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Plataforma OnlyFans remove 26 contas suspeitas de conter abuso sexual de menores após investigação

Contas continham fotografias de jovens com características físicas de menores de 18 anos. Plataforma não esclareceu porque é que só removeu criadores de conteúdo após as denúncias.

António Moura dos Santos
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A plataforma OnlyFans — utilizada por 4,1 milhões de criadores de conteúdos para difundir material pornográfico — removeu 26 contas suspeitas de fazerem parte de uma rede de exploração sexual de crianças. A decisão surgiu no decorrer de uma investigação entre a agência Reuters e vários especialistas em detetar este tipo de conteúdo online.

Matt W.J. Richardson, um dos investigadores entrevistados, diz ter sinalizado 26 contas como contendo material suspeito de abuso sexual de crianças no dia 16 de dezembro. Líder de investigação da organização The Canadian Open Source Intelligence Centre, o especialista diz que todas as contas foram removidas em 24 horas após o alerta às autoridades norte-americanas.

Este desenvolvimento surge depois de uma série de reportagens de investigação da Reuters quanto à possível partilha de material ilegal no OnlyFans — não só pornografia infantil, mas também abusos sexuais, violações, tortura e coação sexual. A agência de notícias investigou 49 contas ao longo de vários meses, tendo todas elas sido também removidas.

O modus operandi tanto dos jornalistas da Reuters como de especialistas como Richardson passa por examinar fotografias de perfil público não explícitas, biografias e publicações de cada uma das contas suspeitas no OnlyFans, sem recorrer ao material pornográfico que está interdito ao público sem uma subscrição a essa conta.

Os resultados encontrados demonstraram que a grande maioria das imagens dessas contas apresentam características físicas típicas de menores de 18 anos, como ancas estreitas e falta de maturidade física. Além disso, apresentam uma linguagem promocional quase idêntica nas suas publicações, recorrendo a termos infantis ou infantilizantes — “tímida” ou “inocente” — ou recorrendo a emojis de biberões ou de chupa-chupas.

Uma das fotografias de perfil sinalizadas por Richardson foi de uma jovem vestida com um top de rede apertado, autodescrevendo-se na sua página como uma “princesa pequena” que “pode parecer inocente”, mas que procura um “homem bem experiente”. “Ela nem sequer parece ter 15 anos”, reagiu Lori Cohen à Reuters. “É uma imagem muito perturbadora”, apontou a diretora executiva da Protect All Children from Trafficking, uma organização sem fins lucrativos dos EUA dedicada a erradicar a exploração sexual e o tráfico de crianças.

“O que é alarmante é o âmbito e a escala do fenómeno”, afirma Richardson, alertando para o facto de muitas contas apresentarem imagens de mais do que uma mulher que ele suspeitou serem menor de idade. Além disso, algumas contas estavam ligadas umas às outras através das mesmas mensagens promocionais, o que sugere que podem ter sido controladas pela mesma pessoa ou grupo.

A política oficial da plataforma está em consonância com as leis da maioria dos países onde opera, sendo proibida a difusão de material sexualmente explícito de menores. Além disso, o OnlyFans diz também moderar e remover o conteúdo de adultos que se façam passar por menores de idade.

Numa reação à Reuters, uma fonte da plataforma diz que tem uma equipa de pré-verificação que utiliza tecnologia para detetar conteúdos “extremamente prováveis de serem de uma criança”. Além disso, o Onlyfans diz recorrer a terceiros para verificar e confirmar que os documentos de identidade obrigatórios para abrir uma conta são verdadeiros e os seus detentores têm mais de 18 anos.

No entanto, a plataforma escusou-se a responder porque é que só detetou e removeu as 26 contas sinalizadas pela equipa de Richardson após a denúncia às autoridades, assim como as 49 contas investigadas pela Reuters. O OnlyFans também não revelou quais as empresas terceiras que emprega para fazer a verificação de documentos.