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(A) :: Moedas deve sair? "Eu demiti-me porque senti que devia isso àquela mulher”

Moedas deve sair? "Eu demiti-me porque senti que devia isso àquela mulher”

A ex-ministra e ex-presidente do PS/Lisboa elogia a posição de Alexandra Leitão, mas sugere que no lugar de Moedas se demitiria. Não nega ter sido sondada "por amigos" para uma candidatura a Belém.

Inês André Figueiredo
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Miguel Viterbo Dias
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Rita Tavares
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Rui Pedro Antunes
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Marta Temido admite que terá sido sondada para protagonizar uma candidatura presidencial, mas, como só sabe concorrer para “ganhar”, isso podia impedi-la de cumprir o mandato no Parlamento Europeu — o que promete fazer. Em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, a ex-líder do PS/Lisboa acusa Moedas de ter preferido “disparar em todas as direções” quando se sentiu “acossado” com a tragédia no Elevador da Glória, ao invés de ser “coerente” (com o pedido de demissão que tinha feito a Medina em 2021).

Relativamente ao Orçamento do Estado para 2026, diz que é “preciso esperar pelo papel” antes de ser definido sentido de voto do PS. Defende que a liderança dos socialistas não deve ser colocada em causa mesmo que as autárquicas corram mal. Mas, aí, acredita nos “pergaminhos” do PS.

[Ouça aqui a primeira parte da Vichyssoise:]

https://observador.pt/programas/vichyssoise/venturger-confuso-e-o-desastre-de-moedas/

[Ouça aqui a segunda parte da Vichyssoise com Marta Temido:]

https://observador.pt/programas/vichyssoise/candidatura-a-belem-so-concorro-para-ganhar-e-prometi-cumprir-o-meu-mandato/

“Os países europeus têm posições muitíssimo recuadas relativamente a Gaza”

Numa entrevista já depois do discurso do Estado da União, à TSF, dizia que as medidas propostas por Ursula von der Leyen relativamente a Israel e a Gaza são tardias e insuficientes. Mas Ursula von der Leyen propôs sanções. O Presidente do Conselho Europeu, por exemplo, ainda há 5 dias defendeu sanções à Rússia, mas nunca falou de sanções a Israel. Ursula von der Leyen está, ainda assim, a fazer mais do que o presidente do Conselho Europeu, António Costa? 
São duas representações diferentes. A Comissão representa o colégio de Comissários e o Presidente do Conselho representa a voz dos chefes de Estado e do Governo dos Estados-Membros. Creio que o presidente do Conselho não deve ir além daquilo que é o mandato que lhe é conferido pelos chefes de Estado e do Governo dos vários Estados Membros. E nós sabemos que vários dos países da União Europeia têm, relativamente ao tema Gaza, posições muitíssimo recuadas. Eu diria que muito mais recuadas do que aquilo que têm sido, apesar de tudo, manifestações públicas do presidente do Conselho de condenação pela situação absolutamente inaceitável relativamente àquilo que são os valores mais básicos em termos das imagens que temos visto.

Em junho, chegou a dizer a seguinte frase: “Lamento imenso dizer, mas no poder das instituições europeias neste momento eu não acredito”. Isto era uma crítica só a Ursula von der Leyen ou também era a António Costa e a outros líderes europeus?
Não é uma crítica nem a Ursula von der Leyen nem a António Costa. É uma crítica ao funcionamento das instituições europeias. E relativamente à posição que a Comissão agora toma, quando eu digo que ela é tardia e insuficiente, resulta da circunstância de nós, concretamente o meu grupo político no Parlamento Europeu, estarmos desde há um ano a repetir em sessões plenárias que é necessário analisar a suspensão do acordo de associação com Israel. E portanto não se pode aparecer num plenário um ano depois e responder a uma pergunta que vem sido repetida ao longo do ano. Daí a minha satisfação com as medidas, de uma certa forma, mas também a minha consideração de que elas são tardias. Quando digo que são insuficientes, as suas insuficiências decorrem também daquilo que é o próprio mandato que a Comissão tem, que a própria presidente Von der Leyen diz que vai propor. Poderia ter proposto há mais tempo, não sabemos qual vai ser a resposta, mas da mesma forma que avançamos com uma resolução propondo uma voz única no Parlamento Europeu, que foi hoje aprovada relativamente ao tema Gaza, também provavelmente a Comissão poderia ter feito a proposta e corrido o risco de que ela não tivesse sucesso mais cedo. E sim, acho que foi a voz das pessoas na rua que permitiu que saísse deste impasse. Creio que os atores perceberam ao mais alto nível que já era insuportável para a sua credibilidade continuar nesta situação.

