que os encarnados colocavam em campo, entre uma largura de jogo bem maior que obrigava a organização defensiva contrária a outros desafios (sendo que nos minutos iniciais não passou sequer do meio-campo). Frederico Venâncio era o grande baluarte da resistência açoriana e os minutos passavam sem que esse ímpeto inicial após o intervalo tivesse continuidade, o que deixava muitos adeptos de novo impacientes entre os assobios que já se tinham ouvido na primeira parte. O que quebrou a resistência? Um lance de estratégia: livre lateral à direita de Aursnes com bola ao segundo poste na movimentação de Otamendi, cabeceamento do argentino para defesa de Gabriel Batista e recarga oportuna de Pavlidis de pé direito na pequena área a inaugurar o marcador (59′).
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O Benfica passava a ter o encontro na mão, podendo a partir daí fazer o tipo de gestão que quisesse perante um Santa Clara que ainda fez outro remate enquadrado por Matheus Pereira mas sem perigo. Aproveitar o natural desgaste dos visitantes para forçar e aumentar o resultado? Gerir a partida com bola tendo em conta o resultado e a estreia na Champions na terça-feira? As três alterações promovidas por Bruno Lage ainda a 20 minutos do final apontava para ambas, com as entradas de Leandro Barreiro, Sudakov e Henrique Aráujo para dar descanso a jogadores como Richard Ríos, Schjelderup ou Ivanovic e mexer com as ações ofensivas à procura de pelo menos mais um golo que acabasse de vez com as dúvidas que existissem sobre o resultado, até porque Calila voltou a ameaçar a baliza de Trubin (76′). Contudo, estava para chegar um autêntico golpe de teatro: Otemendi falhou de forma clamorosa um atraso para Trubin após escorregar, Vinícius Lopes foi mais rápido a colocar-se no meio e desviou para o empate apesar do toque do ucraniano (90+2′).
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