Nos últimos anos, os pagamentos digitais tornaram-se comodidades no setor das viagens, fazendo-nos talvez esquecer o impacto inovativo que trouxeram à maneira como as experienciamos. Agora, com o regresso da época alta em muitos países do nosso hemisfério, milhões de turistas vindos de todo o mundo preparam-se para explorar novos destinos – e para tal precisam de conseguir movimentar o seu dinheiro de forma suave e sem constrangimentos.
Tudo isto é facilitado, hoje, por soluções digitais de pagamento que se encarregam de servir de proxys a estas transações, quebrando inclusive as barreiras antigas das diferenças de moedas. Seja em hotéis, restaurantes, museus, parques temáticos, lojas ou transportes, as carteiras digitais e os pagamentos por telemóvel tornaram-se a norma.
Para o turista moderno, que procura praticidade e controlo, a opção de pagar com o telemóvel representa um avanço significativo quando olhamos ao que tínhamos no início do século. Comparado com o dinheiro físico, o pagamento digital oferece diversas vantagens: além de ser mais seguro, por eliminar o risco de perda ou roubo de notas e moedas, permite um melhor acompanhamento das despesas em tempo real. As carteiras digitais, como a Revolut, o Apple Pay ou o Google Pay, proporcionam uma forma rápida e cómoda de realizar transações em várias moedas, evitando os custos e complicações dos câmbios desfavoráveis. A conveniência é inegável e, muitas vezes, proporciona aos turistas maior tranquilidade na gestão do seu orçamento durante a viagem.
Estes serviços são muito importantes para o turismo, mas não só. Soluções como os sistemas de pagamento instantâneos, como o MB Way, Pix ou Bizum, são relevantes também para emigrantes porque permite que enviem dinheiro para o país de origem ou que paguem despesas locais, mesmo estando em Portugal. Sem atrasos ou custos associados, é também uma forma de estar mais perto sem estar. Ao promoverem maior fluidez nas transações entre países, estes serviços contribuem para uma experiência mais integrada, prática e acessível, além de responder às necessidades de um mundo cada vez mais interligado.
No entanto, é fundamental reconhecer que, com essa conveniência, surgem também riscos que não devem ser ignorados. Estes ambientes turísticos convidam, infelizmente com alguma frequência, a fraudes e esquemas maliciosos. A questão, portanto, é como podemos nós aproveitar as férias descansados sem nos preocuparmos com estas questões.
As redes de wi-fi públicas, amplamente disponíveis em cafés, hotéis e espaços turísticos, são alvos preferenciais para quem procura intercetar dados bancários e outras informações sensíveis. Um estudo da Kaspersky revelou que mais de 40% dos turistas nunca consideram a segurança ao utilizar redes públicas. Há precauções simples e eficazes, ainda assim: usar a rede de dados móveis ao aceder a aplicações bancárias é sempre preferível, por oferecer maior proteção. A acrescentar, hoje já muitos serviços bancários disponibilizam autenticação de dois fatores, um passo extra de segurança que dificulta o acesso não autorizado às contas. Limitar os montantes disponíveis nos cartões usados em viagem é igualmente sensato: caso o cartão seja comprometido, o prejuízo será menor.
Outra medida fundamental para garantir a segurança financeira nas férias é o acompanhamento frequente das carteiras digitais. Muitas aplicações bancárias permitem ativar alertas de movimentos suspeitos ou bloquear o cartão de forma imediata, caso necessário. Podemos estar a aproveitar uma montanha-russa sem que sintamos o mesmo efeito na carteira.
Apesar de todas estas cautelas, é importante sublinhar que a segurança digital não deve ser vista como um entrave, mas algo integral à experiência de viagem atual. Com medidas e comportamentos certos, todos podemos desfrutar tirando pleno partido da praticidade dos pagamentos digitais. Viajar, afinal, é uma experiência enriquecedora – e não o contrário.