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Evil Live. A fórmula vencedora de um festival de peso

O público variado, fiel e ávido de concertos em volta do metal e derivados. As bandas que não atuam noutros palcos. E o revivalismo de alguns géneros. Vimos isto e mais no Estádio do Restelo.

António Moura dos Santos
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São 17h00 de um sábado onde o sol abrasador ameaça fazer derreter vontades e asfalto. Do palco montado no Estádio do Restelo é ladrada a ordem aos presentes para que se faça uma wall of death, ritual de concerto que consiste em que o público se divida ao meio, qual mar perante Moisés, e colida contra a outra metade quando a música explodir numa fúria. Mesmo descontando as elevadas temperaturas, para a maioria das pessoas, tal ato talvez pareça um disparate a roçar a loucura. Para quem vai ao Evil Live, contudo, é um prazer daqueles que às vezes se está à espera durante um ano para ter.

De 27 a 29 de junho, este recinto desportivo de Lisboa — um dos maiores da capital, se excluirmos o Estádio da Luz e o Estádio de Alvalade — encheu-se de amantes de música pesada, que desafiaram as temperaturas e os alertas do IPMA para assistir a alguns dos maiores nomes do rock e do metal à escala mundial, como Judas Priest, Korn e Slipknot. Se a sexta-feira de arranque do Evil Live saldou-se em mais de meia casa, com 14 mil pessoas — algo atribuído pela organização ao facto de ser um dia de trabalho —, o fim de semana foi um rotundo sucesso: sábado quase esgotou, com 20,5 mil entradas, e no domingo foi mesmo necessário desbloquear mais bilhetes para acolher perto de 22 mil pessoas.

Tais resultados têm, naturalmente, de ser medidos à luz do seu contexto, já que os maiores festivais do país operam noutra escala em termos de público — o NOS Alive, por exemplo, tem capacidade para 55 mil pessoas. No entanto, numa fase em que eventos de cariz mais generalista como o Super Bock Super Rock e o Sudoeste tiveram de ser adiados e outros, como o Kalorama, têm tido vendas de bilhetes abaixo das expectativas, o que é que o sucesso num género específico como este nos diz da forma como se assiste a música ao vivo em Portugal? E o que inspira tamanha devoção? Foi o que o Observador tentou compreender ao comparecer a dois dias do Evil Live.

Uma lacuna que precisava de ser preenchida

Os festivais de metal já têm um longo historial em Portugal, com eventos como o Mangualde Hard Metal Fest e o SWR Barroselas a serem realizados há 30 e 25 anos, respetivamente. No entanto, no que toca a grandes concentrações para ver concertos destes géneros musicais no século XXI, aquilo que perdurará no imaginário da maioria das pessoas são os dias temáticos dedicados à música pesada que eram realizados em festivais como o Rock in Rio, o Super Bock Super Rock e o NOS Alive. Prática entretanto desaparecida, tinha o condão de atrair vários tipos de fãs devido à força gravitacional dos gigantes do género que muitas vezes só vinham a Portugal no contexto desses eventos.

“Lembro-me de ver Metallica tanto no Alive como no Super Rock — houve um ano que teve Tool, Mastodon, etc…, uma série de bandas desse género. Hoje não se vê nada”, lamenta Nuno, de 52 anos, em conversa ao Observador. Tanto ele quanto o seu amigo Mário, de 43 anos, há muito que são fãs de música pesada e tanto já foram a eventos fora do país como à maioria dos festivais de metal realizados em Portugal. “Vem Nine Inch Nails [ao Alive] este ano? Woo!”, reage com sarcasmo.

É no contexto dessas perdas que surge o Evil Live, que “sem vergonha nenhuma, quer-se assumir e assume-se como o maior festival de rock e metal do país”. Quem o diz é Francisco Gonçalves, membro da produção da Prime Artists, a promotora que organiza o Evil Live, em conversa com o Observador. Para compreender de onde surgiu este certame, há que ter em conta que a Prime Artists começou por ser a responsável pelo famoso Vagos Open Air, festival organizado entre 2009 e 2015 em dois locais distintos no concelho que lhe dava o nome na região de Aveiro e que se tornou ao longo deste período numa referência no país.

No entanto, em 2016, a empresa operou uma mudança surpreendente, trazendo-o para Corroios e alterando-lhe o nome para VOA – Heavy Rock Festival — entretanto, Vagos, tendo perdido o seu festival, começou a trabalhar com outras entidades para criar o Vagos Metal Fest, que dura até hoje e é também um dos maiores eventos do país dedicados à música pesada. No que toca ao VOA, o festival da Prime Artists assim se manteve sob esta denominação até 2023, crescendo de forma continuada mesmo apesar de atravessar situações como parar para reestruturação em 2018, mudar subitamente de local em 2019 para a MEO Arena devido a uma falha de segurança na véspera de acontecer, e a pandemia, que obrigou ao seu adiamento até 2022, acontecendo por fim no Estádio Nacional, no Jamor. No ano seguinte, contudo, renasceria enquanto Evil Live, tendo ocorrido até 2024 na MEO Arena, fazendo finalmente a sua estreia no Restelo este ano.

