Filho de mãe cubana, que deixou o país natal na década de 1960 para escapar ao comunismo, e de pai norte-americano, Robby Starbuck nasceu nos EUA e começou a carreira em Hollywood. Realizou e produziu videoclipes para artistas como Snoop Dog, Akon ou Smashing Pumpkins; ou para músicas que fazem parte da banda sonora de filmes como Exterminador: Genisys ou Transformers: O Último Cavaleiro.
Em 2015 declarou apoio a Donald Trump na corrida à presidência dos EUA e três anos depois deixou Hollywood e mudou-se para o Tennessee. Foi a partir dessa altura que Starbuck começou a ser mais ativo politicamente. Em 2022, tentou concorrer às eleições para a Câmara dos Representantes. Mas perdeu as primárias do Partido Republicano. Durante a pandemia de Covid-19, mostrou-se contra a utilização de máscaras e a vacinação. Mais recentemente, de acordo com o The Wall Street Journal, começou a defender uma lei que permitiria que a pena de morte fosse aplicada a pessoas condenadas por abuso sexual de menores.
Este verão, Robby Starbuck emergiu como uma das vozes críticas das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) das empresas norte-americanas. O republicano, que diz estar por estes dias demasiado ocupado a “expor” firmas para falar com o Observador, quer que os negócios adotem uma posição “neutra” e não tomem partido em questões sociais. “É uma questão de responsabilidade corporativa para as empresas que dependem dos consumidores conservadores”, defende.
A pressão exercida por ativistas como Robby Starbuck ressurgiu numa altura em que os EUA se preparam para as eleições presidenciais de 5 de novembro. Dominique Hollins, fundadora da consultora WĒ360, especializada nestas políticas, defende que a corrida à Casa Branca é o principal fator de pressão contra a DEI, mas lembra que esta é apenas a “versão de 2024 da resistência”. “Tivemos uma versão dos anos 1960, tivemos uma versão dos anos 1970, tivemos uma em 2020 e agora temos outra”, argumenta, recordando que os críticos têm aparecido ao longo das décadas.
Diversidade, equidade e inclusão. Que política é esta?
Diversidade, equidade e inclusão. São três palavras que empresas e instituições, como universidades, utilizam para classificar os esforços que fazem para garantir a integração de pessoas de diferentes contextos e culturas. É uma política que pode incluir, entre outras áreas, análises internas à disparidade salarial entre homens e mulheres e entre raças. No fundo, argumenta Dominique Hollins, são iniciativas adotadas para “garantir que todos têm acesso à liberdade, à vida e à procura pela felicidade, tal como consta na Constituição dos EUA”.
As origens das políticas de diversidade, equidade e inclusão são antigas e remontam ao Movimento dos Direitos Civis, que defendia a abolição da discriminação e segregação racial nos EUA e que teve um papel importante na criação de locais de trabalho mais diversificados e inclusivos. A Lei dos Direitos Civis, de 1964, proibiu a discriminação no emprego com base na raça, religião, sexo ou etnia, bem como a segregação de sítios públicos, como escolas e bibliotecas.
Muitos anos mais tarde, em 2020, a DEI ganhou um novo fôlego após uma onda de protestos, contra o que era referido como os desequilíbrios de poder nas hierarquias empresariais e em prol da justiça racial, que foi desencadeada pelo assassinato de George Floyd às mãos da polícia norte-americana. Só nesse ano, segundo um estudo da McKinsey, as empresas gastaram cerca de 7,5 mil milhões de dólares em iniciativas relacionadas com a diversidade, equidade e inclusão — um valor que estimava que aumentasse para 15,4 mil milhões de dólares até 2026. O Observador questionou a consultora para perceber se a estimativa se mantém, mas esta fez saber que não tem “informação adicional ou atualizada” a partilhar.
Em 2020, as vozes críticas faziam-se ouvir, tal como tinha acontecido nas décadas anteriores. “Os críticos sempre estiveram presentes”, afirma Dominique Hollins, defendendo que a morte de George Floyd “reacendeu este movimento [de defesa da DEI], mas também reacendeu a sua resistência”. Um dos argumentos mais comuns entre os críticos é que a DEI, ao tentar acabar com a discriminação racial, inferioriza outros grupos, particularmente os norte-americanos brancos.
