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(A) :: O "salto" do iPhone Air "impossivelmente fino" para tentar reavivar a curiosidade, as renovações no Apple Watch e a falta de novidades de IA

O "salto" do iPhone Air "impossivelmente fino" para tentar reavivar a curiosidade, as renovações no Apple Watch e a falta de novidades de IA

O iPhone Air, com um corpo de titânio e espessura reduzida, foi o destaque do evento da Apple. Analistas admitem que pode "reavivar a curiosidade" após anos de apresentações baseadas em atualizações.

Cátia Rocha
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Veja aqui o liveblog do evento

“Impossivelmente fino.” Foi desta maneira que a Apple revelou o iPhone Air, a principal novidade da apresentação desta terça-feira em Cupertino, nos EUA. A espessura de 5,6 milímetros implicou arrumar as peças do telefone de uma forma diferente mas com a promessa de não arriscar a resistência e as capacidades de desempenho do telefone.

É o maior salto que já demos com o iPhone“, explicou Tim Cook durante a apresentação, que arrancou com uma citação de Steve Jobs, fundador da Apple, sobre design. Para já, nas primeiras análises após o evento, os analistas consideram que, após anos de atualizações e poucas mexidas no aspeto geral do iPhone, a série deste ano traz uma nova estética e um novo formato capaz de reavivar a curiosidade dos consumidores. Foram revelados o iPhone 17, o 17 Pro e o 17 Pro Max. A designação Plus deixa de existir na linha e dá lugar a uma nova nomenclatura, pedida emprestada aos Macbook e aos iPad — Air.

O iPhone Air, fino e mais leve, poderá ser o responsável por “criar um interesse renovado” nos consumidores, afirma Ben Wood, analista da consultora CCS Insight, a partir dos EUA, onde assistiu à apresentação e teve o primeiro contacto com os novos produtos. “Passaram-se alguns anos desde que a Apple tinha novos iPhone que se podia pôr na mesa de um café, da sala de reuniões ou no pub e ouvir as pessoas perguntar ‘é o novo iPhone?‘”, diz em declarações enviadas ao Observador.

https://observador.pt/2025/09/09/novos-smartphones-da-apple-arrancam-nos-989-euros-em-portugal-iphone-17-air-atinge-1-249-euros/

O iPhone Air, que chegará às lojas a 19 de setembro, é composto por um corpo em titânio, para que consiga ter resistência apesar da espessura reduzida. Este iPhone conta com um ecrã de 6,5 polegadas, que vai ser resistente a riscos, e conta com a tecnologia ProMotion, que permitirá gerir a taxa de atualização do ecrã (que poderá ir até 120 Ghz). É esta funcionalidade que permite um scroll e gráficos fluídos.

No interior, este iPhone conta com um processador A19 Pro, o mais avançado da gama e que estará também presente nos modelos Pro. Contará com um sistema de câmara Fusion de 48 MP que a Apple descreveu como “o equivalente a ter quatro câmaras no bolso”. Este telefone vai ter também a nova câmara frontal, com um sensor quadrado em vez de redondo, a que a Apple chamou “Center Stage front camera”.

Francisco Jerónimo, da IDC EMEA, também foi a Cupertino para o evento. “É a mais significativa alteração ao portefólio do iPhone em vários anos”, admite. “Esta renovação estratégica é uma resposta direta aos mercados em alteração e uma tentativa clara de estimular um novo ciclo de atualizações”, considera. Nota também que, embora a Apple não seja a única a apostar em telemóveis finos, o Air é mais fino do que o Samsung S25 Edge da concorrência.

“Este novo produto tem como alvo um segmento específico de mercado que dá prioridade à estética, ao conforto na mão, à portabilidade em relação às máximas capacidades de câmara ou uma vida de bateria mais extensa”, refere. Francisco Jerónimo considera que esta seja uma tentativa da Apple de “melhorar as vendas num segmento entre a versão base e as versões Pro Max”. Porém, “há um ponto de interrogação sobre o interesse dos consumidores em telefones mais finos”.

