Ainda não foi esta segunda-feira que Carlos Moedas anunciou abertamente que será recandidato à Câmara Municipal de Lisboa, mas o discurso que fez no momento que assinala os três anos de mandato como autarca foi todo um programo política. Depois de uma intervenção em jeito de balanço com muitas críticas à oposição socialista, Moedas deixou uma promessa: “Não vamos ficar por aqui. Vamos continuar a fazer Lisboa. Neste último ainda com mais energia, mais vontade, mais motivação para continuar a fazer, para continuar a resolver, para continuar a entregar”.
Recorde-se que o nome de Carlos Moedas foi envolvido numa possível candidatura à Presidência da República, mas o presidente da Câmara de Lisboa, mesmo sem anunciar formalmente que seria recandidato à capital, deixou claro que está totalmente focado na cidade. “[Belém] é um cenário que eu não equaciono. sou presidente da Câmara de Lisboa. Por escolha dos lisboetas e é para os lisboetas que trabalho todos os dias”, disse o próprio ao Observador.
Num jantar organizado na Estufa Fria, em Lisboa, Moedas voltou a lamentar a atitude dos socialistas na oposição, crítica que tem feito recorrentemente, sugerindo que o PS se deixou contaminar pelo discurso do “ódio” e da “negatividade”, à imagem e semelhança do que fazem os “extremos”. “Os extremos vivem desse ódio. E parte do PS seguiu o discurso da extrema-esquerda. O PS transformou-se num megafone do Bloco de Esquerda”, acusou o social-democrata.
“É a lei do quanto pior melhor. Como vimos ao longo da semana passada. Quanto mais desacatos havia mais os extremos vinham à televisão com acusações mútuas. Porque os extremos vivem dessa dialética do ódio. E hoje fica claro que uma parte do PS se comporta como um deles”, continuou Carlos Moedas.
Antes disso, o autarca já tinha defendido que a coligação que lidera atualmente a Câmara Municipal de Lisboa é a afirmação dos “moderados” contra os radicais de esquerda e de direita. “Nós somos a força da realização e da moderação. Num mundo cada vez mais polarizado, mais dividido entre os extremos, parece que os moderados são um fosso entre dois penhascos. Os moderados não são os fracos que ficam a meio caminho.”
“[Os moderados] são aqueles que compreendem que a virtude é o meio termo entre dois excessos. Os moderados são aqueles que na luta climática constroem os dois maiores túneis de drenagem da Europa para evitar as cheias em Lisboa e que oferecem transportes gratuitos a mais de 100.000 lisboetas. Não aqueles que querem pela força fechar as ruas e destruir o nosso património. Os moderados são os que dizem: ‘Nós precisamos de imigrantes‘. Mas precisamos de os acolher dignamente e ter políticas de imigração.”
No balanço que fez dos seus três anos de mandato, Moedas elencou como a Habitação, a Saúde e as pessoas em situação de sem-abrigo como as três grandes áreas de intervenção. Quanto ao primeiro grande objetivo, o autarca voltou a tentar distinguir a herança que recebeu do legado que diz estar a construir. “Nos últimos 10 anos o PS construiu em média 17 casas por ano em Lisboa. Nós em três anos já entregámos mais de 2.131 casas aos lisboetas. E estamos a ajudar mais de 1.000 famílias pagar a renda todos os meses”, assinalou.
Na Saúde, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa defendeu que o atual executivo conseguiu entregar “neste mandato, cinco Centros de Saúde”, assim como foi capaz de lançar “o maior plano de saúde gratuito para os mais de 65 anos”. “Hoje são 15.000 lisboetas que podem aceder a um médico gratuitamente”, enunciou Carlos Moedas.
“Em relação as pessoas em situação de sem-abrigo lançamos o maior plano municipal de sempre: 70 milhões de euros para os próximos sete anos. Quando chegamos tínhamos 800 vagas para acolher pessoas em situação de sem-abrigo. Hoje, temos 1200 e chegaremos à 2000. Mas mais do que isso fomos resolver um problema que ninguém tinha resolvido. Fomos dar dignidade a 56 pessoas que muitos preferiam que estivessem em tendas ao lado da Igreja dos Anjos e que nós retiramos e demos um teto”, rematou.
https://observador.pt/2024/10/28/carlos-moedas-descarta-corrida-presidencial-e-um-cenario-que-nao-equaciono/