Recém-casado e pai de três filhos, Diogo Jota tinha o mundo aos pés e uma família nos braços. Partiu demasiado cedo, deixando um país inteiro em silêncio.
Recém-casado e pai de três filhos, Diogo Jota tinha o mundo aos pés e uma família nos braços. Partiu demasiado cedo, deixando um país inteiro em silêncio. Não estamos preparados. Nunca estamos preparados para notícias assim. E, por mais que seja parte da vida, não estamos preparados para perder alguém tão jovem, tão promissor, tão presente.
Este 3 de julho poderia passar despercebido no calendário da maioria, mais um dia entre tantos. Mas, para o mundo do desporto — e para todos nós — tornou-se inesquecível.
Diogo Jota, internacional português e jogador do Liverpool, morreu num trágico acidente de viação em Espanha. O carro em que seguia, acompanhado pelo irmão André Silva, também futebolista, despistou-se e incendiou-se, após o rebentamento de um pneu durante uma ultrapassagem. Ambos não resistiram.
Ainda há dias celebrava o casamento com a companheira de longa data e mãe dos seus três filhos. Estava em plena maturidade profissional e pessoal. Tinha conquistado o mundo — e uma família nos braços. Jota tinha 28 anos.
Pais nenhuns estão preparados para receber a notícia da perda de um filho — muito menos de dois, no mesmo momento. Não consigo avaliar a dor profunda por que passam, assim como todos os que lhes eram chegados. A todos eles, deixo o meu abraço solidário.
A morte, já por si dolorosa, fica ainda mais incompreensível quando leva alguém tão jovem. Como disse Cristiano Ronaldo, “não faz sentido”. E realmente não faz.
Há quem fale do “clube dos 27”, imortalizado por músicos como Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison ou Amy Winehouse. Mas aos 28, já se brilhou o suficiente para deixar saudade. Não é uma idade qualquer — é a fronteira invisível entre a juventude promissora e a maturidade que se avizinha. É quando alguns se casam, outros têm filhos, muitos mudam de rumo, e uns poucos partem sem aviso.
Quando se parte aos 28 anos, há uma espécie de falha no curso natural das coisas. A morte agiganta-se, entra-nos pela alma adentro e dá-nos um murro no estômago. E, sobretudo, lembra-nos que não somos eternos. Que os nossos heróis também sangram. E que ninguém tem contrato vitalício com a vida… nenhum de nós.
Diogo Jota não era só um jogador. Era filho, irmão, companheiro, pai. Era símbolo de um país que acredita que os seus podem ir longe. E foi.
Talvez o mais cruel seja isso: que aos 28 se morra quando se começava, enfim, a viver de outra forma. Quando já não se é promessa, mas presença. Quando se colhem frutos, mas ainda se sonha com mais. Quando os filhos ainda precisam do pai e o futebol ainda precisa do artista.
Aos 28, Diogo Jota entra no panteão dos que partiram cedo demais, deixando-nos órfãos de talento, de futuro e de esperança.
E nós, que assistimos de fora, ficamos com o silêncio. Um silêncio espesso, demasiado espesso, que atravessa os relvados, as timelines, os telejornais.
Ai, Portugal… talvez nunca saibamos por que razão certos brilhos se apagam tão cedo. Mas que saibamos honrá-los: com memória, com humanidade, com o reconhecimento de que, mesmo nas partidas precoces, há uma eternidade a ser contada.