O ator e encenador Marco Mendonça é o vencedor da 6.ª edição do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), galardão anual que reconhece e promove os talentos emergentes no panorama teatral, anunciou a instituição esta sexta-feira à noite, numa cerimónia no Teatro Variedades, em Lisboa.
“É uma sensação de incentivo para continuar neste campo de impulsividade artística, de provocação de tentar mexer com as estruturas e questioná-las com muito humor e reflexão”, afirmou Marco Mendonça ao Observador.
Sobre o prémio diz: “É um elogio glorificado, uma maneira de fazer sentir que pertenço e que as coisas estão a correr bem, e que há pessoas generosas e atentas ao trabalho que tenho feito, é muito gratificante”. “Parte tudo de um sítio pessoal nas coisas que tenho feito. A ideia é continuar a mergulhar mais fundo em coisas que me assolam, inquietam e assombram”.
Rui Catarino, Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II, destaca “um exemplo inspirador de jovem ator, encenador e dramaturgo, que tem trazido para o palco questões centrais das sociedades democráticas contemporâneas”. “A força da sua identidade criativa e a qualidade do seu percurso enquanto intérprete deixam antever uma carreira de enorme fôlego e relevância”, acrescenta em comunicado.
Ator, dramaturgo e encenador, Marco Mendonça nasceu em Moçambique em 1995. Deu os primeiros passos em 2014, com a companhia Os Possessos. Finda a licenciatura na Escola Superior de Teatro e Cinema, estagiou no Teatro Nacional D. Maria II, onde trabalhou com criadores como Tiago Rodrigues, João Pedro Vaz, Paula Diogo, Faustin Linyekula e Catarina Requeijo, e companhias como a Formiga Atómica.
Desde então integrou espetáculos de Liesbeth Gritter (Kassys), Tónan Quito, Mala Voadora e Artistas Unidos. Em 2019, estreou-se como autor e co-criador, ao lado de João Pedro Leal e Eduardo Molina, com Parlamento Elefante, projeto vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço. Em 2021, venceu a Rede 5 Sentidos com a peça Cordyceps, também em co-autoria com João Pedro Leal e Eduardo Molina.
Como criador a solo estreou-se em 2023, com Blackface, monólogo sobre a prática teatral racista que encenou e interpretou e que esgotou várias salas pelo país. Seguiu-se Reparations Baby! (2025), peça que lida com o tema das reparações históricas. Este prémio, admite ao Observador, é um “impulso” para uma nova criação. “Não tenho um convite ou deadline, mas estou a investigar sobre hinos nacionais, conceitos de identidade, pertença e nacionalidade. Tenho andado a fazer umas pesquisas leves para já sobre isso”, desvenda.
Enquanto ator, Marco Mendonça integra atualmente o elenco do espetáculo Catarina e a beleza de matar fascistas, de Tiago Rodrigues, em digressão internacional desde 2020. No final do ano, entrará em Hotel Paradoxo, nova peça de Alex Cassal, produzida pela Má Criação.
O Prémio Revelação Ageas TNDMII tem um valor pecuniário de cinco mil euros e é atribuído anualmente a profissionais de teatro até 30 anos de idade, cujo trabalho artístico se tenha destacado no ano anterior à atribuição do Prémio. Nas anteriores edições, distinguiu as carreiras de os atores e criadores Sara Barros Leitão e Mário Coelho, a designer de luz Cárin Geada, o cenógrafo Pedro Azevedo e a atriz e perfomer Tita Maravilha.
A escolha do vencedor da 6ª edição deste Prémio ficou a cargo de um júri composto por 15 representantes do meio artístico e cultural português: Catarina Barros, Cristina Planas Leitão, David Cabecinha, Fátima Alçada, Gisela Casimiro, Guilherme Gomes, Isabél Zuaa, John Romão, Maria Inês Marques, Mário Coelho, Mónica Guerreiro, Patrícia Portela, Pedro Azevedo, Pedro Barreiro e Pedro Mendes.