Conservadores como Robby Starbuck ou Elon Musk atacam nas redes sociais os programas adotados pelas empresas. O dono da rede social X defende que o “a DEI deve morrer” e afirma que “diversidade, equidade e inclusão são palavras de propaganda para o racismo, o sexismo e outros -ismos”. “Isto é tão moralmente errado como qualquer outro racismo e sexismo. Mudar a classe-alvo não o torna correto”, acrescenta o empresário.
https://twitter.com/elonmusk/status/1735568882499211557?lang=en
A pressão de Robby Starbuck e as empresas que começaram a recuar
Foi durante os primeiros dias de junho que Robby Starbuck, de 35 anos, começou a criticar publicamente os programas de diversidade, equidade e inclusão das empresas norte-americanas. As publicações nas redes sociais feitas pelo ativista são amplamente partilhadas e colocam os negócios sob pressão. A Tractor Supply, que vende rações para animais e produtos para agricultura, relvados e jardins, foi o primeiro alvo escolhido pelo conservador.
De acordo com o The Wall Street Journal, poucas horas após Starbuck ter dito que as “prioridades woke“, como “eventos LGBTQIA+ no trabalho” ou “financiamento de eventos pride“, da Tractor Supply não estavam em linha com a sua “base de clientes”, os líderes da retalhista começaram a debater como é que conseguiriam reprimir o rápido aumento das críticas de que estavam a ser alvo.
https://twitter.com/robbystarbuck/status/1798773494127411262
Contudo, ao contrário do que os responsáveis esperavam, a primeira publicação, que termina com um apelo de Starbuck aos seus mais de 600 mil seguidores para que comecem a “comprar o que puderem noutros locais até que a Tractor Supply faça mudanças reais”, não foi a única. E o interesse nas políticas da empresa não diminuiu com o tempo (ao contrário do que acontece com outras publicações virais).
Nas duas semanas seguintes, Robby Starbuck continuou a “expor” o que disse ser a “forma como o CEO da Tractor Supply fez da política woke e da DEI uma ‘prioridade estratégica”. Como consequência, a liderança da retalhista anunciou que iria eliminar as equipas que tinha contratado para trabalhar na área da diversidade, equidade e inclusão. Também terminou com os objetivos de redução de emissões de carbono e com os patrocínios a festas de orgulho LGBTQIA+ e campanhas eleitorais antes das eleições presidenciais. “Ouvimos os clientes a dizer que os desiludimos. Levámos esse feedback a peito”, afirmaram os responsáveis da empresa, em comunicado, salientando também que deixariam de partilhar dados com a Human Rights Campaign, grupo de defesa da comunidade LGBTQIA+.
https://twitter.com/TractorSupply/status/1806417863885902217
Robby Starbuck classificou a decisão da Tractor Supply como uma “vitória enorme” e um “ponto de viragem na luta para acabar com a wokeness no local de trabalho”. Dentro da empresa, as reações não tardaram a chegar. A revista Forbes conta que o gestor de uma loja do estado de Nova Iorque se demitiu após receber uma chamada de uma cliente, homossexual (como ele), a dizer que não faria mais compras na Tractor Supply.
A retalhista não foi a única a afastar-se das políticas DEI por pressão de Starbuck. A Harley-Davidson e a John Deere, duas empresas com uma base de clientes também tipicamente mais conservadora, recuaram nas medidas que estavam a implementar após semanas de insistência por parte de Robby Starbuck. A primeira lamentou a “negatividade nas redes sociais” e informou que, após uma revisão interna das suas políticas, deixou de ter “quotas de contratação” e objetivos de gastos com fornecedores diversificados e terminou a sua ligação à Human Rights Campaign. Já a segunda, uma das maiores vendedoras mundiais de equipamentos agrícolas disse, segundo o The Wall Street Journal, que nunca teve quotas de diversidade e que deixaria de participar ou apoiar “desfiles, festivais ou eventos de sensibilização social ou cultural”.
https://twitter.com/harleydavidson/status/1825564138032234994
Ainda que sem ter sido publicamente visada por Robby Starbuck, que só se pronunciou mais tarde e para dizer que já estava a investigar as políticas da empresa, também a Ford anunciou alterações. A fabricante automóvel informou os trabalhadores que deixará de utilizar quotas para concessionários e fornecedores pertencentes a minorias e de participar num ranking anual da Human Rights Campaign sobre as melhores empresas para trabalhar em prol da igualdade LGBTQIA+. A empresa disse também que passará a fazer menos comentários sobre questões polarizadoras, mas não deu mais detalhes.
