Não é comum, mas também não é inédito. Diogo Jota e o irmão André Silva morreram durante a madrugada desta quinta-feira na região de Zamora, em Espanha, vítimas de um acidente de carro. O internacional português encontrava-se a regressar a Liverpool depois das férias e, como não podia viajar de avião devido a uma operação pulmonar bastante recente, deslocou-se de automóvel até Santander, para depois apanhar um barco para atravessar o Canal da Mancha e regressar a Inglaterra — como fizera na vinda para Portugal. Para não fazer a viagem sozinho, o irmão, que jogava no Penafiel, prontificou-se a acompanhá-lo naquela que viria ser uma fatídica viagem.
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Há seis anos, a morte de um futebolista em Espanha também tinha saltado para a orla mediática. Tratava-se de José Antonio Reyes, antigo jogador de Sevilha, Arsenal, Real Madrid e Atl. Madrid, e que, em 2008/09, tinha representado o Benfica de Quique Flores. Reyes morreu aos 35 anos num acidente de viação durante a manhã, numa autoestrada entre Sevilha e Utrera. O carro, um Mercedes de 380 cv, sofreu um despiste e incendiou-se, causando ainda a morte a dois primos do futebolista, Jonathan Reyes e Juan Manuel Calderon. Mais tarde, a perícia técnica concluiu que o carro de Reyes seguia a 237 km/h quando se despistou devido ao rebentamento de um pneu.
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Antes, no início da época 1994/95, Rui Filipe destacava-se naquele que era o início do inédito pentacampeonato do FC Porto. Marcou o primeiro golo da partida com o Sp. Braga, naquele que foi, naturalmente, o primeiro tento do início de uma era dourada dos azuis e brancos. Repetiu o gesto frente ao Benfica, na primeira mão da Supertaça, mas, quatro dias depois, viria a morrer. Contudo, o início da tragédia remonta precisamente ao clássico. Frente às águias, o médio foi expulso oito minutos depois do golo, falhando assim a partida seguinte do FC Porto, frente ao Beira Mar. Por estar suspenso, Bobby Robson optou por dispensá-lo do treino anterior à partida e, na madrugada de 28 de agosto, o jogador de 26 anos envolveu-se num violento despiste em Escapães, Santa Maria da Feira, pelas 6h30.
Rui Filipe seguia com a namorada e um casal amigo, com quem tinha estado a celebrar, nessa noite, o aniversário do irmão, quando, na tentativa de ultrapassar o carro que seguia à sua frente, o seu Rover teve um despiste. Quando os bombeiros chegaram ao local, o futebolista já tinha morrido, ao passo que os restantes passageiros estavam vivos, com várias lesões. No final desse dia, os dragões tentaram adiar a partida, mas o pedido não foi aceite pela FPF. Apesar do sucedido, o FC Porto bateu o Beira Mar (2-0). Mais tarde, Jorge Nuno Pinto da Costa homenageou Rui Filipe com um busto no então Estádio das Antas.
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No início dos anos 90 foi a vez de a morte de Zé Beto chocar o mundo do futebol. No final de um fim de semana no Alentejo e de um jantar em Ílhavo, o guarda-redes que representou o FC Porto em 12 temporadas morreu em Santa Maria da Feira, perdeu o controlo do seu Golf Cabriolet e embateu violentamente contra o separador da A1. A morte foi imediata, dado que o separador decapitou o guarda-redes, ao passo que a mulher e o filho saíram do acidente com ferimentos ligeiros. Em 1992, em Espanha, Juanito morreu aos 37 anos na sequência de um acidente automóvel em Toledo. A estrela do Real Madrid regressava a Mérida depois de um jogo, quando uns troncos se soltaram do atrelado de um camião e entraram pela viatura.
Apesar do menor mediatismo, este ano, em março, Yvann Martins, atleta dos sub-19 da Oliveirense, morreu depois de ter capotado na A41. Paollo Madeira, antigo jogador de Farense e Estrela da Amadora, morreu em 2023 aos 27 anos depois de ter sofrido um acidente no Vietname, onde atuava no HAGL FC, que terminou com o carro esmagado entre dois camiões. O trágico episódio resultou ainda na morte de dois elementos do staff do clube. Em 2000, Pedro Paulo, então jogador do Esposende, que passou pela formação do Sporting, morreu aos 26 anos na sequência de um despiste no IC1, perto da Póvoa de Varzim. No mesmo ano e com a mesma idade, Pedro Lavoura, avançado do Sp. Braga, despistou-se na EN235, à entrada de Oliveira do Bairro, e morreu no local, juntamente com mais dois passageiros.
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Já em 2019, Luis Páez, que representou o Sporting entre 2007 e 2009, morreu em Mariano Roque Alonso, no Paraguai, depois de ter chocado contra a traseira de um autocarro. Tinha 29 anos. No futebol internacional destaca-se ainda a morte precoce de Junior Malanda, aos 20 anos, em 2015. A antiga promessa do futebol belga viajava no banco de trás de um Volkswagen Touareg e deslocava-se para apanhar um voo para um estágio na África do Sul. O carro despistou-se na berma da estrada, embateu numa árvore e capotou diversas vezes. Malanda seguia sem cinto de segurança e foi projetado para fora do carro. Em 2018, Jlloyd Samuel, internacional jovem por Inglaterra e ex-jogador de Aston Villa e Bolton, morreu aos 37 anos, num acidente de carro.
Noutro âmbito, Sergey Cherbakov tinha acabado de sair, com algum álcool no sangue, de um jantar de homenagem a Bobby Robson quando, num cruzamento da Avenida da Liberdade com a rua Alexandre Herculano, não parou no sinal vermelho e sofreu o embate de outro veículo. O ucraniano ficou paraplégico e acabou a carreira aos 22 anos. Noutras modalidades, em fevereiro de 2024, o maratonista Kelvin Kiptum morreu aos 24 anos, depois de ter perdido o controlo do seu carro e chocado contra uma árvore, no Quénia. Já em 1993, o basquetebolista Drazen Petrovic, um dos melhores jogadores europeus daquela década, morreu numa viagem com direção a Munique, quando o carro em que seguia, conduzido pela mulher, despistou-se a alta velocidade e devido ao piso molhado.
[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 7.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui, o quarto aqui, o quinto aqui e o sexto aqui]