Para que se entenda o nível a que começou a operar este festival, Nuno sugere um quadro de análise muito útil. “No que toca a festivais, gosto de às vezes fazer um exercício que é pensar se as bandas cá viessem a solo, que salas é que faziam? O Evil Live traz, quase sempre, nomes que tocariam, à vontade, pelo menos, numa MEO Arena ou num Campo Pequeno ou num Coliseu”, afirma. Nos últimos dois anos, passaram pelo festival nomes como Pantera, Megadeth, Avenged Sevenfold, Machine Head, Alter Bridge e Kerry King, o ex-guitarrista dos Slayer. Em comparação, a concorrência traz bandas para salas como “o RCA ou o Lisboa ao Vivo, talvez no máximo, a Sala Tejo”. “Portanto, aí vê-se logo as dimensões”, atenta.

“A nossa ideia foi sempre trazê-lo para o ar livre, passar para três dias, crescer e quem sabe um dia até conseguimos fazer uma coisa maior como existe noutros países. Toda a gente sabe que os nossos principais concertos são na área do rock e do metal, é a que queremos dinamizar e que achamos que não está morta nem de longe”, defende o membro da produção. No entanto, houve outra mudança quando o festival se tornou Evil Live. “Não é segredo que o VOA acabou e nasceu o Evil Live, e uma das grandes diferenças é que o primeiro era um festival assumidamente de metal e nós aqui queremos ir a todos os espectros do rock. Tanto que o cartaz deste ano é um exemplo. Tentamos ir a todas as áreas”, afirma Francisco.

Tal foi visível ao longo dos dias do cartaz, que foi desde o thrash metal feroz dos Municipal Waste e dos Death Angel ao rock and roll bem disposto dos Eagles of Death Metal, passando pelo heavy metal tradicional dos Judas Priest, o rock industrial de Till Lindemann e dos Bizarra Locomotiva, o nu metal irado dos Korn e dos Slipknot, o metalcore cheio de groove dos Jinjer e dos Seven Hours After Violet ou as formas de metal mais extremado e de difícil catalogação dos Opeth, dos Triptykon e dos Gaerea.

Do fã casual ao adepto do underground, todos vêm aqui parar

Para quem não esteja familiarizado com estas diferentes vertentes da música rock e metal, pode parecer tudo indistinguível, mas não só se tratam de sonoridades altamente distintas — ainda que não incompatíveis —, como atraem também vários tipos de ouvintes. Se o preto continua a ser o tom oficial de indumentária, já deixou de ser a regra. Não só se veem outras cores a pontilhar entre a massa humana, como há cada vez mais ecletismo também no que se escolhe envergar: T-shirts com as séries de anime preferidas, por exemplo. Ao contrário de outros festivais, onde a pulsão talvez seja a de usar merchandising de bandas menos conhecidas, servindo isso como sinalizador de um gosto mais refinado, aqui veem-se principalmente os logos dos grupos mais famosos do género ou dos conjuntos que vêm tocar naquele dia.

Essa variedade — e o crescimento do Evil Live decorrente da mesma — deve-se, em parte, a um tipo de festivaleiro mais casual, que é amante deste género de sonoridades, mas talvez não com os dois pés dentro da subcultura, não comparecendo com frequência a concertos de menor dimensão nem fazendo as romarias necessárias para ir a outros festivais de índole semelhante. “O facto de ser organizado na capital, de trazer se calhar mais gente só pela curiosidade, que se não se desloca para ir a um Barroselas ou assim, também pode ter alguma vantagem por aí”, adianta Mário.

André, de 30 anos, assume-se como uma dessas pessoas. “Tento, uma vez por ano, ir a um festival de grandes dimensões. Como o Rock in Rio e o Alive já não têm o chamado ‘dia do metal’, procuro vir aqui porque vão sempre buscar as bandas que esses festivais traziam”, afirma.

Apesar de também tentar ir a concertos de menor escala em salas mais pequenas na área metropolitana de Lisboa e de conceber um dia ir a um evento como o Milagre Metaleiro — organizado em Pindelo dos Milagres, concelho de São Pedro do Sul —, não tem pejo em afirmar que o Evil Live é o seu tipo de festival, que “tenta agradar a todos os tipos de público, mas mais a puxar para o metal alternativo”, tentando ser “o mais mainstream possível” dentro da música pesada mas que ainda assim não descura “ir buscar bandas que habitualmente não vêm cá”. “Vai muito às tendências do Spotify, atraindo malta assim da faixa etária dos 20 e dos 30, tenta puxar artistas que geralmente as pessoas pedem nas páginas dos festivais. O Evil Live, o que faz é buscar essas bandas e depois mete lá pelo meio uma data de alternativas que habitualmente não conheces, mas que podem ajudar à festa”, defende.