Ainda assim, de acordo com a CNN, o CEO da Ford, Jim Farley, diz que a empresa continua empenhada em criar um “espaço de trabalho inclusivo e construir uma equipa que tire partido de diversas perspetivas, origens e estilos de pensamento”. A decisão de reduzir os programas relacionados com a diversidade, inclusão e equidade foi alvo de críticas por parte da Human Rights Campaign, que se mostrou “desapontada por ver a Ford a fugir à sua responsabilidade para com os seus trabalhadores, consumidores e acionistas”.
Após as mudanças da Ford, Robby Starbuck disse ser o principal responsável por “forçar organizações multimilionárias a mudar as suas políticas sem sequer publicar [sobre elas], apenas por medo de serem a próxima empresa” exposta. “Estamos a ganhar e, uma a uma, vamos trazer a sanidade de volta às empresas americanas”, argumentou numa mensagem partilhada na rede social X em que reiterou que estava a investigar as “políticas woke” da Ford antes de terem sido feitas alterações.
Dominique Hollins, da consultora WĒ360, afirma que existe um “número variado de fatores” que leva as empresas a recuar no compromisso assumido com as políticas de diversidade e inclusão. Desde logo, a pressão “através da propaganda política” com um “movimento da direita” a querer “desacreditar a DEI usando desinformação” para “criar medo e resistência”. Por outro lado, defende, algumas firmas “ignoram” factos “comprovados”, como os dados que mostram que a DEI pode ser “lucrativa”, e optam por “só dar ouvidos a alguns acionistas ou a alguns clientes”.
É preciso muita coragem para implementar a DEI devido à resistência. Os líderes [que estão a recuar] podem não ter essa coragem, podem não ter a informação correta ou podem estar a ser influenciados negativamente e, por isso, assistimos a este retrocesso.”
Desta forma, a especialista, que não tem dúvidas de que a DEI se tornou “um bode expiatório oportuno para algumas pessoas”, acredita que as empresas que estão a recuar nunca estiveram verdadeiramente comprometidas com as iniciativas que tinham em vigor. “É o que chamamos de DEI performativa”, que é quando “se fazem algumas mudanças ‘estéticas’, como celebrar o Mês da História Negra ou o Mês do Orgulho LGBTQIA+”, mas não são feitas alterações para tornar “o sistema mais justo”.
E as tecnológicas? Também já mexem
As políticas de diversidade, inclusão e equidade também já ‘mexem’ nas tecnológicas, mesmo que os esforços levados a cabo por Robby Starbuck não se foquem neste setor. No início de julho começaram a circular rumores de que a Microsoft tinha dissolvido a sua equipa dedicada a essas iniciativas citando “mudanças nas necessidades de negócio”. A notícia foi avançada pelo Business Insider com base num email enviado aos trabalhadores pelo líder da equipa em causa, que criticou a decisão: “O verdadeiro trabalho de mudança do sistema associado aos programas DEI em todo o mundo já não é crítico para as empresas como era em 2020.”
A Microsoft é uma das gigantes tecnológicas que desde 2020 adotou medidas para “ajudar a resolver a injustiça e desigualdade raciais” nos Estados Unidos. Nessa altura, comprometeu-se, através do investimento de 150 milhões de dólares e da duplicação do número de líderes negros e afro-americanos nos EUA até 2025, a aumentar a “representatividade e cultura de inclusão” e em fortalecer as “comunidades”, utilizando a tecnologia para “ajudar a melhorar a vida de cidadãos negros e afro-americanos em todo o país”.
Após as notícias que davam conta de alterações começarem a circular, um porta-voz da Microsoft esclareceu, num email enviado à revista Inc., que somente “duas pessoas” tinham sido afetadas, na equipa de eventos, uma vez que “faziam um trabalho que duplicava o da organização D&I”. “O trabalho da equipa de Talento Global, Desenvolvimento, Diversidade e Inclusão continua e os compromissos permanecem inalterados”, disse. A citação do responsável faz menção ao D&I ao invés de DEI. A empresa já disse que o E, de equidade, nunca fez parte dos seus compromissos oficiais.
