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Tinha acabado de se licenciar em Gestão e jogava na Segunda Liga: quem era André Silva, o irmão de Diogo Jota

Ao contrário do irmão, sempre usou apelido de família e fez um percurso semelhante na formação, entre Gondomar, FC Porto e P. Ferreira. Atualmente, estava no Penafiel e tinha acabado de se licenciar.

Mariana Fernandes
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Era quatro anos e oito meses mais novo do que o irmão. André, que ao contrário de Diogo sempre utilizou o apelido de família, partilhava com o avançado do Liverpool o facto de nunca ter querido ser mais nada que não jogador de futebol. Natural de Massarelos, no concelho do Porto, seguiu-lhe as pisadas e depressa entrou na formação do Gondomar. 

O talento óbvio fez com que saltasse para o FC Porto pouco depois de fazer 11 anos, com direito às habituais passagens pelo Dragon Force e pelo Padroense, equipas-satélite dos dragões. Por lá, fez parte da mesma geração de Vitinha e Fábio Vieira, sendo que o primeiro acabou por cruzar-se com Diogo Jota na Seleção Nacional. Avançado, ainda que mais móvel e menos posicional do que o irmão, chegou ao P. Ferreira em 2017 e foi companheiro de Jota Silva, agora jogador do Nottingham Forest, nos juniores.

https://twitter.com/FCPorto/status/1940694358120190206

Seguiram-se passagens pelos Sub-23 do Famalicão e do Boavista até ao regresso ao Gondomar em 2021, onde acabou por se estrear em equipas principais. Marcou dez golos ao longo de duas temporadas, entre Campeonato de Portugal e Taça de Portugal, e as boas prestações garantiram-lhe o salto para o Penafiel e para a Segunda Liga. Nas duas últimas épocas, orientado por Hélder Cristóvão, marcou sete golos e fez três assistências ao longo de 62 jogos.

“O André trazia coisas diferentes ao nosso jogo. Muita velocidade… Mais do que do futebolista, temos de falar da pessoa. Era um miúdo bem formado”, explicou o treinador, antigo central do Benfica, em declarações à SportTV, acrescentando que o avançado tinha acabado de concluir uma licenciatura. “Acabou de tirar o curso de Gestão na universidade, nunca deixou os estudos. Continuou sempre a estudar e a trabalhar. Tirou Gestão porque criou uma empresa com o irmão. O futebol tem pouca importância. O mais importante é apoiar os familiares, que devem estar de rastos”, acrescentou Hélder Cristóvão.

https://twitter.com/ligaportugal/status/1940694949000777744

Apesar da distância física, já que Diogo Jota estava em Inglaterra há oito anos, os dois irmãos mantinham-se muito próximos e era frequente ver o internacional português a assistir a jogos de André Silva — tal como aconteceu no final de 2022, quando Jota falhou o Mundial do Qatar por lesão e foi visto nas bancadas do Leça durante uma deslocação do Gondomar.

“Ouvi a notícia há pouco na rádio e fiquei em choque. Foram meus jogadores do Paços e ainda nem sei bem o que dizer”, referiu José Pinto, diretor-geral da formação do P. Ferreira há 15 anos, em declarações à Lusa. “Da qualidade do Diogo nem é preciso falar. O André também era talentoso, mas não tinha atingido a mesma dimensão. A personalidade deles é o que me vem logo à ideia. Pessoas tranquilas fora de campo, mas com uma dedicação à causa e uma capacidade de trabalho incríveis. Pessoas extraordinárias, muito sérias e responsáveis”, sublinhou.

https://observador.pt/2025/07/03/acidente-de-viacao-vitima-diogo-jota-internacional-portugues-do-liverpool-tinha-28-anos/

André Silva, que tinha 25 anos e era o irmão mais novo de Diogo Jota, também morreu esta quinta-feira num acidente de viação em Zamora, Espanha. O carro em que ambos circulavam despistou-se na sequência do rebentamento de um pneu, acabando mesmo por se incendiar, com as chamas a alastrarem à vegetação junto à berma. De acordo com as autoridades espanholas, o acidente terá ocorrido às 00h40 de Espanha, 23h40 em Portugal continental.

“Isto é muito difícil. O André era uma pessoa enorme, com uma humildade enorme. A família estava sempre em primeiro lugar. É uma tragédia. Estamos todos sem palavras, sem saber o que dizer. Foi difícil e é difícil estar aqui, estou aqui por respeito a vocês. O que vos peço agora é que respeitem a nossa dor. São poucas as palavras que podemos dizer neste momento. Está a custar-nos muito. Não está fácil. Havia muito para dizer, mas está muito difícil”, disse Domingos Garcia, presidente da SAD do Penafiel, em conferência de imprensa.

[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 7.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui, o quarto aqui, o quinto aqui e o sexto aqui]