Reduzir a espessura implicou concessões. Deixa de ter espaço para cartão SIM físico. O iPhone Air vai funcionar apenas com eSIM, ou seja, um SIM eletrónico, em todos os países. Até aqui, a Apple tinha modelos exclusivamente eSIM mas apenas nos EUA. Em Portugal, o site da Apple também detalha que o iPhone Air só funcionará com eSIM. Nos, Meo, Vodafone e também a Digi já têm oferta eSIM em Portugal.

https://observador.pt/especiais/os-cartoes-moveis-virtuais-que-permitem-viajar-sem-sustos-com-a-fatura-das-comunicacoes/

O especialista Ben Wood, da consultora britânica CCS Insight, refere que esta é uma tentativa de a Apple “impulsionar esta tecnologia em todo o mundo”. Lembra, por exemplo, como a Apple já reduziu a espessura dos telemóveis no passado quando retirou a entrada jack de 3,5 milímetros, que permitia ligar auriculares de fio. “Os outros [concorrentes] seguiram”, nota. “No caso do eSIM, os operadores de telecomunicações precisam de apoio a esta tecnologia”, sublinha. Durante a apresentação, a Apple declarou que “já há pelo menos 500 redes com compatibilidade eSIM. Para aquelas que não têm, haverá um momento de pânico para implementar esta capacidade assim que possível”, nota.

https://observador.pt/especiais/os-cartoes-moveis-virtuais-que-permitem-viajar-sem-sustos-com-a-fatura-das-comunicacoes/

De acordo com um estudo da consultora britânica CCS Insight, em 2024 havia já 377 milhões de smartphones que chegaram ao mercado com compatibilidade eSIM, representando “31% de todas as remessas globais de smartphones“. Desse bolo, o iPhone representava metade. “Até 2030, esperamos que este número suba para 843 milhões” de unidades, vaticina a consultora.

“O iPhone Air parece suficientemente diferenciado para levar as pessoas a considerarem ir vê-lo à loja pessoalmente”, diz Ben Wood. Nas versões anteriores, exemplifica, o formato não era suficientemente diferente para valer a viagem. “Era tão similar que era fácil ir ao site e clicar no modelo que se queria. O iPhone Air poderá tentar as pessoas a ir à loja perceber quão fino é. E isso é uma excelente oportunidade para operadores e retalhistas. Se atrair pessoas às lojas, há uma melhor hipótese de vender-lhes um novo plano [de telecomunicações] ou um novo telefone, mesmo que saiam da loja com outra coisa que não um iPhone Air.”

Em Portugal, o iPhone Air vai estar disponível a partir de 1.249 euros para uma versão base de 256 GB. É o mesmo preço de arranque do modelo 16 Pro na altura do lançamento.

E a restante gama iPhone?

A família iPhone fica completa com outros três modelos  — o iPhone 17, o modelo de entrada de gama, e os topos de gama Pro e Pro Max. A configuração de 128 GB é eliminada das opções de armazenamento este ano, com a série 17 a dar o salto para um espaço mínimo de 256 GB.

O iPhone 17 arrancará em Portugal nos 989 euros, o mesmo valor do equivalente iPhone 16. O iPhone 17 contará com um ecrã de 6,3 polegadas, com molduras mais reduzidas, o que fará com a que área útil de ecrã pareça maior. Vai ter uma câmara principal Fusion de 48 MP e ainda uma câmara telefoto de 12 MP.

É para os modelos Pro que ficam reservadas as maiores diferenças. A área onde está inserido o módulo de câmara está diferente — haverá também novas cores, incluindo um laranja vivo. Enquanto o Pro conta com um ecrã de 6,3 polegadas, o Pro Max será maior, com 6,9 polegadas. O corpo do telefone também foi alterado — é um regresso ao alumínio, depois de duas gerações com um smartphone em titânio. “Há duas grandes razões para esta mudança: primeiro, a gestão térmica, e depois a durabilidade”, explica Francisco Jerónimo. “Ainda que o titânio seja forte, é mais rígido. O alumínio mais suave é melhor a absorver e a dissipar a energia.”

A ideia é que o iPhone consiga executar funcionalidades mais exigentes, como as de IA, que geram mais calor, mas que mesmo assim se mantenha uma temperatura confortável na mão do utilizador. Para isso houve ajustes aos sistema de arrefecimento do equipamento. Na apresentação, a empresa garantiu que o recurso a uma nova câmara de vapor para dissipar o calor permitirá “ter um desempenho até 40% superior” em relação à geração anterior.

