Os partidos políticos deviam existir para representar os cidadãos e garantir que as suas necessidades estão no centro das decisões. Contudo, já nos vamos habituando a assistir a posturas que mais se assemelham com máquinas de perpetuação no poder.
A título de exemplo, temos a recente queda do Governo Regional da Madeira, resultante do chumbo do orçamento onde, de um lado temos um Governo com uma liderança fragilizada, mas legitimado pelos votos, e do outro, uma oposição que, já só pensa em ir novamente a eleições. As sondagens recentes anteveem uma nova vitória de Albuquerque, pelo que arriscamos a entrar num ciclo vicioso sem solução à vista. Sem diálogo e sem bom senso, não há solução.
Outro exemplo, foi o que aconteceu em 2015, onde apesar de Pedro Passos Coelho ter vencido as eleições legislativas, António Costa preferiu unir-se à extrema-esquerda para garantir o poder. Embora legal, este tipo de manobra evidencia a obsessão dos partidos pelo poder, enfraquecendo a confiança dos cidadãos no sistema democrático.
Este afastamento das pessoas reflete-se nos crescentes níveis de abstenção e mostra que os cidadãos sentem que os partidos pensam sempre primeiro na perpetuação do poder e só depois em quem os elege. Nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 1975, os valores da abstenção rondavam os 8%. Nas legislativas de 2024, já estavam nos 40%.
Mas a abstenção não é a única consequência da ambição desmedida pelo poder dos partidos. Ao longo dos últimos anos temos vivido crises políticas regulares que têm resultado na degradação da qualidade da governação. Todos os anos vivemos na incerteza de ir a eleições novamente porque não há estabilidade.
O futuro de Portugal depende de líderes capazes de trabalhar em conjunto e de dialogar, priorizando sempre as pessoas. A política só tem sentido quando serve a população e quando é orientada pela responsabilidade e pelo compromisso com o bem comum. Quando os partidos se esquecem das pessoas e se focam apenas no poder, é a democracia que perde.