No entender de André, uma das razões do percurso de sucesso do Evil Live é exatamente apelar a pessoas como ele, ao invés de fãs que considerem que a sua curadoria penda demasiado para escolher nomes comercialmente viáveis ou de géneros tradicionalmente malogrados junto de algumas franjas, como o metalcore ou o nu metal. “Acho que a palavra de ordem é casual. É um tipo de coisa que não se leva a sério ao ponto de só puxar malta elitista. Acho que é mesmo para o pessoal se divertir”, argumenta.

António, da mesma idade, tem uma postura mais crítica em relação ao Evil Live, apesar de também ter comprado um passe de três dias, considerando-o “um festival que tenta agradar a toda a gente que gosta de metal”. “Tens um bocadinho de tudo, mas é de tudo aquilo que é minimamente generalista. Vai agradar possivelmente a todos, com poucas exceções de pessoas que só ouvem cenas muito underground, mas é um ponto de encontro porque há sempre qualquer coisa para toda a gente”, explica.

É um pouco o caso deste festivaleiro, já que preferia a conceção original dos festivais da Prime Artists, mais assentes em bandas de metal menos conhecidas. “A avaliação que faço não é muito boa para um fã como eu”, admite, sendo que “dentro dos festivais que têm maior dimensão, é dos menos interessantes”, não o recomendando “a quem quer entrar a sério na cena”. No entanto, até mesmo para António há a sensação de que este é “um ponto de paragem obrigatório, porque acaba sempre por ter uma ou outra banda” de renome que quer rever ou ver pela primeira vez. Ou seja, a mesma força de atração acima mencionada que os grandes festivais tinham quando organizavam os seus dias dedicados à música pesada.

Não obstante as predileções mais casuais ou mais elitistas, todos parecem concordar que o tipo de pessoa que vai a um festival como o Evil Live é, no sentido mais tradicional do termo, um fã de música ao vivo. Esse é outro fator para o crescimento do festival, como o próprio Francisco Gonçalves sugere. “O facto do Evil Live crescer — e queremos que cresça ainda mais — tem muito a ver com a comunidade que vai aos nossos concertos. É aquele pessoal que vem a um festival — seja no Evil ou noutros festivais de metal — para ouvir música, para ver os artistas, para apreciar um bom momento com os amigos, beber uma cerveja a ver uma banda em palco a tocar ao vivo”, atribui. Tem, portanto, um público “mais fiel”, ao contrário do que vai a festivais mais generalistas e é mais volúvel consoante tendências.

António tem a mesma opinião. “Acho que os fãs de música pesada em geral são muito mais fiéis do que os fãs de outros estilos de música. Há muito mais até quase uma obrigatoriedade de comparecer quando certas bandas clássicas vêm tocar, de dizer presente”, aponta. “Duvido que noutros géneros de música haja pessoas que tenham visto Iron Maiden 10 vezes e que continuem a querer ver mais”, arrisca.

Por um lado, tal deve-se ao facto dos fãs destes géneros musicais gostarem de música “do ponto de vista instrumental”. Acho que há muito mais a ênfase de realmente ver o artista ao vivo a reproduzir aquilo que tu estás a ouvir e perceber como é que aquilo funciona. Não apenas ouvir, mas também ver de onde é que aquilo vem”, declara. Por outro, não querendo entrar em proclamações afirmando que o metal é um “movimento” ou uma “irmandade”, considera existir “um espírito de pertença ao vir a este tipo de eventos”, tratando-se de uma “congregação de pessoas com os mesmos interesses que são interesses de nicho.”

Da parte de André, este viu durante o Evil Live como, mesmo durante concertos de grupos que à partida as pessoas não estariam interessadas, “não estava ninguém sentado no chão enquanto a sua banda favorita não tocava”. “Vejo a malta a curtir o ambiente, a tentar absorver se calhar uma banda que nunca ouviu, mas tira proveito daquilo”, afirma.

Um clube de rapazes que o é cada vez menos

No decurso da sua conversa ao Observador, António alude a outro aspeto essencial para compreender o crescimento de um festival como o Evil Live, já que este “pode ser uma porta de entrada para miúdos mais novos que vêm com os pais”. “Aliás, pode ser uma porta de entrada na música pesada em geral”, garante.

Sendo géneros como o metal e o punk e seus derivados frequentemente tidos como inacessíveis dada a abrasividade da sua sonoridade ou indesejáveis devido aos estereótipos a si associados, o comum é conceber-se que quem começa a ouvir este tipo de música, fá-lo por influência de pais e/ou amigos. No Evil Live, foi frequente verem-se por vezes famílias inteiras presentes no Restelo, dando prova desse rito de passagem multigeracional.

