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(A) :: Cadbury enfrenta Natal amargo. Chocolateira perde o patrocínio da Família Real britânica ao fim de 170 anos

Cadbury enfrenta Natal amargo. Chocolateira perde o patrocínio da Família Real britânica ao fim de 170 anos

A marca fornecia o Palácio de Buckingham desde os tempos da rainha Vitória. Saída não foi explicada, sendo que a empresa que a detém já tinha sido alvo de pressões por continuar a operar na Rússia.

António Moura dos Santos
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A fabricante de chocolates Cadbury é uma de mais de 100 entidades a perder o privilégio de ser fornecedora de produtos e bens da família real britânica, adiantam meios de comunicação social britânicos como o The Guardian. A fabricante beneficiava de um mandado real de nomeação desde 1854, por decisão da rainha Vitória.

Vigentes desde o século XV, os “royal warrants” (“mandados reais”) reconhecem formalmente que uma empresa ou indivíduo forneça produtos ou serviços à família real britânica. O seu estatuto é periodicamente revisto, com mandados a serem renovados por períodos de um a cinco anos.

A maior vantagem de receber esta benesse é sobretudo o prestígio que as marcas passam a usufruir de poder incluir nos seus materiais promocionais ou nos rótulos dos seus produtos que fornecem a família real, além de terem uma das mais endinheiradas instituições do Reino Unido no rol de clientes habituais.

Criada em 1824 em Birmingham por John Cadbury, a chocolateira é uma das mais famosas do mundo, responsável por produtos como os Dairy Milk, Crunchie ou Double Decker. Se a Cadbury era uma marca predileta da sua mãe, a rainha Isabel II, o mesmo não aparenta aplicar-se ao rei Carlos III, que ordenou a sua saída da mais recente lista de mandados reais, publicada pela Royal Warrant Holders Association — “Associação dos Detentores de Mandados Reais”, numa tradução à letra — do Palácio de Buckingham.

A razia afetou outras marcas importantes, como a Unilever, responsável por fornecer produtos como a pasta alimentar Marmite, os gelados Magnum e os pré-preparados Pot Noodles. De resto, a Cadbury não foi a única empresa chocolateira a sair das preferências reais, com a Charbonnel et Walker a perder o patrocínio também. Pelo contrário, a Nestlé manteve-se na lista.

A Mondelēz International, empresa que detém a Cadbury, já reagiu numa declaração, reafirmando que se trata de uma “marca muito amada que faz parte da vida britânica há gerações e continua a ser o chocolate favorito da nação”. “Embora estejamos desapontados por sermos uma das centenas de outras empresas e marcas no Reino Unido a não ter um novo mandado concedido, estamos orgulhosos de ter tido um anteriormente e respeitamos totalmente a decisão”, lê-se na nota enviada ao The Guardian.

Respeitando os protocolos reais, a Cadbury e as outras empresas não selecionadas foram informadas da exclusão por carta, não lhes tendo sido dada a razão para tal decisão.

A perda do mandado foi alvo de especulação devido ao facto da Mondelēz International ser visada por uma campanha internacional a pressioná-la para deixar de operar na Rússia após a invasão da Ucrânia. Os responsáveis pela iniciativa pediram mesmo à família real para deixar de patrocinar a Cadbury devido a esta questão, mas não é certo que este boicote tenha sido a causa última da perda de mandado, já que outras empresas alvo das mesmas pressões, como a Samsung ou a Bacardi, continuaram a granjear do patrocínio.