O que é e para que serve o autocuidado emocional? Seis respostas sobre uma das melhores formas de prevenir problemas de saúde mental
Cuidar das próprias emoções é uma das melhores formas de zelar pela saúde mental. Este "autocuidado" é muitas vezes desvalorizado, mas é essencial para prevenir eventuais problemas graves no futuro.
1 O que é o autocuidado emocional?
O autocuidado é conjunto de escolhas que fazemos e de comportamentos que temos com o objetivo de cuidarmos da nossa saúde e bem-estar. Assim, o autocuidado emocional, refere-se especificamente às escolhas e comportamentos que contribuem para nos sentirmos bem psicológica e emocionalmente, cuidando da saúde mental.
Por exemplo: da mesma forma que lavar os dentes diariamente é um gesto de autocuidado que contribui para uma boa saúde oral, reservar um momento todos os dias para fazer alguma coisa de que se goste contribui para uma boa saúde mental.
2 Qual é a importância do autocuidado emocional para ajudar a cuidar da saúde mental?
“O autocuidado emocional permite desenvolver competências de autoconhecimento emocional que contribuem para a melhoria da autoestima, autoconfiança e autovalorização”, diz a psicóloga Susana Luz. E isso tem resultados na forma prática como cada pessoa lida com os desafios do dia a dia.
“O cuidado emocional é um direito e um dever, melhora a saúde psicológica e física, aumenta a energia, motivação, resiliência, produtividade e felicidade”, diz a psicóloga.
3 E quando se tem uma perturbação mental?
O autocuidado em geral e o autocuidado emocional em particular estão associados à melhoria da saúde mental, quer haja ou não uma perturbação psicológica associada.
Praticar exercício físico, evitar a solidão e ter uma boa higiene do sono têm efeitos claros na melhoria de situações como a depressão e a ansiedade. A Cochrane, uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido que produz conteúdos de alta qualidade sobre cuidados de saúde, refere que estratégias de autocuidado como exercícios de relaxamento, meditação e biblioterapia, são eficazes a promover melhorias nestas duas condições.
“O autocuidado emocional na perturbação depressiva ou perturbação da ansiedade contribui para o desenvolvimento de recursos internos que ajudam a minorar o sofrimento psicológico”, diz também Susana Luz.
4 Como podemos praticar o autocuidado emocional?
Diferentes pessoas — ou a mesma pessoa em diferentes fases da vida — pode ter necessidades de autocuidado diferentes. A psicóloga clínica Susana Luz indica algumas estratégias gerais que são benéficas para toda a gente:
- Estabelecer prioridades e criar uma rotina funcional entre as várias dimensões e contextos de vida importantes;
- Criar uma lista de atividades estimulantes e que dão prazer e reservar tempo para as realizar. Além de promover sentimentos de bem estar e felicidade, isso ajuda a regular os níveis de stress;
- Identificar e expressar os pensamentos e emoções que sentir, refletindo sobre o impacto que têm no comportamento;
- Criar uma rotina de sono: dormir bem é reparador e ajuda a processar as emoções e vivências do dia a dia;
- Envolver-se em relações positivas com familiares/amigos/colegas que a/o estimulem, respeitem e valorizem;
- Praticar a gratidão e a compaixão consigo mesmo e com os outros;
- Estabelecer limites/fronteiras saudáveis na relação com os outros — por exemplo, saber dizer “não”;
- Praticar exercícios de respiração e relaxamento focando-se no “aqui e agora”. Isso fortalece o autocontrolo e regulação emocional.
5 Quais são as grandes barreiras a um bom autocuidado emocional?
A psicóloga Susana Luz diz que há duas barreiras que muito frequentemente encontra em consulta:
- Uma gestão do tempo desequilibrada. “Não raras vezes o autocuidado emocional está num plano secundário ou inexistente, não é prioritário e fica refém da possibilidade de tempo extra, que na maioria das vezes não se concretiza.”
- Os sentimentos de culpa e a sensação de de estar a ser egoísta. “Muito frequentemente manifestados por pais ou cuidadores. Cuidar do outro não deve significar negligenciar-se a si mesmo.”
6 E como podemos descobrir estratégias mais ajustadas a cada um?
Essa escolha, explica Susana Luz, depende das necessidades e motivações individuais. “Por exemplo, alguém que procure reduzir os níveis de ansiedade, poderá optar por dar prioridade a atividades que contemplem técnicas de respiração e relaxamento.” Por outro lado, “alguém cuja motivação é aumentar o contacto social, pode envolver-se em atividades sociais e de grupo, por exemplo dança, grupos de leitura, ações de formação presencial, tornar-se mais proativo na vida social, desportos de grupo, etc.”
A psicóloga refere que há algumas perguntas que cada um pode fazer a si próprio para tentar escolher que estratégias de autocuidado melhor se adequam às suas necessidades e motivações:
- “Como me sinto?”
- “O que me faria sentir melhor?”
- “Como me vejo nas várias dimensões e contextos da minha vida? Gostaria de mudar alguma coisa? O quê? Como?”