Conhece os valores do seu colesterol e da pressão arterial? Sabe que um colesterol elevado e a hipertensão são fatores de risco para um AVC ou um enfarte?
Costuma falar deste assunto com o seu médico? Lançámos no final de março um inquérito em que poderá participar e avaliar o seu conhecimento seus fatores de risco para as doenças cérebro-cardiovasculares, a principal causa de morte e de incapacidade prematura em Portugal. Está disponível no final de todos os conteúdos do Arterial, demora apenas trinta segundos a responder, e gostaríamos de contar com a sua participação. Vale a pena refletir sobre as causas do AVC e do enfarte e este inquérito é um primeiro passo para tirarmos conclusões sobre o papel dos meios de comunicação social, como o Observador, no aumento do conhecimento sobre estas doenças.
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“Não sabia o que fazer da vida. Podia morrer de morte súbita”, confessou Rui Fernandes, carteiro, à jornalista Paula Sofia Luz, que rumou a Arouca, acompanhada da fotojornalista Maria João Gala, para conhecer este homem, muito conhecido na vila, e cuja vida mudou de repente perante o diagnóstico de insuficiência cardíaca grave. |
Em 2022, foi obrigado a ficar de baixa, sinal de que algo de muito grave se passaria. Afinal, ele é conhecido pela sua vivacidade, o gosto pelo convívio com a família, os amigos e os colegas de trabalho, e pela paixão pelo desporto. Foi uma espécie de “sentença de morte antecipada” que deixou todos ao redor em choque. Desde logo, a mulher Anabela Fernandes e as filhas Cármen e Joana, que passaram a ver o pai, no sofá, com medo do diagnóstico e que agora mal se movimentava. Um marido e um pai deprimido, a contrapor aquele que “estava sempre pronto a fazer tudo e que começava logo a preparar o jantar quando chegava a casa”. |
O diagnóstico “foi inicialmente delicado”, conta a cardiologista Catarina Gomes, especialista em insuficiência cardíaca do Hospital Santo António, no Porto. Primeiro, o choque. Depois, a ação. A médica elogia Rui pelo cumprimento total da toma de medicação e do seguimento regular em consulta, bem como a alteração dos estilos de vida, que acabaram por culminar na melhoria da função cardíaca e da qualidade de vida. A médica faz parte da rede de apoio de Rui nesta fase da sua vida, a juntar-se à mulher, às filhas, à irmã, ao antigo chefe e atual amigo. |
Rui é um bom caso de bom acompanhamento nos cuidados de saúde primários (centro de saúde), pois os seus sintomas – cansaço permanente, falta de ar e sensação de sufoco durante a noite – inquietaram a sua médica de família “que não descansou enquanto não percebeu o que [o doente] tinha”. Ele, que sempre foi uma pessoa saudável, demorou dois meses a ver um diagnóstico fechado. Passou por vários hospitais e depois de uma fase de maior ansiedade, decidiu não dar tréguas à doença, perdeu 20 quilos, mudou totalmente a alimentação e não descurou exercício físico. E agarrou-se à fé, “devoto de Santa Rita de Cássia, que os crentes identificam com protetora das causas impossíveis”. A reportagem, a ser lida aqui, dá voz às pessoas que ajudaram / ajudam Rui a recuperar a sua vida. |
O cumprimento da medicação e o acompanhamento médico após um primeiro evento são essenciais para evitar um segundo episódio. É o que se chama de prevenção secundária, o que explicado de forma simples, indica o conjunto de ações para identificar e tratar precocemente uma doença já diagnosticada, bem como diminuir as sequelas. |
Também Paula Silva, 62 anos, teve de investir na sua recuperação após três AVC com diferença de pouco tempo entre todos eles. Ficou paralisada do lado direito (hemiparesia) e com dificuldades em falar (com afasia). Apesar de precisar de reabilitação no SNS, não teve vaga quando mais necessitava e teve de recorrer ao privado “porque tinha seguro, senão não conseguia pagar”. Precisou de reaprender a andar, a comer e a falar. A protagonista do mais recente episódio da rubrica “Quando a minha vida mudou”, disponível em vídeo e em formato de podcast emociona-se ao recordar este momento difícil. |