"Eu bem sei que o Sr. Trump diz que não sabe para quem é que há de ligar, mas pelo vistos a presidente da Comissão e o presidente do Conselho sabem muito bem quem é que vai atender em cada momento"

António Costa não esteve nas reuniões de Washington, Ursula von der Leyen esteve. Nas reuniões de Paris, é verdade que já estiveram os dois, mas os anfitriões foram Macron e Starmer e também é verdade que depois António Costa foi à Ucrânia reunir-se com Zelensky e sobre essa relação com a Ucrânia acho que não há dúvidas que António Costa é considerado pelo próprio governo ucraniano. Mas Trump não. António Costa não conta para Donald Trump na questão da Ucrânia?
O que me parece que é mais importante dizer para responder a esta questão é que o próprio presidente do Conselho já referiu, quando se trata de representar a União Europeia não há que pensar nos egos ou nos nomes de quem o está a fazer. Bem sei que Trump diz que não sabe para quem é que há de ligar, mas pelo vistos a presidente da Comissão e o presidente do Conselho sabem muito bem quem é que vai atender em cada momento e portanto nessa estratégia pode haver dúvidas sobre algum aspeto, mas está perfeitamente claro que há uma articulação.

Não há um sofagate entre Ursula von der Leyen e António Costa neste caso, se vai um ou se vai outro, um está a ser deixado fora e o outro não?
O presidente do Conselho respondeu muito elegantemente a esta questão dizendo que – e até é precisamente aprendendo dessa experiência menos feliz que foi o sofagate – que quando se trata do interesse da União Europeia o que importa é o interesse da União Europeia e não os egos de cada um dos representantes. Nós sabemos bem que a matéria de política externa é o presidente do Conselho que tem a condução, mas também sabemos que as duas figuras têm articulado e que a alta representante e vice-presidente Kaja Kallas integra a comissão. Portanto há aqui um funcionamento que nem sempre é linear mas que, em última instância, funciona. Já tenho muito mais dúvidas relativamente à questão da coligação de vontades dos países, porque isso já é algo que pessoalmente me parece que enfraquece a própria União Europeia. Depois temos o Reino Unido, que já não é membro da União Europeia e que é muito bem vindo naturalmente, mas a Coalition of the willing já me causa mais dificuldade de entendimento porque não se percebe qual é o critério que está por trás. Mas uma vez mais o que interessa é o resultado e a ida à Casa Branca tinha um objetivo claro que era dar força à Zelensky e não permitir uma repetição da humilhação a que foi sujeito no episódio do “you don’t have the card”.

Moedas. “Uns preocupam-se com coerência, outros disparam em todas as direções quando se sentem acossados”

Mudando de tema e também de território, para Lisboa, até porque é um território que conhece bem, teve responsabilidades políticas ao nível das estruturas locais do Partido Socialista, foi dirigente do PS Lisboa. Perante o que aconteceu no elevador da Glória, Carlos Moedas devia admitir-se?
Tive na semana passada a oportunidade de estar aos pés do elevador da Glória, não estava aí quando houve o descarrilamento e havia uma imagem que me ficou na vista, era uma imagem de uma fotografia, uma fotocópia que dizia “Lisboa chora e nós com ela”. E através desta frase, que é de alguém que a deixou, eu queria deixar a minha homenagem à memória de todas as vítimas e ao trabalho dos que ajudaram ao seu salvamento . Não quero comentar aquilo que são as decisões de outros atores políticos relativamente a incidentes que têm, com que são confrontados nos exercícios da sua atividade política.

Sobre demissões em crise. "Quando fui confrontada com a morte daquela mulher, aquela grávida, num transporte de ambulâncias entre os serviços de saúde, senti que eu devia isso [ademissão] àquela mulher."