A aparente tendência para deixar cair parte dos esforços de diversidade atingiu o Zoom, que eliminou a equipa de DEI numa altura em que se encontrava a fazer demissões mais abrangentes. De acordo com um memorando visto pelo The Washington Post, em fevereiro, Aparna Bawa, diretora de operações, disse aos trabalhadores que essa equipa seria substituída por consultores, que “defenderiam a inclusão” na empresa.
Anteriormente, em 2023, também a Meta e a Google foram alvo de notícias que davam conta da alegada redução de iniciativas e de investimento relacionados com a DEI, além de cortes no pessoal responsável pelo recrutamento de pessoas sub-representadas. Mas as empresas refutaram essas ideias. “O nosso compromisso com a DEI continua no centro de quem somos enquanto empresa”, garantiu um porta-voz da proprietária do Instagram, Facebook e WhatsApp à CNBC.
Já a tecnológica detida pela Alphabet sublinhou que os cortes e os “esforços de toda a empresa para aguçar o foco” abrangem “a amplitude dos negócios”, acrescentando que continua comprometida com comunidades sub-representadas e com “trabalho de DEI”. Ainda assim, e apesar de não confirmar os despedimentos especificamente relacionados com a diversidade, um porta-voz da Google não desmentiu o artigo da CNBC, que escreve que líderes DEI que trabalhavam com Melonie Parker, chief diversity officer, foram despedidos.
Meses depois de o artigo ter sido publicado, Melonie Parker deu uma entrevista em que assegurou que a Google continua comprometida com a política de diversidade, igualdade e equidade e com objetivos como o aumento de 30% dos grupos sub-representados em posições de liderança até 2025. “Estou muito orgulhosa da forma como tenho conseguido fazer crescer o trabalho nesta área, especificamente da forma como aprofundámos o trabalho de DEI após o assassinato de George Floyd”, afirmou a responsável.
A IBM debaixo de fogo e a organização America First Legal
A legislação norte-americana protege os trabalhadores de discriminação com base na raça, religião ou sexo. A organização norte-americana conservadora America First Legal, que tem Stephen Miller, conselheiro que ajudou a supervisionar a política da administração Trump para separar as crianças dos pais na fronteira dos EUA, como um dos seus responsáveis, alega que as políticas DEI violam as leis anti-discriminação.
Os processos judicias da organização variam de acordo com a empresa que enfrentam, segundo a Bloomberg, mas muitos assentam no argumento de que os esforços das empresas para terem uma força de trabalho mais diversa representam uma discriminação contra homens brancos. Numa das ações judiciais mais recentes, que deu entrada num tribunal no Michigan em agosto, a America First Legal representa Randall Dill, um funcionário que acusa a IBM de o ter demitido por ter sistemas de quotas que orientavam as decisões de contratação. Os bónus dos executivos dependiam, em parte, do cumprimento desses objetivos, o que, alegadamente e segundo Dill, os incentivaria a demitir trabalhadores brancos.
O queixoso sofreu danos significativos, incluindo perda de salários, perda de oportunidades de desenvolvimento profissional e de carreira, e danos não económicos significativos, incluindo humilhação, embaraço e perda de reputação”, alegaram os advogados de Randall Dill no processo, que é citado pela agência Reuters.
A IBM disse que as alegações eram “infundadas, uma vez que nem a raça nem o género desempenharam qualquer papel na decisão de pôr termo ao emprego” de Randall Dill. Além disso, afirmou que não utiliza, nem nunca utilizou, quotas de contratação.
Neste momento, a America First Legal tem ações judiciais pendentes contra empresas como a Meta ou a Expedia devido às suas políticas de diversidade, equidade e inclusão. A organização não respondeu às questões enviadas pelo Observador, nomeadamente para explicar com mais detalhe a sua posição quanto à DEI ou revelar as firmas que ainda tem na mira.
As eleições norte-americanas podem fazer a diferença?
Com as eleições presidenciais norte-americanas de novembro a aproximarem-se, a DEI divide os candidatos e pode tornar-se numa questão de peso para os eleitores. Robby Starbuck não esconde de que lado é que está e apoia Donald Trump, que prometeu reverter os programas de “equidade woke” da administração Biden se regressar à Casa Branca.
