(c) 2023 am|dev

(A) :: Sindicato diz que Governo prepara regime de contratação de médicos que cria desigualdades

Sindicato diz que Governo prepara regime de contratação de médicos que cria desigualdades

Federação Nacional dos Médicos diz que Governo "prepara-se para publicar" o diploma "sem que qualquer alteração" proposta pela estrutura sindical tenha sido aceite.

Agência Lusa
text

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alertou, esta segunda-feira, que o Governo se prepara para alterar o regime de contratação de novos especialistas, criando uma desigualdade de recrutamento entre médicos dos hospitais e dos centros de saúde.

Em causa está, segundo a FNAM, um decreto-lei que prevê que os concursos para os médicos de família e de saúde pública voltem a ser nacionais, mantendo-se a contratação para os médicos hospitalares a cargo de cada uma das Unidades Locais de Saúde (ULS).

A presidente da federação adiantou à Lusa, após a segunda reunião com o Ministério da Saúde sobre essa matéria que decorreu esta segunda-feira, que o Governo “prepara-se para publicar” o diploma “sem que qualquer alteração” proposta pela estrutura sindical tenha sido aceite.

Esta é a segunda vez que o executivo altera o regime de admissão de médicos, depois de em junho ter aprovado um decreto-lei a determinar que os concursos para os novos médicos que terminaram a sua formação de especialidade (internato) passariam a ser da responsabilidade das unidades de saúde, em vez de estarem centralizados a nível nacional.

No início de outubro, a ministra da Saúde reconheceu, no Parlamento, que o último concurso para a contratação de médicos de medicina geral e familiar para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que esteve a cargo das ULS, “não correu bem” e que iria voltar a ser de âmbito nacional.

https://observador.pt/2024/10/02/contratacao-de-medicos-de-familia-vai-voltar-a-estar-centralizada-no-ministerio-concurso-deste-ano-nao-correu-bem-diz-ministra-da-saude/

Para Joana Bordalo e Sá, a solução encontrada pelo ministério vai resultar numa “desigualdade de tratamento” entre os médicos de medicina geral e familiar e os que trabalham nos hospitais.

Isto porque, de acordo com a FNAM, ao manter os concursos nas ULS, os médicos hospitalares vão continuar a contar com “longos períodos de espera” para a sua colocação e a desempenhar funções de especialistas, mas com a remuneração de interno.

Os médicos hospitalares “vão ser colocados de forma super atrasada, o que está a causar desmotivação”, alertou a presidente da estrutura sindical, ao apontar o exemplo de especialistas que terminaram a sua especialidade em março e que, no âmbito do anterior concurso, ainda não estão colocados.

A FNAM contesta ainda que a seriação dos médicos de medicina geral e familiar e de saúde pública passe a ser feita através da média aritmética ponderada de 40% da classificação obtida no curso de medicina e 60% da avaliação final do internato. Até agora, apenas contava a nota final do internato.

Esta alteração é “inaceitável, porque a nota de curso já serviu para serem colocados como internos de formação geral e já cumpriu o seu propósito. Os médicos que estão no internato estavam a contar com umas regras e vão lhes sair outras”, alegou Joana Bordalo e Sá.

“O correto era voltar ao modelo anterior da colocação nacional e só com a nota do internato para todos os médicos e, depois em sede de mesa negocial, fazer um diploma para a colocação dos médicos”, defendeu ainda a presidente da FNAM.