Estamos a falar com alguém que é um dos exemplos que tem sido apontado, nomeadamente no Partido Socialista, foi uma ministra da Saúde que se demitiu na sequência da morte de uma grávida, que foi transferida por falta de vagas na neonatologia do Hospital de Santa Maria. Na altura alegou falta de condições para continuar. É a capacidade política que fica afetada quando há um caso destes?
Não sei se é a capacidade política se é a forma como as pessoas se autoavaliam. Penso que é também um juízo muito íntimo, muito pessoal, daquilo que é a fasquia pela qual nós medimos a nossa responsabilidade. Para mim essa decisão era incontornável, é assim que vejo o exercício da atividade política. Mas acho que essencialmente Alexandra Leitão, agora candidata à autarquia de Lisboa, tem dito muito bem, muito claramente o que está em causa. Esperemos pelo apuramento, e neste momento o que interessa é ainda o momento de dor e não estar a politizar o assunto. Quanto a Carlos Moedas, tomará as suas próprias decisões, mas nós já conhecemos Carlos Moedas.

Em 2021, Carlos Moedas tinha colocado o assunto em cima da mesa quando houve o caso das informações passadas à Rússia, era presidente de câmara Fernando Medina. Acha que Carlos Moedas não teria de ter uma linha de coerência com essas declarações e essa regra que ele próprio impôs a Fernando Medina na altura?
Isso é uma pergunta que só o próprio engenheiro Carlos Moedas é que lhe poderá responder. Alguns de nós têm mais preocupações com a coerência, outros têm uma linha mais de disparar em todas as direções quando se sentem acossados, é uma questão de estilo.

O PS tem tido uma estratégia que passa por não pedir a demissão de Carlos Moedas, mas rapidamente também surgiram vários antigos dirigentes, um deles foi Pedro Nuno Santos, com uma urgência diferente em relação a essa necessidade das responsabilidades políticas. Na oposição o PS está condenado a estas divergências, não se consegue entender sobre uma estratégia?
Este tipo de decisões tomadas neste momento não são lidas por todos da mesma maneira. Confesso que quando fui confrontada com a morte daquela mulher, aquela grávida, num transporte de ambulâncias entre os serviços de saúde, senti que eu devia isso àquela mulher. Devia isso porque ela ainda por cima era uma estrangeira que nem teria acesso ao Serviço Nacional de Saúde, mas teria até tentado ter acesso ao Serviço Nacional de Saúde, e portanto que se tinha exposto particularmente. E a mim chocou-me imensamente que essa mulher, aquela criança que ficou, que sobreviveu, aquela comunidade, pudessem ficar sem alguém para um dia dizerem “olha, mas houve uma pessoa que se responsabilizou logo”. Porque nós sabemos que esses apuramentos por vezes são longos, por vezes não esclarecem nada, e a minha leitura política é de que da política exige-se sinais.

Portanto, pelo que percebo está mais do lado daqueles, como Pedro Nuno de Santos, que pedem uma responsabilidade política imediata. Que foi o que fez…
Mas eu não sou Carlos Moedas.

Mas no lugar ter-se-ia demitido durante uma tragédia desta dimensão, tendo em conta aquilo que é normalmente a sua forma de pensar.
Felizmente, não estou na posição do engenheiro Carlos Moedas, e essencialmente creio que os lisboetas têm – eu que também sou lisboeta – a oportunidade de avaliar.

"Temo que esse crescimento [do Chega] possa também acontecer ao nível local"

Desde que esteve aqui na Vichyssoise pela última vez, já houve novamente eleições legislativas e um novo crescimento do Chega. Está convencida, até pelo que tem visto na Europa, que esse crescimento vai também acontecer ao nível local?
Temo que esse crescimento possa também acontecer ao nível local, até porque vão saindo alguns estudos, algumas sondagens que mostram essa possibilidade num conjunto de territórios. E aquilo que nós vemos na Europa é essa tendência.

Quando nós achámos que estávamos livres dos populismos mais exacerbados.Se o PS perder o lugar de primeiro partido autárquico e perder câmaras de peso, a atual liderança do partido fica já em causa?
Não me parece que substituir lideranças porque os resultados eleitorais não são aqueles que se gostaria de ter, resolva qualquer problema da vida política. Pelo contrário, fui daquelas que acharam que deveria ter sido feita uma reflexão mais profunda antes das eleições internas para o atual secretário-geral, não por menor confiança no atual secretário-geral, mas porque tudo está a acontecer, tudo aconteceu muito depressa em termos eleitorais.

