A startup portuguesa Connected, que desenvolve uma tecnologia para criar uma rede global de conectividade a partir do espaço, foi comprada pela britânica Open Cosmos, empresa espacial que desenvolve, constrói e opera missões completas de satélites e que tem a ambição de “reforçar a autonomia tecnológica da Europa”. Os valores envolvidos na aquisição não foram divulgados publicamente.
“A Connected construiu em dois anos o que outras empresas tardam cinco a fazer. É uma das startups espaciais mais competentes da Europa”, afirma Rafel Jordà, fundador e CEO da Open Cosmos, acrescentando que “o sistema de comunicações embarcado em satélites de terceiros” da empresa portuguesa encaixa “perfeitamente” na visão da compradora e acelera a sua “capacidade de fornecedor infraestrutura espacial escalável, multifuncional e flexível, que responda às necessidades institucionais e comerciais da Europa e mais além”.
Tiago Rebelo, que deixa de ser CEO da Connected e passa a ser chief revenue officer (CRO) da Open Cosmos, bem como a assumir o cargo de diretor-geral das subsidiárias dessa empresa em Portugal, explica que a startup estava a fechar uma ronda de financiamento seed “quando surgiu esta oportunidade de negócio”. “A oferta da Open Cosmos era demasiado alinhada – em termos de missão, cultura e ambição – para ser ignorada. Foi um claro reconhecimento da nossa tecnologia e do progresso real que alcançámos com recursos limitados, apenas possível com a dedicação incansável de toda a nossa equipa”, revela, citado em comunicado.
Como parte da aquisição, a Connected passa a ser uma unidade de negócio dedicada à conectividade IoT da Open Cosmos. Os 22 trabalhadores da startup portuguesa juntam-se à equipa de 18 pessoas que a britânica tem em Portugal. Globalmente, a firma emprega cerca de 200 pessoas e já arrecadou mais de 50 milhões de euros em financiamento. Segundo a nota divulgada esta quinta-feira, “mantém uma taxa de sucesso de 100% nas suas missões em órbita”.
Com o negócio, a Open Cosmos reforça a sua presença em Portugal, país em que já investiu mais de 15 milhões de euros, sendo que estima que o valor ultrapasse os 50 milhões de euros nos próximos três anos. “Os planos de expansão incluem o lançamento de uma nova fábrica de satélites no IPN [Instituto Pedro Nunes] em Coimbra, onde três satélites de engenharia portuguesa serão montados e operados a partir do final de 2025. Essas missões, irão contar já com a tecnologia de comunicações da Connected para fornecer dados integrados de Observação da Terra e conectividade IoT a partir de órbita”, lê-se no comunicado.
Para Tiago Rebelo, o negócio é apenas “o início”: “Juntos, construiremos um futuro em que a Europa lidera não apenas em tecnologia, mas também em capacidade industrial, fornecendo serviços espaciais que resolvem problemas globais, conectam pessoas e ativos, protegem sistemas críticos e reforçam a independência regional.”
Fundada em 2023 por Tiago Rebelo, André Guerra, Hélder Oliveira e Raquel Magalhães, a Connected fechou uma ronda de financiamento pré-seed de dois milhões de euros no início do ano passado. Meses depois, em outubro, estabeleceu uma parceria com a empresa norte-americana EchoStar Mobile, a divisão de serviços de comunicação móvel por satélite da EchoStar.
https://observador.pt/2024/02/20/startup-portuguesa-connected-capta-2-milhoes-para-apanhar-boleia-para-o-espaco/