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(A) :: "Cancelada" em vão? Blake Lively abre processo civil contra Justin Baldoni. Acusa ator de assédio sexual e de campanha de difamação

"Cancelada" em vão? Blake Lively abre processo civil contra Justin Baldoni. Acusa ator de assédio sexual e de campanha de difamação

O realizador e o produtor de "Isto Acaba Aqui" terão contratado uma empresa de RP para manchar a reputação de Blake Lively. Atriz acusa ambos de assédio sexual e de campanha de difamação.

Carolina Sobral
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Depois da grande polémica na qual esteve envolvida durante o verão, Blake Lively está de volta. Esta sexta-feira, deu entrada com um processo civil no qual acusa o ator Justin Baldoni, com quem protagonizou no filme Isto Acaba Aqui — a adaptação do romance de ColleenHoover — e o produtor Jamey Heath de assédio sexual, retaliação e de uma campanha de difamação para a “enterrar”.

Na queixa, divulgada em primeira mão pelo New York Times, Blake Lively acusa Baldoni — também realizador do filme — de forçar cenas de beijos improvisados e indesejados, de fazer comentários sobre a sua própria vida sexual, incluindo encontros sem consentimento, e de entrar no camarim da atriz repetidamente, junto de Heath, enquanto a atriz trocava de roupa. Terá mesmo chegado a fazê-lo sem autorização quando Lively estava a amamentar.

Já o produtor, e na época presidente dos estúdios Wayfarer, terá mostrado vídeos e fotografias da sua mulher nua e entrado também no camarim de Blake quando esta estava sem roupa a retirar a maquilhagem corporal. Mesmo depois de lhe ter pedido para não olhar, Heath fê-lo.

Na altura das gravações, a atriz expôs as suas queixas numa reunião com os estúdios, na qual concordaram incluir um coordenador de intimidade, que, reconheceu Lively, ajudou a melhorar a situação. Entre as condições estava também não poderem retaliar contra ela.

https://observador.pt/2024/08/26/do-glamour-ao-drama-porque-esta-blake-lively-a-ser-criticada-nas-redes-sociais/

No entanto, à medida que a estreia do filme se aproximava, os dois homens — que se afirmam como aliados feministas — começaram a ter receio de que as alegações de Lively se tornassem públicas e manchassem a imagem de ambos. Assim, decidiram contratar uma especialista em gestão de crise, Melissa Nathan, que representou também Johnny Depp durante o julgamento contra Amber Heard e os rappers Drake e Travis Scott. No processo, Blake defende que tinham um só objetivo: prejudicar a sua reputação.

O New York Times teve acesso à queixa onde, nas dezenas de mensagens partilhadas entre Melissa Nathan, a publicista de Baldoni e o próprio ator, obtidas através de uma intimação do tribunal, é possível ver como a especialista em gestão de crise organizou uma equipa que iria dominar as redes sociais, criando uma rede de teorias contra Blake com o objetivo de mudar toda a narrativa. “Ele quer sentir que pode enterrá-la”, escreveu a publicista de Baldoni, ao qual Nathan respondeu: “Tu sabes que conseguimos enterrar qualquer pessoa.”

O plano terá passado por pressionar a imprensa, para evitar notícias desfavoráveis a Baldoni e, por outro lado, promover as peças negativas escritas sobre Lively. Jed Wallace, que se autodenomina “assassino contratado”, terá liderado uma estratégia digital que incluía o reforço de publicações nas redes sociais que poderiam ajudar a este plano.

Blake começou assim, gradualmente, a ser “cancelada” nas redes sociais. Durante a campanha do filme, foi criticada pela importância que deu ao guarda-roupa, pela forma leve como promovia o filme — evitando sempre abordar o tema da violência doméstica —, enquanto Baldoni assumia uma postura séria e pró-mulheres, falando constantemente em entrevistas e nas redes sociais sobre as sobreviventes de violência doméstica. “As redes sociais estão mesmo a aumentar a favor dele. Ela deve estar furiosa. Na verdade, é triste, porque mostra que há pessoas que querem mesmo odiar uma mulher”, lê-se numa mensagem de Nathan.

Sabe-se agora que a Sony assinou um plano de promoção do filme que dava instruções ao elenco para se focar não na violência doméstica mas sim numa mensagem motivadora do filme.

https://observador.pt/2024/08/13/de-quantas-maneiras-se-podem-usar-flores-o-guarda-roupa-de-blake-lively-na-promocao-do-seu-novo-filme-desafia-a-imaginacao/

Entre as críticas a Lively está também o facto de a atriz e o marido, Ryan Reynolds, terem supostamente passado por cima do realizador e do produtor e mudado o guião do filme. Numa entrevista, Blake revelou que a icónica cena no terraço, logo no início do filme, foi reescrita pelos dois. Na altura, os internautas começaram a especular que estava a haver uma batalha entre Lively, Reynolds e Baldoni pelo controlo criativo do filme e que existiam duas versões do final de Isto Acaba Aqui. No entanto, segundo a peça do New York Times, Blake terá apenas contratado editores para evitar cenas com as quais não estava confortável — mesmo antes das gravações, a atriz recusou uma cena de sexo que Baldoni queria acrescentar por considerá-la “gratuita”.

A entrevista de 2016 partilhada pela jornalista norueguesa Kjersti Flaa, que inflamou bastante a reputação de Blake Lively, pode também fazer parte deste plano. A 10 de agosto, Kjersti Flaa partilhou um vídeo de uma entrevista feita há oito anos para o filme Cafe Society cujo título é: “A entrevista de Blake Lively que me fez querer desistir do meu trabalho”. Na mesma, a jornalista dá os parabéns a Lively pelo seu “little bump” (“pequena barriga”, em português), visto que a atriz estava grávida do seu primeiro filho, ao que esta responde, de forma menos simpática, “Parabéns pela sua pequena barriga”.

Não é a primeira vez que Kjersti Flaa partilha um vídeo alinhado com um cliente de Nathan. Em 2022, no meio da batalha legal entre Depp e Heard, publicou pequenos vídeos das suas entrevistas com o ator, com a hashtag #JusticeForJohnnyDepp.

Com a chegada de Isto Acaba Aqui à Netflix nos EUA, Justin Baldoni está de volta a entrevistas e à promoção do filme — continuando com a mesma postura que manteve durante o verão, destacando as vítimas de violência doméstica. Ao Access Hollywood disse que “não há desculpas para magoar uma mulher, seja física ou emocionalmente”. “Nós, homens, temos de dar um passo em frente e perceber como conseguimos ser melhores aliados”, citou o New York Times.

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