A pessoa que acusa Nuno Lopes de a ter violado em 2006, em Nova Iorque, terá dito à polícia que teve relações sexuais consensuais com o ator português “naquela manhã, depois de acordar”. As declarações de A. M. Lukas constam no relatório policial, segundo a equipa jurídica de Nuno Lopes, que veio esta quarta-feira reagir aos comentários da defesa da alegada vítima sobre o pedido de julgamento sumário por parte do ator.
Esta terça feira foi noticiado que os advogados de Nuno Lopes requereram formalmente, a 25 de junho, que o ator português pudesse beneficiar de um julgamento sumário no processo judicial em que este se vê acusado de ter drogado e violado A.M. Lukas, argumentista e cineasta de nacionalidade norte-americana, em 2006. Em resposta, a equipa de advogados da alegada vítima classificou a moção de julgamento sumário como “uma tentativa desesperada e mal aconselhada de evitar ter de enfrentar um julgamento com júri”.
Já está quarta-feira, Rute Oliveira Serôdio, a advogada portuguesa de Nuno Lopes, emitiu um comunicado com uma série de pontos, muitos relativos ao diário de Lukas e um outro que revela a existência de um “relatório policial, após a visita de Lukas ao hospital por suspeita de violação” em que o “agente registou que Lukas afirmou ter tido relações sexuais consensuais com Nuno naquela manhã, depois de acordar”.
Esse relatório, a que o Observador não teve acesso, foi entregue ao tribunal durante a fase de pré-julgamento, ou “discovery”, nos Estados Unidos, e o seu conteúdo não havia sido divulgado até à data.
No comunicado enviado a este jornal esta quarta-feira pela assessoria do ator, pode ler-se: “Contactada a Esquadra 76 por uma possível agressão sexual, a vítima declarou no local que deixou uma bebida alcoólica sem vigilância num bar desconhecido perto do Festival de Cinema de Tribeca. Consumiu a bebida e ficou grogue. Teve um período de perda de memória. Afirmou ter acordado num local desconhecido em Bensonhurst, na cama de um homem latino. O homem era alguém que conheceu na festa. Teve relações sexuais consensuais com ele naquela manhã, ao acordar.”
https://observador.pt/2025/07/01/ator-nuno-lopes-pede-julgamento-sumario-em-caso-judicial-nos-eua-e-o-adequado-dadas-as-circunstancias-do-processo/
O Observador contactou a equipa de advogados de A. M. Lukas, da Wigdor LLP, um importante escritório que representou uma das testemunhas contra Harvey Weinstein, sobre o conteúdo do relatório policial, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.
O caso remonta a 20 de novembro de 2023, quando foi tornando público que a argumentista e cineasta americana Anna Martemucci (que assina como A.M. Lukas) apresentou uma queixa num tribunal nova-iorquino alegando que Nuno Lopes a drogou e violou em 28 de abril de 2006, durante uma festa do Festival Tribeca, em Nova Iorque. A.M. Lukas afirma que, após consumir uma bebida adulterada, perdeu a consciência, foi levada ao apartamento de Lopes, foi violada, e só recuperou consciência no dia seguinte. Na acusação, Lukas descreve que no dia seguinte foi ao hospital, onde terá sido vista por um médico, e que reportou a alegada violação à polícia.
O processo deu entrada no Tribunal do Distrito Oriental de Nova Iorque em novembro de 2023, pouco antes de expirar o prazo do “Adult Survivors Act” em Nova Iorque, que permitia que vítimas de crimes sexuais cometidos há mais de 10 anos pudessem apresentar queixa até 24 de novembro de 2023. O ator tem negado totalmente as acusações, afirmando que é “moral e eticamente incapaz” de tais atos, e diz estar de “consciência absolutamente tranquila”.
[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 7.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui, o quarto aqui, o quinto aqui e o sexto aqui]