Mas depois das legislativas houve essa pressão para que o partido refletisse primeiro o que tinha acontecido e só depois resolvesse a questão da liderança deixada vaga por Pedro Nuno Santos. Quatro meses depois, no fundo só há um novo líder, mas continua sem haver essa reflexão. Faz falta? O PS arrisca-se a perder relevância no cenário político como aconteceu, por exemplo, em França?
Estava a dizer que estive entre aqueles que consideravam que teria sido interessante ter havido ali um período de reflexão mais intensivo, mas aquilo que resultou das reuniões dos órgãos próprios e aquilo que os militantes do PS acabaram por decidir faz também sentido. Por um lado, a reflexão não implica inação e essa reflexão está a ser feita. Quanto à relevância do PS, nós apresentamo-nos a estas eleições com a intenção de as vencer e de manter a presidência da Associação Nacional de Municípios. O PS no poder local tem um histórico e tem pergaminhos. Desde logo por aquilo que foi a sua agenda sempre transformadora, inovadora, de transferência de competências, corajosa, ambiciosa para o exercício e para o desempenho do poder local. Não esqueçamos que Lisboa tem uma situação absolutamente inovadora em termos daquilo que é a distribuição de competências, a repartição de competências entre o município e as juntas de freguesia. E que foi pela mão do PS, do último governo de António Costa, que se iniciou o último processo de alargamento das competências do país com a descentralização de uma série de medidas solidárias para as autoridades. E, portanto, nós temos tido atores que têm tido a capacidade de encarnar estas políticas inovadoras a nível local e, portanto, partimos para estas eleições com essa expectativa. Na última instância, em democracia a decisão cabe sempre aos eleitores e cá estaremos para reagir. Compreendemos que há uma tendência europeia no sentido do voto e, portanto, só podemos dizer uma coisa aos eleitores: o voto de protesto é um voto cobarde, é até um voto um bocadinho egoísta, porque esquece que quando nós pomos a cruz numa folha de papel não decidimos só o nosso destino, decidimos o destino de todos.

"Não há cheque em branco, nunca houve"

Pelo que muitos estudos pós-eleições legislativas mostram, é que esse partido a que se refere, neste caso o Chega, roubou eleitorado ao PS. Terá de ser o PS a fazer também essa reflexão, não?
Claro, com certeza. O PS optou por fazer essa reflexão ao mesmo tempo que reagia e empreendia um conjunto de medidas no sentido da sua reorganização. Isso faz parte de uma nova liderança, de uma nova estrutura, de uma nova figura, da sua própria estratégia, da sua personalidade. Então quer dizer que a reflexão não esteja a ser feita ao mesmo tempo, até porque não há um ciclo eleitoral à porta. Um não, dois já agora.

“Não há cheque em branco no Orçamento”

Há um ano, no primeiro dia em Estrasburgo, disse-nos em entrevista que se o Orçamento do Estado fosse chumbado, Marcelo Rebelo de Sousa tinha de, em coerência, dissolver o Parlamento. Agora que isso não é possível, o PS deve viabilizar o Orçamento de Estado do Governo da AD?
Não se pode responder a essa pergunta sem conhecer o papel e as propostas. Não há cheque em branco, nunca houve. Quem diz que “deve isto ou deve aquilo” sem conhecer a proposta do Orçamento do Estado, penso que corre um risco muito grande.

Mas há alguma possibilidade do PS não viabilizar este Orçamento, quando o próprio líder disse, quando era candidato, que viabilizando o programa do Governo teria de viabilizar também este instrumento de governação?
Insisto, depende daquilo que seja a proposta do Orçamento do Estado. Mas quem tem de apresentar a proposta não é o PS, é o partido de governo, são os partidos de governo, e portanto essa pergunta tem de ser feita a quem está na governação e não tem maioria absoluta e portanto tem de encontrar as condições de governação. E a União Europeia ensina-nos bem isso, que quem é o partido predominante no arco das forças políticas tem de encontrar entendimentos para fazer aprovar as suas políticas e depois ver com quem é que quer dançar.

O ponto era se há forma de o PS chumbar este Orçamento não incorrendo numa incoerência face ao que disse o José Luís Carneiro. 
Eu considero sempre preferível ver aquilo que são as propostas do que fazer juízos sobre as situações. A situação é que nós sabemos como é que podemos reagir.