Hélder Dores, cardiologista do Hospital da Luz, professor e investigador na Nova Medical School escreve um artigo de opinião onde defende que a reabilitação cardíaca não chega a todos. “Depois de um enfarte, o risco de ter outro aumenta bastante. Em Portugal não fazemos o suficiente para o evitar”, assinala, reconhecendo que “a probabilidade de [os doentes] terem outro evento é superior comparativamente às pessoas que nunca tiveram um episódio semelhante”. O nosso país, defende o médico, está “muito aquém do desejável, sendo reduzido o número de doentes que têm acesso a estes programas e ainda menor aqueles que os completam”. |
A pensar nos que ainda não estão doentes, mas também naqueles que já receberam um diagnóstico, o mês de maio assinala o mês do coração e disponibiliza atividades gratuitas para a população. Caso queira participar em alguma iniciativa, deixamos-lhe algumas sugestões. |
Maio é também o mês em que se celebra o Dia Mundial da Hipertensão, o que aconteceu no passado dia 17. A este propósito sugerimos a conversa com o médico cardiologista Fernando Martos Gonçalves, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão no podcast “Se eu fosse ministro da saúde”, que nos dá conta que “ao fim de seis meses, metade dos doentes hipertensos já não faz a medicação”. E por falar nisso, quisemos saber se o preço dos medicamentos em Portugal é uma barreira ao acesso e se os tempos de aprovação de novos medicamentos no nosso País é longo. Para tal, convidámos para o mesmo podcast, Céu Mateus, especialista em economia da saúde e professora catedrática na Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e que nos diz que o país “não está no topo da tabela, mas também não está no fim”, no que respeita ao tempo em que um medicamento demora a ser aprovado. Para ouvir aqui. |
Antes de me despedir, volto a convidá-lo a participar no nosso inquérito e a aceder aos conteúdos que disponibilizamos gratuitamente no Arterial. Se ainda não acionou os alertas, pode fazê-lo e ficar a saber em primeira mão tudo o que preparámos para si. |
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REPORTAGENS E ENTREVISTAS
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Arterial
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Diagnosticado com insuficiência cardíaca que o deixou praticamente incapacitado aos 46 anos, Rui Fernandes recuperou com o apoio da família, das médicas e, acredita o carteiro, com uma "ajuda divina".
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Arterial
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Os três AVC deixaram-na paralisada do lado direito e com dificuldade em comunicar. Paula Silva não conseguiu vaga para reabilitação no SNS e foi no privado que encontrou as respostas de que precisou.
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Arterial
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Há muito que Claudemiro Teixeira desafia as doenças e a vida. Um enfarte quase o matou, mas recupera com a ajuda da família, dos médicos e da reabilitação cardíaca — que não chega a toda a população.
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Ciência
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Os médicos não são suficientes para o diagnóstico e tratamento da hipertensão. É necessário o apoio de uma equipa, defende Fernando Martos Gonçalves, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.
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Ciência
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O tempo de aprovação de medicamentos em Portugal é longo? Como se pode facilitar o acesso a cuidados de saúde? O SNS garante a igualdade? As respostas de Céu Mateus, especialista em economia da saúde.
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OPINIÃO
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Além do controlo dos fatores de risco, a reabilitação cardíaca é essencial para evitar um segundo enfarte. Mas, em Portugal, os doentes não chegam a fazê-la ou a completá-la. E o risco aumenta.
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Com cerca de 30% dos adultos obesos e 70% com excesso de peso, os números são alarmantes e colocam o nosso país entre os mais afetados na Europa. A obesidade é um grave fator de risco cardiovascular.
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AGENDA
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O QUE SE ESCREVE LÁ FORA
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