Há quem diga que foi a “Semana da Dior”, dada a expectativa pela estreia de Jonathan Anderson à frente da maison francesa. Terminou no último domingo, 29 de junho, a Paris Men’s Fashion Week, com um desfile dramático com inspirações camponesas de Jacquemus em Versailles, mas teve espaço para o primeiro desfile masculino de Julian Klausner para a Dries Van Noten, uma viagem à índia com Pharrell Williams pela Louis Vuitton, e os clássicos revisitados de Hermès a Saunt Laurent.
Na quinta-feira ao meio-dia, numa garagem do 11º Arrondissement, Julian Klausner revelou a sua primeira coleção masculina para a belga Dries Van Noten, a aproveitar os elementos do guarda-roupa do fundador da marca numa visão mais jovem e divertida. As cores deram o tom ousado: amarelo, vermelho, rosa, verde, laranja; misturados em listas, padrões e bordados, aproveitando também a sobreposição de texturas, como malhas, sedas e brocados.
Já a paleta de cores da Hermès foi mais sóbria, colocando a frescura do verão nos cortes soltos e materiais entrelaçados, o que Véronique Nichanian chamou de “roupas respiráveis”. O resultado são calças e casacos feitos em treliça que deixam à mostra o que quer que esteja por baixo, além de camisas e cardigans com aberturas onde pode entrar “luz e ar”. Os lenços com cor e os chinelos trouxeram um toque divertido.
Os clássicos, como as camisas, blazers, bermudas e calças, também reinaram na coleção Saint Laurent, com as cores a dar o tom inovador. Anthony Vaccarello apostou em combinações elegantes, como o azul e o branco, o caqui e o ocre, o verde menta e o azul marinho, o amarelo mostarda e o castanho, além de incluir tons tradicionalmente de outono, como o dourado, o verde militar e o bordeaux. A inspiração foi na Fire Island, ilha na costa sul de Long Island, em Nova Iorque, conhecida por ser um refúgio para a população LGBTQIA+ desde os anos 1920.
Uma viagem à Índia com a Louis Vuitton e uma coleção camponesa com a Jacquemus
Como já era de se esperar, Pharrell Williams trouxe personalidades como Beyoncé e Jay Z para a fila da frente do desfile da Louis Vuitton. Com uma coleção que inclui elementos da Índia, com detalhes como as pedras bordadas, os desenhos de palmeiras e elefantes nas malas e casacos ou as camisolas trançadas à mão, o diretor criativo apostou num estilo dandy, já explorado em tantos looks que desfilaram na red carpet da MetGala deste ano. Por outro lado, Williams apresenta peças em tons pastéis, em peças com o corte clássico da marca, como os casacos longos e as bermudas. Numa outra paleta mais outonal, a coleção traz a mistura de padrões como o xadrez e às riscas em amarelo mostarda ou bordeaux, tudo apresentado sob a luz do fim de tarde, numa passarelle montada em frente ao centro Pompidou.
O local do desfile tem sempre papel importante de coerência na apresentação da coleção — que o diga Simon Porte Jacquemus. Depois de passarelles montadas em campos de lavanda, no último domingo escolheu L’Orangerie, um pomar de citrinos de Luís XIV, para o “Le Paysan”, uma coleção essencialmente camponesa e que o designer diz ser “uma homenagem à minha família”. Entre homens e mulheres, viu-se saias estilo provençal, com folhos e volume, formas que depois se transpuseram para coordenados de calças e blazer e vestidos, numa paleta de cores que variava entre o branco e preto, o bege e o rosa. Uma coleção que fechou a Semana da Moda masculina e que parece também abrir as portas para o evento dos próximos dias: a Paris Fashion Week Haute Couture arranca a 7 de julho e prevê a última coleção de Demna Gvasalia pela Balenciaga antes de iniciar os trabalhos na Gucci.
[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 7.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui, o quarto aqui, o quinto aqui e o sexto aqui]