As alterações laborais e em matéria de saúde e também as mudanças fiscais podem ficar de fora da proposta, segundo o governo, isto para facilitar também caminho à viabilização socialista. O PS pode viabilizar uma proposta só pelo que conseguiu que não estivesse lá, ou seja, não precisa propriamente ter ganhos efetivos de causa?
O Orçamento de Estado é o Orçamento do Governo e a questão daquilo que lá estiver dentro refletirá as prioridades do Governo. E essa responsabilidade é inteiramente dos partidos que neste momento estão no Governo, não é uma responsabilidade do Partido Socialista. Agora, se me disser que os ciclos eleitorais devem ser respeitados, sou favorável a que sim. Para casos de instabilidade e do que a ela vem associado como negativo, temos o caso de França. E portanto, embora não goste das comparações de países, espero que Portugal não se torne na França.

Disponível para uma candidatura a Belém? "Eu assumi ao meu eleitorado que iria cumprir este mandato"

Candidatura a Belém? “Vou cumprir o meu mandato”

Catarina Martins, que também é eurodeputada, é candidata presidencial. João Cotrim Figueiredo, idem. Se a ala do Partido Socialista que não se sente representada pelo candidato que já é conhecido da área do partido, a convidar para encabeçar uma candidatura presidencial, admite pensar no assunto?
Como disse na resposta anterior, os mandatos são para ser cumpridos. Assumi ao meu eleitorado que iria cumprir este mandato, exceto se algum problema de saúde ou pessoal emergisse, até porque foi uma questão muito colocada durante a campanha, e portanto eu vou cumprir este mandato, não há qualquer importe de me desviar daquilo que foi o compromisso assumido.

Só tem que o suspender para ser candidata, depois só se ganhar é que tem um problema.
Sim, mas isso não está obviamente em causa. Quando concorro a alguma coisa, concorro para ganhar, e eu não poderia querer ganhar estas eleições pela razão do compromisso que assumi com os meus eleitores.

Mas não lhe falaram disso? Ninguém ainda veio com essa conversa?
As conversas que tenho com os meus amigos, desculpem, mas não as conto na rádio Observador.

Digamos que já foi sondada, mas não quer ir por aí. Não está incorreta esta afirmação.
Em absoluto, é o meu compromisso, foi o meu compromisso de há um ano, pouco mais de um ano, cumprir o meu mandato no Parlamento Europeu. As pessoas, quando eu fui cabeça de lista perguntaram “mas o que é que esta vez está aqui a fazer? Ela nunca falou de Europa, não sabe nada de Europa.” “Se calhar é apenas para uma candidatura e depois vai-se embora, vai para a Câmara de Lisboa”. E eu disse que não. E eu mantenho a minha palavra, a não ser que, por circunstâncias extremas, não a possa manter. Acho que isso faz parte também da nossa forma de estar na política.

Há um ex-líder do PS que é candidato, é uma inevitabilidade do PS apoiar o seu antigo líder? 
A posição do PS sobre esse tema é conhecida. Depois do ciclo autárquico, tomará uma decisão.

Mas defendeu publicamente a candidatura de Sampaio da Nóvoa, que disse que apoiaria, quando António José Seguro já estava no terreno. O ex-líder do PS não serve para essa corrida?
E também expliquei quais eram as minhas razões afetivas e de trajeto e de coerência para apoiar Sampaio da Nóvoa. Já o fiz quando foi candidato, e portanto, para mim, quando me fizeram a pergunta, a resposta era óbvia.

Vamos agora avançar para a fase do Carne ou Peixe, tem de escolher uma de duas opções. Ana Catarina Mendes tem um podcast com Lídia Pereira. Se tivesse de escolher um colega de outro partido do Parlamento Europeu para fazer um podcast, escolheria Catarina Martins ou João Oliveira?
É difícil, a pergunta é difícil. Talvez a Catarina. Talvez Catarina Martins.

Se tivesse de escolher um eurodeputado português para falar da Europa e relações internacionais numa escola em Portugal que não fosse do PS, escolheria Sebastião Bugalho ou Tiago Moreira de Sá?
Ui, Sebastião Bugalho, claramente.

Quem convidaria para comer um gouffre na Grand Place, Pedro Nuno Santos ou José Luís Carneiro?
Eu juro-lhe que não gosto nada de gouffre.

Pode ser outra coisa qualquer. Pode ser uma cerveja, se quiser.
Ah, bem, parece-me melhor. Convidava os dois.

Preferia ser mandatária da candidatura presidencial de António José Seguro ou de Marques Mendes?
Não creio que nenhum dos dois ainda esteja a precisar de mandatário.