Nas redes sociais, Robby Starbuck não só partilha publicações de apoio a Trump como também aproveita qualquer oportunidade para atacar Kamala Harris e o Partido Democrata.
Os especialistas não têm dúvidas de que as eleições norte-americanas, que se realizam a 5 de novembro, vão ser determinantes para o debate acerca da diversidade, equidade e inclusão. Jen Stark, codiretora do Centro de Negócios e Justiça Social da consultora BSR, acredita que o resultado das presidenciais vai “fazer subir ou descer o termóstato” na discussão da DEI. Em declarações à ABC News (artigo que entretanto ficou indisponível, mas é possível recuperar através do Internet Archive), a responsável argumenta que uma vitória de Trump pode aumentar a pressão contra as políticas de diversidade, enquanto um triunfo de Kamala Harris pode ter o efeito oposto.
A opinião é seguida por Dominique Hollins que descreve a retórica de Donald Trump como “divisiva” e “alimentada pelo ódio”: “Trump usa ativamente a desinformação para incitar ao ódio, o que é exatamente o oposto do que faz a vice-presidente Kamala Harris, que reconhece a diversidade”. “Se Kamala Harris se tornar Presidente, acredito que haverá um maior foco em todos os americanos e em garantir que todos sejam incluídos, que é a base da DEI. Se Trump se tornar Presidente, não incitará à inclusão, não falará em prol da unidade, de estarmos todos juntos, o que é o oposto do que a DEI faz”, explica.
Em conversa com o Observador, Dominique Hollins diz que as eleições presidenciais são o fator “número um” que atualmente contribui para a pressão contra a DEI e recorda que os críticos têm alegado que Kamala Harris só é candidata porque “é negra e do sudeste asiático”, o que “desacredita o seu extenso currículo, com o qual conquistou a sua posição”.
E Portugal? Já foi contagiado pela pressão norte-americana?
À margem da pressão norte-americana relativamente à DEI aparenta estar, até ao momento, a Europa (e Portugal). Em abril, um estudo da consultora EY para o Financial Times colocava Portugal no terceiro lugar do Índice Europeu de Diversidade, Equidade e Inclusão, apenas atrás da Suíça e de Espanha.
O estudo, que foi feito com base nas respostas de 1.800 pessoas e que comparou o progresso feito em nove países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Itália, França, Países Baixos, Portugal, Espanha e Suíça), mostra, por exemplo, que “os portugueses são os que com maior probabilidade classificam a sua organização como tendo uma elevada diversidade de género (67% em comparação com uma média de 61%)”.
Por sua vez, também a Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão diz não ter visto “um afastamento por parte das organizações empregadoras em relação à DEI”. “Mesmo aquelas que têm a sua sede nos EUA, em Portugal mantêm o trabalho e as iniciativas a decorrer”, acrescenta, em respostas escritas enviadas ao Observador.
Esta organização sem fins lucrativos é a responsável pela Carta Portuguesa para a Diversidade, uma iniciativa da Comissão Europeia que foi criada com o “objetivo de encorajar as entidades empregadoras a implementar e desenvolver políticas e práticas internas de promoção da diversidade”. Desde 31 de março de 2016, mais de 530 entidades assinaram, voluntariamente, o documento e “formalizaram o compromisso com a caminhada rumo a uma sociedade mais inclusiva”.
A Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão não faz nenhuma monitorização às entidades que assinaram a carta, mas trabalha com elas “de forma voluntária e com vista a que atinjam o seu máximo potencial”. “É importante ter organizações comprometidas com o tema e que não sintam uma obrigatoriedade para cumprirem objetivos, uma vez que nem todas avançam à mesma velocidade, nem têm os mesmos recursos para implementar uma estratégia de DEI.”
Entre as empresas signatárias da carta está, por exemplo, a EDP, que no seu site indica que incorpora as políticas de DEI nos seus valores: “Para atingirmos todos os nossos objetivos pretendemos atrair, desenvolver e reter diferentes perfis, indo além da legislação, e assumindo a diversidade como um fator diferenciador que potencia a inovação, a performance em equipa e a motivação (engagement) das nossas pessoas, fatores fundamentais para a nossa organização.”