O antigo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, defende que um banco central “não pode ser político, tem de ser independente e técnico“. Foi desta forma que Santos Pereira respondeu a uma questão, numa entrevista ao jornal Expresso, sobre como avaliava o desempenho de Mário Centeno à frente do Banco de Portugal. Santos Pereira é um dos nomes falados para, possivelmente, suceder a Mário Centeno no Banco de Portugal (além de Ricardo Reis e Vítor Gaspar), mas diz-se “muito feliz” na OCDE.
O economista-chefe da OCDE, ao Expresso, recusou “comentar quem será o futuro governador”, lembrando que também “pode ser [uma] governadora”. “Não me cabe a mim comentar“, afirmou Álvaro Santos Pereira, não confirmando, sequer, se foi sondado para o cargo. “Estou muito feliz na OCDE, gosto muito do que faço“, respondeu.
Questionado sobre como avalia o desempenho de Mário Centeno, Álvaro Santos Pereira respondeu com uma citação de Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal dos EUA. Powell, que também esteve na conferência do BCE, “disse algo fundamental na conferência: para os bancos centrais terem impacto e serem garantes da estabilidade financeira, bancária e de preços tem de haver independência”.
“Portanto, para mim o mais importante é que o banco central seja independente do poder político – o banco central não pode ser político, tem de ser independente e técnico“, atirou Álvaro Santos Pereira.
Esta é uma crítica velada a Mário Centeno, dizendo que não foi independente? “Não vou comentar“, afirmou o ex-ministro da Economia português.
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Álvaro Santos Pereira dá a entender que quer terminar o mandato na OCDE, onde é economista-chefe, aparentemente colocando-se de fora da corrida para suceder a Mário Centeno. O que quer fazer depois? “Ainda não pensei nisso, mas talvez volte a Portugal“, diz, na entrevista ao Expresso.
“Neste momento não está nos meus planos”, acrescentou, questionado sobre se equaciona voltar à política ativa. “Se vir que a situação do país não está a correr bem ou se vir que os populistas estão muito próximos do poder, é uma questão a equacionar – mas neste momento não tenho outros planos“, atirou.