No entanto, o que estes três dias de Evil Live parecem ter comprovado — e os seus números de espectadores sugerem isso também — é que parece haver uma vaga de fundo em que os jovens voltaram a virar-se mais para as sonoridades pesadas. Bandas relativamente recentes dos meandros do hardcore punk, como Knocked Loose e Turnstile, estão a conquistar cada vez mais espaço, chegando mesmo a tocar nos talk-shows norte-americanos. “Are You Ready? The Nu Metal Renaissance Is Upon Us” (“Está pronto? O renascimento do Nu Metal já está aí”), escreveu o The New York Times em 2023, atribuindo o recuperar de popularidade deste género do final dos anos 90 e início dos anos 2000 “ao TikTok, ao renascimento do Y2K e, claro, à angústia adolescente” da Geração Z.

Este é apenas um de vários artigos a apontar nesse sentido, sendo que foram justamente os dias de Korn e Slipknot — nomes gigantes desse género —  a esgotar. Vindo do norte do país — do Porto e de Aveiro, entre outras cidades — um grupo de jovens fez o périplo até Lisboa só para estar presente no dia da banda liderada por Jonathan Davis. Uma das mais recentes integrantes, Rita, de 20 anos, diz que começou “recentemente a entrar nesta onda do metal”. “Elas é que me apresentaram. Estou a gostar muito deste estilo de música e também da comunidade — as pessoas são muito bem vindas para entrar”, adianta.

“No metal existe uma tendência outra vez de muitos adolescentes ouvirem metal pesado, coisas muito extremas. Os Bring Me The Horizon, os Falling in Reverse… Slipknot como é óbvio”, afirmou Nuno no dia anterior. À luz dos seus 52 anos, considera estar perante “uma tendência muito engraçada”. “Eu, com a minha idadezinha, às vezes é muito giro ver outra vez os putos a curtir som. Eu lembro-me de chegar ali aos anos 90 e não havia nada, era só malta da minha idade”, aponta.

Outro fator de renovação não passa só pela idade, mas também por quem participa. Apesar de ser ainda um ambiente masculino e dominado por homens, é patente o espaço que as mulheres têm conquistado na esfera da música pesada, não só enquanto artistas, mas também como participantes ativas. O grupo acima descrito, composto maioritariamente por jovens mulheres, é disso exemplo. “O meu círculo de amigos que ouvem metal é metade-metade, raparigas e rapazes”, afirma Francisca, também de 20 anos. Ao seu lado, Rita acredita que deve-se ao ar dos tempos, já que “muita gente começou a ficar mais confortável a participar”.

Outro exemplo é o de Catarina Pacheca. Há 10 anos talvez fosse difícil imaginar uma mulher ser uma das principais divulgadoras da música pesada do país. No entanto, além de ser responsável pelo No Tom Errado — canal de divulgação presente em várias redes sociais —  Catarina tem a sua própria conta de Instagram com perto de 13 mil seguidores e onde vai fazendo trabalho de promoção em festivais — inclusive no Evil Live — e quanto a várias bandas.

Apesar de ser mais fácil que nunca alguém que não é tradicionalmente metaleiro poder conquistar o seu espaço, diz sentir ainda “muita crítica”. “E, em especial, o sítio onde sinto mais críticas é mesmo o metal. Mas eu percebo e faz parte, porque eu não tenho o aspeto de metaleira apesar de gostar de metal e está tudo bem”, conta ao Observador. No entanto “a ideia é mesmo essa”. “Eu nunca vou mudar isso porque é essa a mensagem que eu quero passar. E veres pessoas que não estão vestidas à ‘metaleiros’ neste festival é bom, sim, porque é pessoal que curte música. Eu acho que o importante, além de te pareceres com isto ou com aquilo, é gostares de música e é isso que eu quero passar”, conta.

Também ela, vendo de perto como novas pessoas estão a começar a chegar a estes géneros musicais, diz ser palpável estar a “haver um crescimento de umas coisas mais pesadas”. “Não metendo rótulos nas coisas, não só é metal em específico, mas talvez mais hardcore e outras coisas assim mais diferentes e pesadas. Sinto que está a haver uma onda de revolta das pessoas, que estão a usar um bocadinho a música para isso”, aponta.

O seu papel como figura influente nas redes sociais, adianta, tem sido o de “desmistificar um bocadinho o metal, porque as pessoas associam-no a uma coisa muito fechada, é só deles — e ainda é um bocadinho fechada. Só que também é fixe, as pessoas são divertidas, estamos todos num mosh e as pessoas estão felizes, não estão à pancada ou à bulha umas com as outras. E então eu tento passar um bocado essa ideia a pessoas que não têm nada a ver com o meio”, conclui.