O sistema usado contará com três câmaras Fusion, cada um com um sensor de 48 MP. Uma das câmaras é uma ultra grande angular, outra uma telefoto e uma terceira funcionará como câmara principal. Patrick Carroll, responsável pela área de câmaras da Apple, descreveu o sistema de câmaras como o “equivalente a ter oito câmaras profissionais no bolso”. O iPhone 17 Pro tem agora um zoom de oito vezes. Já o zoom digital pode ir até 40 vezes.

É neste dois produtos que estão os preços mais altos. O iPhone 17 Pro arrancará nos 1.349 euros (versão de 256 GB), enquanto o iPhone 17 Pro Max começa nos 1.499 euros.

Série Apple Watch renovada com três modelos. Watch SE 3 ganha mais funções

Não um, mas três: é uma renovação completa na área dos smartwatches da Apple. Há um novo Apple Watch Series 11, um topo de gama Ultra 3 e ainda um Watch SE 3, que agora se torna o modelo com a “atualização mais significativa”, nota Ben Wood, da CCS Insight.

“Ganha recursos como um ecrã sempre ligado; métricas de saúde aprimoradas, como monitorização da temperatura da pele; maior duração da bateria; e carregamento mais rápido”, enumera. “Pelo mesmo preço de apenas 249 dólares [em Portugal 279 euros], acreditamos que agora esta é uma oferta extremamente forte.”

“Mais uma vez, quando se trata dos novos relógios, o foco está mais no software do que no hardware”, relatando a curiosidade em relação aos alertas de hipertensão arterial, uma das novidades do Apple Watch deste ano. Esta funcionalidade vai chegar à Europa, mas ainda precisa de aprovação de reguladores em alguns mercados. “Tal como outros fabricantes de dispositivos wearables, a Apple ainda não conseguiu o Santo Graal de um sensor de pressão arterial dedicado num relógio, mas ser capaz de alertar as pessoas para possíveis sintomas e incentivá-las a consultar o médico irá, sem dúvida, salvar vidas.”

Já o Watch 11 vai ser mais fino e ter compatibilidade com 5G, na versão LTE (habitualmente, a versão mais usada é a Wi-Fi).

Em Portugal, o Watch SE 3 vai custar 279 euros, o Watch Series 11 arranca nos 459 euros e o Apple Watch Ultra 3 começa nos 909 euros.

AirPods Pro 3 vão passar a fazer tradução em tempo real

Os AirPods Pro 3 foram os primeiros produtos a ser revelados na apresentação desta terça-feira. A grande novidade nesta terceira geração de AirPods Pro vão ser as funcionalidades de tradução em tempo real através de Apple Intelligence, o nome que a Apple dá às funcionalidades de inteligência artificial (IA).

Num dos momentos da apresentação gravada, foi demonstrada uma interação entre uma falante de inglês e uma vendedora de flores a falar espanhol. Quem tinha os AirPods Pro conseguia ouvir uma tradução do que era dito pela florista. Usados em conjunto com o iPhone, no ecrã do smartphone surgia a tradução para a outra pessoa, em espanhol.

Noutro dos exemplos, foi demonstrada uma conversação entre duas pessoas a usar AirPods Pro e a conversarem cada um no seu idioma; neste caso, inglês e português do Brasil. De acordo com a Apple, a tradução em tempo real nestes modelos vai estar disponível em inglês, francês, alemão, português e espanhol. O anúncio da Apple fala apenas em português, sem especificar qual a variante — o do Brasil ou o português europeu. Até ao fim do ano, fica a promessa da tradução de italiano, japonês, coreano e chinês simplificado.

Esta foi a única menção direta a funcionalidades de IA durante a apresentação. “A IA, que preocupa o resto da indústria, foi visível pela sua ausência”, diz Ben Wood ao Observador, mesmo notando que a “empresa já tinha sinalizado que as principais atualizações à Apple Intelligence ficariam para 2026”. “Isto ainda não parece ser um problema para a Apple, mas a diferença no ritmo e apetite pela IA entre a empresa e as suas rivais é gritante”, reconhece.

Estes AirPods também vão ter uma maior resistência ao suor e pó, para serem usados durante a prática de exercício físico. Outra das novidades é a capacidade de ser possível medir o batimento cardíaco diretamente a partir dos auriculares. Ou seja, poder ter os auriculares a medir de forma mais precisa a prática de exercício físico ou quantos passos está a dar.

Em Portugal, os AirPods Pro 3 vão custar 249 euros.